Atualizado dia 15 de outubro de 2025
O DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) é essencial para proteger seu sistema fotovoltaico contra descargas atmosféricas e sobretensões. Mas você sabe quando é necessário substituí-lo?
Neste artigo, explicamos como identificar os sinais de desgaste, as recomendações normativas e como garantir que seu sistema continue operando com segurança máxima.
Em discussões técnicas sobre normas e boas práticas para uso de string box em sistemas fotovoltaicos, um dos pontos centrais é a importância do DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) nas instalações. Especialistas frequentemente destacam que o uso da string box externa oferece vantagens significativas, principalmente no que diz respeito à manutenção do DPS.
Um dos pontos abordados nesses debates técnicos é que, embora a presença do DPS interno no inversor fotovoltaico seja benéfica, a adoção de um DPS externo — devidamente coordenado com o interno — proporciona uma camada adicional de segurança para o sistema.
Além disso, é sempre reforçada a necessidade de manutenção e eventual substituição do DPS ao fim de sua vida útil. Uma dúvida recorrente entre profissionais da área é: como identificar o momento certo de substituir o DPS? Essa é uma questão fundamental para garantir a proteção contínua dos equipamentos e a segurança das instalações fotovoltaicas.
Quais são os tipos de DPS?
Antes de saber como identificar o momento certo de substituir o DPS, vamos relembrar que existem três tipos ou classes de protetores de surto que podemos empregar nas instalações fotovoltaicas e elétricas em geral: I, II e III. Os protetores de surto são classificados de acordo com os métodos de ensaio de desempenho, conforme a norma NBR IEC 61643-1 – Dispositivos de proteção contra surtos em baixa tensão.
Os dispositivos de classe I são recomendados para locais de alta exposição a surtos eletromagnéticos diretos, como linhas de entrada de locais protegidos por SPDA (Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas).
Os dispositivos de classes II e III são adequados para impulsos de menor duração e são recomendados para locais com menor exposição, normalmente no interior de instalações ou locais que vão receber indiretamente os efeitos das descargas atmosféricas.
Os protetores de surto de classe I são normalmente do tipo “comutador de tensão”, conforme definição da NBR IEC 61643-1. Esses dispositivos apresentam alta impedância (circuito aberto) quando nenhum surto está presente e são comutados rapidamente para o estado de baixa impedância (circuito fechado) em resposta a um surto.
Nesta categoria, enquadram-se os protetores baseados em centelhadores e outros dispositivos de comutação “curto-circuitantes”, que têm um comportamento do tipo aberto ou fechado. Os protetores de classes II e III são do tipo “limitador de tensão”, também conforme a terminologia encontrada na norma.
Esses dispositivos apresentam alta impedância (circuito aberto) quando nenhum surto está presente, mas reduzem continuamente a impedância com o aumento do surto eletromagnético. Esses dispositivos podem ser baseados em varistores (classe II) ou diodos zener (classe III), que fazem o fechamento gradual do circuito de desvio para a terra conforme a intensidade do surto presente em seus terminais.
O DPS de classes II e III são usados como complementos de proteção em locais já atendidos por um DPS de classe I. Nas instalações em geral, é muito comum o uso somente do DPS de classe II em locais de baixa exposição, com distâncias de no máximo 10 metros do equipamento a ser protegido.
O DPS de classe III é usado sempre próximo ao equipamento a ser protegido. É o que oferece o menor grau de proteção, sendo usado em situações de baixíssima exposição ou em coordenação com dispositivos das demais classes.
Varistor: o elemento atuante do DPS classe II
O DPS classe II é adotado na totalidade dos sistemas fotovoltaicos, tanto na string box CC como no quadro de conexão CA. Ele tem a função de proteger principalmente o inversor, que é um componente caro e sensível do sistema fotovoltaico.
O DPS pode ser também encontrado dentro do próprio inversor – neste caso, pode ser coordenado com um DPS externo, o que aumenta a proteção e torna mais fácil a manutenção, como comentamos no início do artigo.
O elemento atuante do DPS classe II é o varistor, que é um componente eletrônico que apresenta uma impedância variável em função do nível de tensão encontrado em seus terminais. O varistor se apresenta praticamente como um circuito aberto quando a tensão sobre ele é pequena, mas gradualmente converte-se para um circuito fechado conforme a tensão se eleva.
Esse comportamento faz com que ele seja um dispositivo limitador de tensão, capaz de limitar sobretensões e desviar correntes elétricas transitórias presentes nas instalações elétricas.
Quando substituir o DPS?
Agora que sabemos o que há dentro do DPS de classe II, vamos responder à pergunta inicial do artigo: como saber se o DPS precisa ser substituído?
É difícil saber quando e como o DPS vai atuar e com que velocidade ele vai se desgastar, pois isso depende da frequência e da intensidade dos surtos causados por descargas atmosféricas ou outras causas (como manobras da rede de distribuição de energia elétrica) no local onde o dispositivo é empregado.
Após sucessivas atuações o varistor vai se desgastando e precisa ser reposto, quando sua impedância e sua capacidade de limitação de tensão já são reduzidas. Um DPS à base de varistor pode conduzir entre 10 e 20 vezes sua corrente nominal e uma ou duas vezes sua corrente máxima.
Nos protetores comerciais o varistor é localizado em um módulo removível, que pode ser substituído, como mostra a figura abaixo. Uma janela de sinalização de estado indica a situação do dispositivo.
Um sinal verde significa que o dispositivo ainda se encontra dentro da validade, ao passo que uma sinalização vermelha indica que o DPS já não oferece qualquer proteção e precisa ter o seu varistor substituído.
A figura abaixo ilustra o funcionamento do dispositivo de sinalização de estado do DPS. Mais do que sinalizar o estado, o mecanismo mostrado na figura tem a função de isolar o varistor da instalação elétrica quando este atinge o final da sua vida útil, impedindo que ele se sobreaqueça e origine um incêndio.
O princípio de funcionamento do sistema é a abertura de um contato por meio do derretimento de um ponto de solda. Quando o varistor tem sua impedância diminuída, uma corrente começa a circular pelo dispositivo mesmo na ausência de surtos de tensão.
Quando a intensidade da corrente atinge um nível crítico o contato se abre pela pressão de uma mola, isolando o dispositivo e provocando simultaneamente a mudança da posição da bandeira de sinalização (elemento verde na figura abaixo).
Um detalhe chama a atenção na figura acima: a presença de um fusível de extinção segura de arco elétrico junto ao varistor. Este elemento não é encontrado em todos os protetores de surto disponíveis no mercado, mas sua presença é desejável para evitar a formação de arco elétrico no momento da abertura do contato. Esse recurso consiste em uma proteção adicional para as instalações que empregam DPS de classe II.
Conclusão
Saber quando trocar o DPS é essencial para garantir a longevidade do seu sistema fotovoltaico e evitar falhas críticas. Fique atento aos sinais de desgaste e siga as recomendações das normas técnicas. Quer aprender mais sobre proteção elétrica em sistemas solares? Confira nossos cursos e artigos especializados.
Referências
- NBR IEC 61643-1 – Dispositivos de proteção contra surtos em baixa tensão – Parte I
- Especificação de DPS – Boletim Obo Bettermann – Eng. Sérgio Roberto Santos
- Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) – O Setor Elétrico – Outubro, 2012 – Eng. Sérgio Roberto Santos
Respostas de 2
O DPS fica com o led vermelho acesa, o que pode ser?
Muito obrigado, por este artigo, ele o é e muito elucidativo e, também evidência a importância de seu uso e, sua capacidade de proteções de circuitos e de seus usuários e, também se torna muito vantajoso por todas as suas características técnicas e, sempre observadas suas proteções nas prospecções de projetos elétricos.