Conforme noticiado pelo Canal Solar, a Itaipu Binacional iniciou a instalação de sua primeira usina solar flutuante no lado paraguaio do reservatório. O projeto ocupará uma área de quase 10 mil m² e contará com cerca de 1500 painéis solares, totalizando 1 MWp – energia suficiente para abastecer cerca de 650 casas.
O empreendimento será executado pelo consórcio binacional Sunlution-Luxacril, vencedor da licitação, e terá prazo de 150 dias para conclusão, além de 180 dias adicionais para assistência técnica, treinamento e aceitação final.
Em entrevista exclusiva ao Canal Solar, Rogério Meneghetti, superintendente de Energias Renováveis da Itaipu Binacional, explicou os detalhes do projeto.
O executivo destacou que a usina utilizará 86 poitas de concreto, com peso total estimado em 430 toneladas, para ancorar a estrutura flutuante no reservatório. Os cabos de aço conectam os flutuadores às poitas, garantindo a estabilidade mesmo sob ação de ventos e variações de nível da água.
O sistema contará também com módulos fotovoltaicos da JA Solar de 705 Wp cada (modelo JAM66D46-705/LB). A conversão da energia será feita por inversores Huawei SUN2000-330KTL-H1, reconhecidos por sua eficiência e confiabilidade em grandes plantas fotovoltaicas.
Os flutuadores serão do modelo Hydrelio, fornecidos pela empresa francesa Ciel et Terre, especializada em soluções para usinas solares flutuantes. Já a conexão elétrica será feita por meio de um ramal da Subestação MD de Itaipu, permitindo o uso direto da energia gerada para alimentação de cargas internas da própria usina.
Para facilitar a manutenção e o monitoramento, Meneghetti disse que será instalada uma passarela de acesso entre o solo e a plataforma flutuante, permitindo visitas periódicas com segurança e menor impacto logístico.
Por se tratar de uma instalação em área sensível e estratégica do reservatório, o projeto ainda está em análise para licenciamento ambiental, com diversos estudos em andamento. Entre os critérios que serão monitorados estão:
- Índice de estado trófico da água
- Índice CCME (qualidade da água);
- Abundância e diversidade de espécies aquáticas;
- Presença de espécies não nativas;
- Atividade reprodutiva dos peixes;
- Impacto na turbidez e oxigenação;
Esses parâmetros visam avaliar o impacto da usina flutuante sobre o ecossistema aquático da região e orientar futuras expansões ou ajustes na tecnologia empregada.
Meneghetti disse ainda que a iniciativa engloba também o desenvolvimento de um projeto de pesquisa com o Itaipu Parquetec e Parque Tecnológico Itaipu – PY, inclusive com bolsas para universidades.
Essa pesquisa seria para avaliar a comparação de geração entre a usina flutuante e outras usinas solares em solo, análises de modelos de negócio para as legislações brasileira e paraguaia, avaliação de impactos na rede interna de energia da Itaipu (se houver) e simulações para eventual expansão da usina flutuante e inclusão de sistemas de bateria.
Além disso, o superintendente revelou que o projeto se baseou em referências como a Nota Técnica da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas) sobre sistemas solares flutuantes, ampliando o corpo de conhecimento nacional sobre essa alternativa promissora para diversificação da matriz energética.
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