FMGD divulga nota de repúdio contra relatório técnico do ONS 

Entidade diz que inclusão dos sistemas de GD no escopo das restrições operacionais contrária princípios da transição energética
3 min 26 seg de leitura
Canal Solar - FMGD divulga nota de repúdio contra relatório técnico do ONS
Foto: Canva

A FMGD (Frente Mineira de Geração Distribuída) divulgou no final da noite desta segunda-feira (23) uma nota de repúdio criticando o conteúdo do relatório técnico mais recente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) – que trata sobre o aumento dos cortes de geração de energia no Brasil, fenômeno conhecido como curtailment.

Segundo a FMGD, o documento propõe a inclusão dos sistemas de MMGD (Micro e Minigeração Distribuída) no escopo das restrições operacionais do sistema numa tentativa de responsabilizar pequenos consumidores que geram a sua própria energia.

A entidade afirma que a alegação sobre um suposto excesso de oferta é “injusta, tecnicamente equivocada e contrária aos princípios da transição energética justa”, destaca a nota da FMGD. 

O documento também chamou atenção para a situação específica de Minas Gerais – onde, segundo a associação, a Cemig estaria aplicando de forma indiscriminada a justificativa de “inversão de fluxo” para barrar novas conexões de GD (geração distribuída). 

De acordo com a Frente, essa prática vem sendo respaldada de maneira inadequada por uma interpretação distorcida da Resolução Normativa nº 1.059/2023 da ANEEL, especialmente na aplicação do Artigo 73, que segundo a entidade, fere frontalmente a Lei nº 14.300/2022, que garante ao consumidor o direito de gerar a própria energia.

“O resultado é que o setor de energia solar mineiro sofre um crescimento represado, com fechamento de empresas, suspensão de investimentos e impacto direto na economia local e nos compromissos ambientais do país”, aponta o comunicado.

A FMGD também manifestou preocupação com a insegurança jurídica gerada pelas recentes ações dos órgãos reguladores e criticou a possibilidade de o ONS incluir a GD nos mesmos cortes operacionais aplicados às usinas centralizadas.

Para a Frente, a GD de pequeno porte não compromete a operação do sistema, pois não exporta energia em larga escala. Ao contrário, segundo a nota, atua como elemento de alívio e descentralização da rede.

A FMGD destacou ainda que defende que a equiparação da GD a geradores comerciais de MW, como proposto, seria uma forma de “manipular os fatos” para justificar falhas históricas no planejamento e operação do sistema elétrico.

A entidade destacou ainda em seu comunicado que reconhece a importância de discutir soluções para o equilíbrio entre oferta e demanda, mas defendeu que tais ações devem estar ancoradas em tecnologias já disponíveis, como o uso de baterias pelas concessionárias para reforço da operação.

“Penalizar o consumidor que gera sua própria energia, enquanto grandes grupos seguem operando com privilégios, é retroceder no processo de democratização energética”, destaca o comunicado, assinado pelo presidente da FMGD, Jomar Britto de Oliveira. 

A FMGD finaliza reforçando que qualquer tentativa de impor restrições à GD será combatida com “todos os instrumentos legais disponíveis”, sempre com foco na defesa do consumidor, da legalidade e da construção de um sistema elétrico mais justo e participativo.

Confira abaixo a nota completa da FMGD:

Documento do ONS

O documento ao qual a FMGD se posiciona de forma contrária foi publicado pelo ONS em maio deste ano. Em seu escopo, ele traz uma análise detalhada sobre o crescimento dos cortes de geração por razão energética (curtailment) no Brasil, com projeções para os próximos anos (principalmente entre 2026 e 2029).

O estudo integra as ações do GT (Grupo de Trabalho) do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), do qual o Operador faz parte, com o objetivo de buscar soluções para mitigar os impactos causados pelos cortes na geração de fontes renováveis.

ONS aponta que curtailment deve se tornar ainda mais predominante nos próximos anos

O que diz o ONS?

O Canal Solar entrou em contato com o ONS na manhã desta terça-feira para solicitar um posicionamento sobre o tema. O Operador informou que retornará a solicitação ainda hoje. A reportagem segue no aguardo do posicionamento oficial da entidade.

Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.

Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Os comentários devem ser respeitosos e contribuir para um debate saudável. Comentários ofensivos poderão ser removidos. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a posição do Canal Solar.

Notícias do Canal Solar no seu E-mail

Relacionados

Receba as últimas notícias

Assine nosso boletim informativo semanal

<
<
Canal Solar
Privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.