No Brasil, apenas 23% das empresas estão alinhadas com a trajetória necessária para zerar suas emissões líquidas até 2050. O dado faz parte do estudo Destination Net Zero 2025, divulgado pela Accenture nesta quinta-feira (11).
Embora o índice nacional supere a média global – na qual 16% das empresas no mundo estariam aptas a cumprir o compromisso – o levantamento mostra que a maior parte das organizações brasileiras ainda avança lentamente nas estratégias de descarbonização.
Além disso, 40% das empresas do país aumentaram suas emissões nos últimos anos, número ligeiramente menor do que a média global (48%), mas ainda preocupante.
Segundo a Accenture, o cenário indica que, apesar do protagonismo crescente do Brasil em matrizes energéticas mais limpas, as empresas precisam acelerar iniciativas estruturantes para atingir o net zero.
Como o Brasil aparece no recorte da pesquisa?
O estudo avaliou as mil maiores empresas do mundo, incluindo o recorte das 2 mil maiores (G2000) e das 4 mil maiores (G4000), para entender seu estágio na jornada rumo ao net zero. Entre os destaques brasileiros:
- 74% das companhias mantêm parcerias com comunidades locais e povos indígenas, percentual muito superior ao global (52%).
- 36% das empresas brasileiras do G2000 já possuem metas completas de net zero, desempenho semelhante à média mundial (41%).
- Entre as empresas do G4000, 13 das 21 alavancas de descarbonização já são adotadas pela maioria, mostrando amadurecimento das práticas ambientais.
O estudo destaca ainda que, globalmente, 41% das empresas do G2000 já têm metas líquidas zero envolvendo toda a cadeia de valor – o que representa um avanço de 14 p.p (pontos percentuais) desde 2024.
Crescimento desacoplado das emissões
Um dos pontos positivos do estudo é que, desde 2016, as maiores corporações do mundo ampliaram suas receitas em 7% ao ano, mantendo emissões operacionais estáveis. Isso indica um princípio de “desacoplamento” entre crescimento econômico e geração de carbono.
Mesmo assim, conforme visto na reportagem, apenas 16% das corporações estão no caminho certo para atingir a neutralidade de carbono até 2050.
Segundo a Accenture, os maiores desafios se concentram em setores onde cortar carbono é estruturalmente mais difícil, exigindo colaboração entre empresas, governos e fornecedores para desenvolver infraestrutura compartilhada de baixo carbono.
IA ganha força, mas traz novo alerta ambiental
A pesquisa revela também que 24% das empresas no mundo já utilizam IA (Inteligência Artificial) para apoiar a descarbonização – principalmente em previsão de demanda, eficiência energética e otimização de processos produtivos.
Apesar do avanço, apenas 4% das organizações avaliadas pelo estudo gerenciam a pegada de carbono digital causada pelo uso crescente dessas tecnologias.
De acordo com a Accenture, a IA pode ser um “multiplicador de impacto”, mas exige responsabilidade no uso, especialmente diante do aumento de consumo energético associado a data centers e modelos avançados de IA.
Confira o estudo, clicando aqui.
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