Um novo e abrangente estudo de viabilidade econômico-financeira, elaborado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), trouxe uma perspectiva mais positiva ao prosseguimento da construção da usina nuclear de Angra 3, que está paralisada desde 2015.
Os resultados atualizados, encomendados pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), já estão em posse do MME (Ministério de Minas e Energia). Segundo o levantamento, concluir Angra 3 pode ser a opção mais indicada para o Brasil.
No entanto, a decisão final sobre a continuidade ou abandono do empreendimento cabe ao CNPE, que deverá decidir em uma reunião prevista ainda para 2025.
O tema já foi debatido três vezes pelo conselho desde 2024, havendo inclusive um voto favorável à conclusão proferido pelo presidente do conselho, que é o ministro do MME, Alexandre Silveira, defensor declarado da continuidade da exploração da fonte nuclear pelo Brasil.
Comparativo de custos
O custo estimado para a conclusão das obras de Angra 3 foi fixado em R$ 23,9 bilhões. Em contrapartida, o estudo demonstrou que o abandono do projeto demandaria uma despesa que pode variar entre R$ 21,9 bilhões e R$ 25,97 bilhões.
A Eletronuclear, responsável pelo projeto, destaca que o valor necessário para abandonar as obras pode até mesmo superar o custo da conclusão do empreendimento. O abandono resultaria em um gasto significativo, sem produzir um único MWh de energia elétrica, segundo a estatal.
A indefinição sobre o futuro de Angra 3 gera um custo anual considerável para a Eletronuclear. Para manter o empreendimento enquanto aguarda a decisão do CNPE, a estatal desembolsa aproximadamente R$ 1 bilhão por ano.
Desse montante, R$ 800 milhões são referentes ao serviço da dívida junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, e R$ 200 milhões são destinados à manutenção de equipamentos e estruturas.
O projeto já consumiu cerca de R$12 bilhões. Atualmente, o progresso físico da usina é de 66%.
Cenários de Tarifa
O BNDES analisou três cenários para a conclusão do empreendimento. Em todos eles, a previsão é que a usina entre em operação comercial em março de 2033.
Os cenários contemplados incluem a participação de sócio privado, a conclusão com recursos públicos – oriundos da ENBPar e da União -, e o abandono do projeto.
O estudo projeta as seguintes tarifas de equilíbrio – base novembro/2024: Cenário 1, R$ 778,86/MWh; Cenário 2a, R$ 817,27/MWh; Cenário 2b, R$ 791,81/MWh.
A Eletronuclear argumenta que a tarifa de equilíbrio resultante é inferior ao custo médio de geração da maioria das usinas térmicas de grande porte do país.
Se concluída, Angra 3 — juntamente com Angra 1 e 2 — se tornaria uma das térmicas mais competitivas desse porte no subsistema Sudeste.
Houve um acréscimo de cerca de R$ 75/MWh na tarifa de equilíbrio em relação ao estudo anterior, apresentado ao CNPE em dezembro de 2024. Este aumento se deu principalmente pela postergação da entrada em operação e pela atualização dos custos de financiamento e investimento.
O trabalho aponta também que há potencial para reduzir os custos finais e, consequentemente, a tarifa.
Isso pode ocorrer através de: obtenção de deságios na contratação da empresa que retomará as obras (“epcista”); melhores condições de crédito, e a aprovação de incentivos tributários em discussão no Congresso Nacional, como o Renuclear.
Benefícios
Angra 3 terá uma potência instalada de 1,4 GW, capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. Sua conclusão contribuirá para a segurança do abastecimento elétrico nacional.
A usina é capaz de gerar energia suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes, ou o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro, quando somada às Angra 1 e 2.
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