A alta na demanda global e a baixa na oferta da indústria de módulos fotovoltaicos devem impactar os preços destes produtos, projetando uma alta de 10 a 15% nas próximas semanas.
O crescimento na demanda tem sido impulsionado pelos mercados chinês e europeu, considerados os principais compradores do setor fotovoltaico. Após a retração provocada pela pandemia da Covid-19, a Europa está recobrando as atividades de forma gradual. Os projetos fotovoltaicos estão sendo retomados e os pedidos de compra de módulos voltaram a ser colocados.
Já o mercado chinês foi aquecido devido à alta na demanda da solução solar após o governo anunciar a eliminação dos FITs (Feed-In-Tariff), um dos principais estímulos para a energia fotovoltaica, a partir de 2021.
A medida provocou uma corrida interna no país para conseguir o benefício ainda esse ano. A estimativa é que haja um aumento de 30 a 40 GW em projetos fotovoltaicos até o final de 2020.
Já com relação à queda da oferta, os principais fatores são as explosões na fábrica da GCL-Poly e o incêndio em duas caldeiras na fábrica Daqo, ambas localizadas em Xinjiang, na China.
Juntas, as duas produzem 155 mil MT (toneladas métricas) de polissilício (matéria prima para a célula fotovoltaica) por ano, o que corresponde cerca de 30% da produção total da China.
A previsão para a retomada da produção é de 60 a 90 dias. Este intervalo na produção deve prejudicar a entrega do material e contribuir para o aumento do preço dos módulos.
Outras fabricantes da matéria-prima, como a Tongue e East Hope Facilities, estão operando com 60% da capacidade após o governo chinês orientar inspeções em suas linhas de produção mais antigas, após os acidentes registrados na GLC e Daqo.
A escassez do polissilício deve impactar a produção de células poli e monocristalinas, impactando também seu preço no mercado.
Além disso, essa mesma província de Xinjiang, onde ficam as fábricas que produzem o material policristalino, está sendo considerada o novo foco da Covid-19 – com mais de 500 casos descobertos desde a metade de julho – causando problemas no transporte entre Xinjiang e os principais centros de produção de módulos fotovoltaicos.