A assessora executiva da Diretoria de Planejamento do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Sumara Ticom, fez um alerta contundente nesta quarta-feira (25) durante o Greener Summit 2025: “a situação hoje não é sustentável”.
Segundo ela, o avanço dos cortes na geração de energia, conhecido como curtailment, não é mais um problema relacionado à transmissão — como muitos profissionais do setor acreditam —, mas sim a um fenômeno energético que tende a se agravar.
“Mesmo que a transmissão fosse infinita, o curtailment energético aconteceria. O último relatório que ONS emitiu mostra exatamente essa evolução ao longo dos anos até 2029”, disse.
Segundo Sumara, a transmissão foi um gargalo crítico logo após o blecaute que deixou mais de um terço dos brasileiros sem acesso à energia elétrica em agosto de 2023, mas ressaltou que esse problema já foi mitigado com a entrada de novas obras no SIN (Sistema Interligado Nacional).
“O que temos hoje é um corte predominantemente energético, que só cresce ano após ano, enquanto os cortes por confiabilidade estão reduzindo”, destacou ela.
A profissional também rebateu críticas de que o ONS estaria tentando frear o avanço da geração distribuída no país. “Isso não tem nada a ver com geração distribuída. Nosso olhar é exclusivamente operacional”.
A executiva salientou que se nada for feito, chegará um momento em que o país terá que cortar toda a geração centralizada para não perder o controle da frequência do sistema. “Se não tivermos uma equalização desse curtailment em todas as fontes, não vai adiantar cortar toda a geração centralizada, porque não vai ser suficiente. O risco é de blackouts”, disse ela.
Segundo Sumara, é importante que o setor de geração distribuída entenda os fenômenos elétricos e operacionais para que possa contribuir com o Operador. “A geração distribuída faz parte do sistema, e isso precisa ser entendido. O sistema é todo interligado, não tem como separar”.
Entre as alternativas tecnológicas, ela destaca o papel dos sistemas de armazenamento em baterias. “O BESS tem uma função muito ativa. Ele ajuda no portfólio energético, no atendimento à ponta e até na melhoria da dinâmica da rede. Mas também existem outras soluções, como usinas reversíveis e tecnologias de controle da transmissão”.
Atualmente, o avanço dessas soluções esbarra em questões regulatórias. Segundo ela, o Leilão de Reserva de Capacidade é o primeiro passo para destravar o uso do BESS no Brasil. Paralelamente, o ONS trabalha na definição dos requisitos técnicos necessários para a operação segura dessas tecnologias no SIN (Sistema Interligado Nacional).
Sobre o diálogo com os reguladores, Sumara ressaltou ainda que as conversas com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) são constantes e produtivas. “Estamos trabalhando juntos. A ANEEL participa dos projetos e nós colaboramos oferecendo os insumos técnicos para que eles avancem na regulação”.
O recado final da representante do ONS foi claro: sem colaboração e sem evolução conjunta, nem mesmo a geração centralizada dará conta dos desafios que estão por vir no sistema elétrico brasileiro.
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Respostas de 2
Comente sobre: impostos que destroem todo crescimento brasileiro, digo, só na fatura de energia no Estado do RJ (24% ICMS+ PIS+Confins+ SISOLs e gatos mais perdas nas transmissões e Distribuições (15%) , térmicas políticas e um projeto nacional para não haver crescimento nacional !
É risível, que a situação é mais política do que técnico, nada é feito com seriedade sem que alguém queira tirar proveito da situação, e ainda tem um coadjuvante, a vaidade de alguns que, embora não sabendo do que realmente se trata e qual a melhor solução, interferem nas possíveis mitigaçiões das consequências que podem advir desta inércia que prejudicará severamente a população.