Apesar dos investimentos globais em energia solar terem alcançado a marca de US$ 500 bilhões em 2024, a redistribuição desigual desses recursos tem limitado o crescimento da indústria e impedido que o setor contribua de forma efetiva para o alcance das metas climáticas globais. Essa é a principal conclusão do mais recente relatório do Conselho Solar Global (GSC) sobre os gargalos financeiros na cadeia de fornecimento da energia solar.
Como exemplo, o estudo cita o fato de que a África recebeu apenas 3% do investimento total em energia solar, mesmo abrigando mais de 17% da população mundial. O GSC avalia que esse contraste evidencia um grave descompasso entre necessidade energética e fluxo de capital. Diante desse cenário, o documento apresenta uma série de recomendações aos legisladores e investidores globais, entre elas:
- Adoção de padrões de investimento mais justos, que incentivem a destinação de recursos para mercados historicamente sub financiados;
- Utilização de ferramentas de divulgação mais robustas, com foco na aceleração dos processos de licenciamento ambiental e regulatório;
- Criação de mecanismos de financiamento mais acessíveis, voltados especialmente a projetos solares em países em desenvolvimento.
O relatório também ressalta que esses desequilíbrios regionais são agravados pela percepção de maior risco por parte dos investidores em relação a mercados com indústrias solares menos desenvolvidas. Isso, segundo o GSC, eleva o custo de capital e cria um ciclo no qual os investidores tendem a apoiar projetos apenas em países com ecossistemas solares mais robustos.
“Não é por acaso que os países com maior implantação de energia solar – China, EUA e Europa Ocidental – são os que apresentam o menor custo de capital”, afirmou Sonia Dunlop, CEO da GSC, na introdução do relatório. Como solução, o GSC recomenda que os investidores desenvolvam modelos financeiros mais personalizados, capazes de apoiar o desenvolvimento de projetos solares em regiões com menor maturidade de mercado.
Estes incluem títulos verdes, empréstimos vinculados à sustentabilidade e modelos de financiamento combinados que combinam capital público e privado, como forma de minimizar riscos e incentivar uma ampla gama de investimentos no setor.
O relatório também defende a criação de mecanismos financeiros específicos para “casos de uso emergentes”, como agrovoltaicos, energia solar flutuante e datacenters alimentados por energia solar. Como exemplo prático, o documento cita o programa Desert to Power G5 Sahel Facility, uma iniciativa que prevê a implantação de mais de 500 MW de capacidade solar na África Ocidental e Central.
O projeto utiliza US$ 150 milhões do Fundo Verde para o Clima como capital inicial para mobilizar outros US$ 816,7 milhões do Banco Africano de Desenvolvimento e de investidores privados. A estratégia inclui mecanismos de redução de risco, com investimentos em armazenamento e transmissão de energia, com o objetivo de melhorar a atratividade dos projetos para potenciais investidores.
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