Fernando Schulman, fundador da OBH Energy, encontrou na confiança o elo entre dois universos distintos: o mercado de moedas raras e o setor de energia solar.
Nascido na Holanda, em uma família de comerciantes e filho de um numismata – especialista ou colecionador de moedas -, Schulman cresceu entre leilões de moedas antigas e trabalhos manuais.
Ainda criança, encontrou no empreendedorismo uma forma de garantir seus próprios desejos, começando aos 11 anos como entregador de jornais e revistas e, logo depois, consertando e revendendo computadores e bicicletas.
Antes mesmo da vida adulta, Schulman já carregava valores e aprendizados que moldaram sua trajetória empreendedora. Com vivências marcantes ainda na adolescência, ele começou a construir sua relação com o trabalho, o dinheiro e os princípios que levaria para a vida inteira.
“Com 16 anos, já tinha uma boa noção de como ganhar e gerir dinheiro. Aprendi desde cedo que, para conquistar algo, era preciso esforço, responsabilidade e honestidade. Aprendi na prática o que significa assumir responsabilidade, manter a palavra, cuidar do que é seu e valorizar o que se constrói com esforço”, relembra Schulman.
Essa lição atravessou oceanos e décadas. Após se formar em engenharia de automóveis, ele decidiu migrar para o Brasil em 1995. Atuou por mais de 20 anos nas áreas de logística, comércio exterior e operações internacionais, acumulando experiência técnica, visão estratégica e um repertório linguístico admirável em diversos idiomas, ferramentas que seriam fundamentais para o passo seguinte de sua carreira.
Em 2016, ao ser convidado para desenvolver um estudo de viabilidade de uma usina solar em Minas Gerais, se viu diante de uma virada. Mas, embora o projeto não tenha saído do papel, a pesquisa deixou claro o potencial inexplorado da energia solar no Brasil.
“Na época, a fonte representava menos de 1% da matriz elétrica nacional. Hoje, ultrapassamos 22%. Olhávamos para a Europa e víamos os sinais: carros elétricos crescendo, estações de recarga se espalhando, projetos agrovoltaicos na Alemanha com painéis solares a cinco metros de altura permitindo plantio embaixo, telhados solares sendo quase padrão em casas e empresas. O Brasil ainda engatinhava, mas o potencial era evidente do campo à cidade, da indústria ao comércio”, disse.
Ao lado de um amigo, fundou a OBH Energy com a missão de oferecer soluções energéticas sob medida, sempre com base em engenharia de verdade. Ao invés de kits prontos, a empresa desenvolve projetos personalizados, que consideram variáveis como perfil de consumo, estrutura disponível, regulamentação local e retorno financeiro.
A reputação da empresa se construiu sobre pilares sólidos: atendimento próximo, transparência na comunicação, tecnologia de ponta e métricas de desempenho rigorosas. O diferencial está não apenas na qualidade da instalação, mas na capacidade de entregar o que foi prometido.
Confiança, ética e visão global
O rigor técnico e a preocupação com a experiência do cliente vêm de muito antes da OBH. Durante a juventude, Fernando trabalhou em leilões internacionais de moedas raras, uma atividade onde a ética é tudo.
“Meu pai recebia coleções inteiras sem contrato, sem garantia formal, apenas com um aperto de mão. Aquilo me ensinou o verdadeiro valor da confiança e da ética. No nosso meio, basta um deslize para sua palavra deixar de valer.”
A experiência internacional também proporcionou uma sólida base para lidar com negociações globais, tornando natural a interlocução direta com fabricantes e fornecedores internacionais de tecnologia solar. Esse repertório facilitou a construção de parcerias estratégicas e o intercâmbio técnico com empresas de diferentes países.
No mercado de energia solar, a confiança é um ativo tão valioso quanto a tecnologia. Para Schulman, essa credibilidade é construída diariamente, não só no relacionamento com arquitetos e construtores, mas também na forma como cada projeto é estruturado tecnicamente.
Sua empresa adota um processo criterioso na elaboração de propostas, que vai desde sistemas residenciais até soluções mais complexas para empresas e propriedades rurais.
O diferencial está na personalização e no rigor técnico. Cada cliente recebe um projeto desenhado a partir de dados reais: consumo energético, características do imóvel, espaço disponível, normas da concessionária local e metas de retorno financeiro.
Assim, a abordagem garante clareza e segurança para quem investe. E é justamente essa combinação de engenharia aplicada, atendimento transparente e foco em resultado que consolidou a OBH como referência em projetos solares sob medida.
Na prática, o que diferencia a OBH é a forma como os projetos são elaborados. Antes mesmo de apresentar uma proposta, a empresa realiza um diagnóstico completo do perfil de consumo e das condições do local.
Isso inclui, análise das faturas de energia, sazonalidade, horários de pico, tipo de tarifa, tensão da rede, espaço físico disponível e até mesmo a viabilidade de uso de baterias, quando necessário.
“Não entregamos simulações genéricas. O que fazemos é um business case de verdade, com base técnica sólida, alinhado à realidade do cliente”, afirmou Schulman.
A proposta final entregue ao cliente inclui projeção de geração mensal e anual por até 25 anos, análise de retorno sobre o investimento, payback estimado em diferentes cenários (compra ou financiamento), comparação do custo do kWh ao longo da vida útil e até avaliação de risco diante de possíveis mudanças de tarifa, sede ou expansão de carga.
A OBH também apresenta, quando aplicável, indicadores de impacto ambiental, como redução de emissões de CO₂ e geração de créditos ESG. Além disso, o cliente recebe explicações detalhadas sobre como funciona o sistema de compensação de energia no Brasil, as mudanças trazidas pela Lei 14.300 e quais encargos ainda permanecem após a instalação.
“Nosso objetivo é que o cliente saiba exatamente o que está contratando. Nada de prometer economia mágica. O que vendemos é resultado técnico com compromisso financeiro”, reforça.
A atenção ao detalhe técnico e ao atendimento consultivo é o que tem garantido à OBH Energy uma base sólida de clientes fiéis e uma reputação cada vez mais forte no setor. “Como costumo dizer: a gente entrega o sonho e não o pesadelo”, conclui Schulman.
Da energia solar à transição energética
Diante da rápida evolução do setor, Schulman aposta em um futuro energético híbrido, inteligente e descentralizado. A OBH Energy já investe em sistemas com baterias e soluções móveis, como cápsulas energéticas portáteis, voltadas para áreas remotas, situações de emergência e operações críticas.
Com olhar atento às transformações tecnológicas que moldam o futuro da energia, Schulman mantém uma postura ativa de pesquisa e atualização constante. Para ele, não basta acompanhar o mercado, é preciso antecipar os próximos passos e buscar soluções que façam sentido técnico e econômico para os clientes.
Ele também acompanha de perto tendências como baterias de lítio mais modernas, baterias de estado sólido, soluções térmicas que transformam energia elétrica em calor e, depois, em energia elétrica novamente.
Mesmo diante de um cenário regulatório desafiador, Fernando acredita que quem trabalha com seriedade e busca atualização constante sempre encontrará espaço.
“Não dá mais para se limitar à instalação básica de módulos solares. É necessário estudar, buscar novas soluções, entender o que vem pela frente e oferecer um pacote completo de valor ao cliente”.
E para ele, tudo se resume no fim das contas, a um valor apreendido ainda na infância: “Entregue o que promete. Faça bem feito. E, se errar, corrija. É assim que se constrói um negócio sólido, no setor solar ou em qualquer outro.”
Baterias ganham protagonismo em casas conectadas
Com uma visão clara sobre o futuro da energia, o, fundador da companhia, aposta no potencial crescente dos sistemas híbridos, inteligentes e descentralizados para transformar o setor no Brasil.
A corporação já investe em soluções inovadoras, projetadas para atender áreas remotas, emergências e operações críticas, sinalizando uma antecipação às necessidades técnicas e econômicas dos clientes.
Para Schulman, que carrega consigo valores firmados desde a infância, como a importância de cumprir promessas e corrigir erros, o desafio atual vai além da simples instalação de painéis solares.
Ele ressalta a necessidade de oferecer um pacote completo de valor, incluindo estudos detalhados, atualização tecnológica constante e soluções personalizadas que considerem o cenário regulatório complexo do país.
Nesse contexto, o avanço das baterias emerge como um dos alicerces fundamentais da transição energética. Consumidores urbanos, especialmente em grandes centros como São Paulo, buscam cada vez mais autonomia para proteger suas residências e negócios contra oscilações e apagões frequentes.
“O custo de estocar energia está crescendo, e as baterias ajudam o consumidor a se proteger, inclusive do pagamento de impostos como o ICMS”, destacou Schulman.
Entretanto, ele alerta para a importância do dimensionamento correto dos sistemas de armazenamento, evitando investimentos desnecessários em capacidades que não serão plenamente utilizadas.
Casos do cotidiano, como o de uma construtora que inicialmente limitou o orçamento para R$ 30 mil, mas depois optou por um sistema com baterias para garantir 24 horas de autonomia em uma casa, exemplificam a evolução do consumidor que se torna protagonista da geração própria de energia.
“O cliente começou reticente, mas no final enviou uma lista enorme dos equipamentos que queria manter ligados em caso de queda de energia”, conta.
Segundo Schulman, as empresas precisam oferecer serviços de manutenção recorrente e acompanhamento técnico, garantindo o bom funcionamento dos sistemas no longo prazo.“Vender uma vez não basta. É preciso estar presente, com operação, manutenção e suporte constante”, afirmou durante o Podcast Papo Solar no episódio #123.
Com a queda nos preços das tecnologias e a crescente conscientização sobre segurança e sustentabilidade, o mercado de baterias deve continuar crescendo. Para ele, o esforço vale a pena, especialmente quando o cliente é colocado no centro da transformação energética, provando que o futuro da energia no Brasil será construído com inovação, ética e dedicação.
Esse episódio evidencia uma mudança de comportamento: o consumidor está se tornando protagonista da própria geração e gestão de energia. Com isso, surge também a demanda por novos modelos de negócio.
A tendência é que o mercado de baterias continue a crescer, impulsionado por inovações tecnológicas, queda nos preços e maior conscientização sobre segurança e sustentabilidade energética.
“Estamos no berço das novidades”, conclui Fernando, que, mesmo sendo chamado durante a noite de um domingo para resolver um problema em um sistema, acredita que o esforço vale a pena quando se coloca o cliente no centro da transição energética.
Parcerias que impulsionam o crescimento
Durante a pandemia, enquanto o setor da construção civil tentava se reinventar, Fernando encontrou um caminho concreto para crescer em meio a parcerias estratégicas, presença contínua e um serviço técnico de qualidade.
Hoje, ele se tornou referência entre arquitetos e construtoras, somando uma rede de mais de 2,5 mil profissionais e sendo indicado em grupos fechados como o nome certo quando o assunto é geração solar.
Tudo começou de forma simples, com um pedido vindo de um amigo arquiteto, que estava passando mais tempo em casa e enfrentando contas de luz altas. A instalação do sistema foi bem-sucedida, e o resultado despertou o interesse de outros profissionais do setor.
Entre eles, o arquiteto Bobby Krell, filho da renomada designer Olga Krell, que enxergou na energia solar uma oportunidade de agregar valor aos projetos de arquitetura.
“O que falta para nós, arquitetos, é alguém que realmente entenda de energia solar. Sabemos que é necessário, mas poucos dominam os detalhes técnicos”, explicou Bobby, ao sugerir que Fernando se aproximasse da comunidade de profissionais da área.
A partir desse contato, Fernando passou a construir uma rede orgânica de indicações e colaborações. Participou de eventos virtuais durante a pandemia, como o Diário de Arquitetos, e foi convidado a palestrar na Casa Cor, em São Paulo, sempre com o mesmo foco: traduzir a linguagem técnica da energia solar para o universo da construção civil.
Segundo Schulman, o segredo do crescimento não está em ações pontuais, mas na constância e na excelência dos projetos entregues.
“Você instala um sistema hoje, mas o cliente só volta a falar com você daqui a cinco ou dez anos, quando quiser ampliar, comprar uma bateria ou instalar um carregador de carro. É por isso que você precisa estar na memória dele e dos parceiros dele também”, conta.
Ele destaca ainda que o trabalho bem feito gera naturalmente novas oportunidades. Em grupos de comunidades com arquitetos, por exemplo, seu nome é citado espontaneamente sempre que surge uma dúvida sobre energia solar.
“É assim que meu telefone toca. Alguém comenta no grupo, passa meu contato, e meia hora depois recebo mensagem de alguém novo pedindo orçamento”, revelou o empreendedor.
Com o tempo, essa reputação cresceu a ponto de atrair olhares internacionais. Representantes de empresas como Huawei e EcoFlow já visitaram o escritório de Fernando em busca de conhecer as instalações realizadas por sua equipe.
“Eles vêm da China para ver de perto como executamos os projetos. Isso é fruto de um trabalho contínuo desde 2018”, afirma. Apesar do crescimento, Fernando reforça que não se trata de um sucesso instantâneo.
“Fazer milhões em projetos não acontece em um dia ou com um único contrato. São muitos pequenos projetos bem executados, com dedicação, relacionamento e confiança”, explicou.
Hoje, ele não investe em anúncios na internet. Sua propaganda é o boca a boca, o reconhecimento de quem viu o resultado e indica sem hesitar. “Você tem que construir conexões. E quando o arquiteto, o engenheiro ou o cliente final lembram de você como uma referência, aí sim você se torna protagonista da energia que transforma casas e negócios”, concluiu.
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