O surto de coronavírus e a alta do dólar ameaçam esfriar o setor de energia solar, devido à redução na produção de insumos e o aumento no câmbio da moeda americana e do euro, que impacta diretamente nas importações.
Aldo Pereira Teixeira, presidente da Aldo Solar, destacou que o momento exige extrema atenção dos profissionais do setor e que a distribuidora está atenta a toda movimentação.
“O câmbio é apenas um dos elementos na composição estratégica dos preços. Outros pontos também devem ser levados em consideração como custos de importação, impostos, logística, entre outros. Em 38 anos de mercado, vimos panoramas bastante diferentes e aprendemos com eles. Buscamos todos os dias nos antecipar aos cenários globais em constante transformação, preparados para atuar rapidamente, mesmo em momentos de incerteza como este”, ressaltou Aldo.
Quem também está atento e acompanhando a movimentação da economia é o Country Manager da SMA, Pedro Paulo Alves. “A escalada do euro e do dólar representa uma séria ameaça no desenvolvimento de negócios no setor fotovoltaico brasileiro.
Apesar de haver medidas de proteção contra a volatilidade cambial, essas ainda são caras no Brasil e isso oferece uma dificuldade adicional que exige muita criatividade, paciência e principalmente um longo prazo para que os negócios sigam e que os empresários do setor consigam passar por essa dificuldade”, comentou Alves.
Para Fronius, que tem a produção na Áustria, a volatilidade da moeda americana não teve impacto significativo. “Temos alguns componentes que são importados da Ásia, mas nosso centro de produção é todo na Áustria, então estamos com a situação sobre controle. Com o desabastecimento no mercado, principalmente dos produtos que provêm da China, sentimos uma demanda pelos produtos da Fronius porque ainda temos disponibilidade. É óbvio que não vai durar muito tempo porque o mercado está acelerado e também há esse desabastecimento, tanto de painel como inversor que provêm da China”, comentou Alexandre Borin, gerente comercial da Fronius.
Com respeito a alta do euro a situação é um pouco mais preocupante, segundo Borin. “A Fronius do Brasil importa os inversores da Fronius international e comercializa no Brasil já em moeda local, então já estamos sofrendo o impacto em todos os embarques que estamos desembaraçando.
Como temos estoque local, quando o câmbio estava um pouco mais favorável, não vamos repassar nenhum aumento. Mas, se esta situação se perdurar por mais algumas semanas, com a alta do câmbio do euro, teremos que repassar o aumento para os clientes aqui no Brasil. Porém, ainda não fizemos uma análise de custos do nosso produto para repassarmos. Vamos aguardar algumas semanas para ver se o câmbio estabiliza”, esclareceu Borin.
O empresário Raphael Brito, fundador no Grupo Solarprime Franquias, também está atento a movimentação do câmbio da moeda americana e do euro. “A princípio, a alta do dólar gera um receio nos investidores, principalmente porque a maioria dos componentes de um gerador fotovoltaico são importados.
Mas, em contrapartida, outros produtos e serviços consequentemente também aumentam, como a conta de energia elétrica, impactando no custo fixo do consumidor, não impactando em nada na viabilidade do investimento em um sistema fotovoltaico que permanece altíssima. Não acredito que o setor sofrerá um impacto significativo. O brasileiro está mudando a sua cultura no tocante ao consumo de energia, se tornando cada vez mais livre através da energia solar”, afirmou com otimismo Brito.