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Empresas e autoridades estudam novas normas para garantir segurança em sistemas FV

Em resposta ao crescimento do setor, regulamentação visa mitigar riscos de incêndio e choque elétrico em edificações com painéis solares

Autor: 9 de janeiro de 2024Brasil
7 minutos de leitura
Empresas e autoridades estudam novas normas para garantir segurança em sistemas FV

Acompanhando o crescimento da solar no Brasil, questões de segurança também se tornam primordiais. Imagem: Freepik

Nos últimos anos, o número de sistemas fotovoltaicos instalados no território brasileiro tem crescido consideravelmente, tanto que a solar já representa cerca de 16% de toda a matriz elétrica, sendo a segunda maior fonte do país, atrás apenas da energia hídrica.

Embora seja fundamental a transição para uma economia de baixo carbono, visando o enfrentamento das mudanças climáticas, a massificação acelerada da geração por energia solar tem trazido também desafios técnicos.

“Sistemas de energia solar quando em operação normal são seguros. Porém, é importante termos uma atenção especial às características únicas e desafios que esse tipo de sistema apresenta em relação à segurança, pois suas características podem aumentar significativamente os riscos envolvidos para o combate a incêndios em edificações, visto que não é possível fazer o desligamento das placas solares durante o dia sem a utilização de equipamentos próprios para essa finalidade”, afirmou Juliano Pereira, Country Manager da SolarEdge Brasil.

De acordo com o executivo, à medida que a demanda pela fonte solar ganha cada vez mais espaço na matriz energética brasileira, a segurança das instalações precisa ser revista. Atualmente, há 2,3 milhões de sistemas de geração distribuída fotovoltaica no país, que em sua grande maioria não possuem dispositivos de segurança que possibilitem a desenergizarão dos painéis.

“Sem o desligamento da corrente elétrica, em caso de incêndio, pode haver grande perigo nas eventuais operações de combate ao fogo”, destacou o engenheiro João Souza, responsável técnico da Ecori Energia Solar. Conforme ele, os dispositivos e funções de segurança não são necessários apenas para situações de combate a incêndios, mas também em situações de operações e manutenções, especialmente envolvendo pessoas leigas.

“Imagine, por exemplo, um proprietário de uma residência que deseja limpar seus módulos. Porém, durante o dia, os módulos fotovoltaicos estão energizados, com tensões que podem chegar a 1500 V. Situações como essa estão sendo discutidas nas reuniões da ABNT. Portanto, trata-se de uma necessidade de segurança não apenas para bombeiros, mas também para a sociedade em geral”, relatou.

Comitês da ABNT

Para definir e implementar uma normativa técnica, cujo objetivo é mitigar os riscos de incêndio e choque elétrico em sistemas fotovoltaicos, as empresas do setor estão participando ativamente de discussões na ABNT, no Inmetro e com o Corpo de Bombeiros.

“Isso vai beneficiar o mercado solar como um todo. Além disso, essas normas de segurança também funcionarão como uma diretriz para a atuação das equipes do Corpo de Bombeiros, já que a corporação usa as Normas Regulamentadoras como referência que tratam de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, mas que não abordam especificamente os sistemas fotovoltaicos”, disse André Scabbia, coordenador da comissão de estudos ABNT sobre Segurança Contra Incêndio para Sistema de Energia Solar Fotovoltaica.

Segundo Maurício Ritter, gerente de Produtos da SolarEdge Brasil, em países com maior maturidade e longo histórico de utilização no setor – caso dos Estados Unidos – os sistemas fotovoltaicos se tornaram mais seguros para bombeiros e trabalhadores do mercado de energia solar, em virtude principalmente das últimas atualizações do código NEC (National Electric Code) que aponta requerimentos para casos de emergência.

“No Brasil, a nova norma, que está sendo escrita pelos agentes do setor fotovoltaico e será publicada pela ABNT, baseia-se em um relatório técnico (IEC TR 63226), cujo teor é utilizado como orientação para a redução dos riscos de incêndio ou eletrocussão e para necessidades específicas do local para edifícios com painéis solares”, explicou.

“Além das recomendações gerais, medidas técnicas, de instalação e manutenção poderão ser selecionadas para atingir o nível de segurança pretendido do sistema fotovoltaico e do edifício, dependendo dos resultados de uma avaliação prévia de risco”, ressaltou Scabbia.

Segurança nos projetos fotovoltaicos

De acordo com a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a normalização dos projetos desenvolvidos pelo setor solar – visando o fortalecimento do processo de diversificação da matriz energética brasileira com base na segurança e qualidade, incluindo projetos, instalação, inspeção e manutenção de sistemas – é parte estratégica e essencial da evolução do segmento.

A associação aponta ainda que a evolução rápida e dinâmica das diferentes tecnologias fotovoltaicas traz oportunidades estratégicas de aprimoramento constantes das normas técnicas utilizadas pelo mercado, como forma de melhorar e padronizar processos, produtos e serviços.

Estados adotam normas de segurança contra incêndios em sistemas FV

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás acaba de se juntar aos estados de Minas Gerais e Mato Grosso na regulamentação de segurança em sistemas fotovoltaicos. O órgão publicou, no final de outubro de 2023, a Norma Técnica 44/2023 que estabelece diretrizes e medidas de segurança essenciais relacionadas a sistemas fotovoltaicos.

O documento tem por objetivo garantir a segurança contra incêndio e pânico em edificações ou locais de risco equipados com módulos. A norma técnica entrou em vigor na segunda semana de novembro e as instalações já existentes terão o prazo de um ano para se adaptarem por completo às exigências de segurança da norma.

Combate a incêndio e outros riscos

Os bombeiros e socorristas chamados para combater um incêndio normalmente cortam, por segurança, a energia de um prédio em chamas. Se houver uma instalação fotovoltaica no prédio e houver sol, os módulos continuam a gerar tensão, mesmo se o sistema não estiver conectado à rede.

“Os módulos fotovoltaicos têm uma tensão de saída de 30 V a 60 V cada. Os painéis tipicamente são interligados em séries (strings) que podem chegar a tensões de até 1000 V para sistemas residenciais e 1500 V para comerciais e industriais, trazendo um elevado grau de risco para instaladores e equipes de manutenção que estiverem no local”, informou Evandro Maroni Mascarenhas, 1° Tenente do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

Soluções disponível no setor

Entre as empresas que oferecem soluções para esse segmento é a SolarEdge, que conta com um sistema de captação de energia fotovoltaica que consiste em otimizadores de potência conectados a nível de módulo, um inversor e monitoramento completo do sistema.

“Desde o início de nossas atividades no mercado brasileiro, oferecemos equipamentos que já estavam alinhados às normas de segurança internacionais, com funcionalidades de desligamento e detecção e interrupção de arco elétrico. Sempre tivemos um posicionamento pioneiro nesse sentido, apostando na evolução e maturidade da fonte solar fotovoltaica no Brasil”, enfatizou Juliano Pereira.

Os sistemas SolarEdge possuem um mecanismo de segurança SafeDC™ integrado que minimiza os riscos. “Quando os otimizadores de potência estão conectados, os módulos continuam a operar apenas quando um sinal do inversor for constantemente recebido”.

“Se não houver sinal do inversor ou se o inversor não estiver operando, o mecanismo do SafeDC™ está projetado para o desligamento automático da corrente CC, bem como a redução da tensão nos cabos da string. No modo de segurança, a tensão de saída de cada otimizador é de apenas 1 V”, concluiu Maurício Ritter.


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Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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