Os cortes de geração de energia, conhecidos como curtailment, atingiram 28% da produção solar centralizada em junho deste ano — um recorde para o segmento. Os dados foram divulgados pelo Bradesco BBI, em relatório distribuído aos clientes.
Segundo o banco, não há atualmente políticas ou ações em vigor que atenuem os prejuízos enfrentados pelos empreendimentos solares — o que faz a instituição projetar que os cortes seguirão em crescimento no segundo semestre do ano, sem expectativa de melhora.
Em paralelo à análise, o estudo também apontou as empresas e os estados mais afetados pelo curtailment no Brasil ao longo do segundo trimestre de 2025.
De acordo com o relatório, a Alupar liderou o ranking de prejuízos, com 37% de sua produção solar cortada sem compensação. Também figuram entre os destaques negativos as empresas Equatorial (32% de corte solar) e Auren (31%).
Já entre os estados com maior volume de cortes solares no período estão: Minas Gerais (25%); Bahia (24%); Pernambuco (20%); Piauí (19%); Ceará e Rio Grande do Norte (ambos com 16%); além de São Paulo (11%) e Paraíba (7%).
Curtailment
O curtailment — que geralmente ocorre por falta de demanda suficiente para o excesso de produção, ou por falta de infraestrutura para escoamento da energia — é uma prática que tem gerado uma série de desafios ao setor elétrico brasileiro.
Um estudo da consultoria Volt Robotics revelou que, somente no ano passado, mais de 1,4 mil usinas solares e eólicas sofreram cortes na geração de energia por determinação do ONS. Os prejuízos financeiros ultrapassaram a marca de R$ 1,6 bilhão, com mais de 14,6 TWh médios de energia cortados.
Neste ano, um estudo realizado pelo próprio ONS apontou que o curtailment deve se tornar ainda mais predominante no Brasil nos próximos anos.
Dias após a revelação do estudo, Sumara Ticom, assessora executiva da Diretoria de Planejamento do Operador, fez um alerta contundente sobre a situação. Em entrevista exclusiva ao Canal Solar, ela disse que a situação vivida hoje pelo setor não é sustentável.
O mesmo também foi pontuado pela Wood Mackenzie, que no começo deste mês divulgou um estudo projetando que o Brasil deve ter um crescimento de até 300% nos cortes de geração de energia renovável até 2035. O documento também pontuou que o país precisa se atentar a esse problema.
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