“Quando falamos em potencial, o Brasil dá um show nesse quesito”. É o que afirmou Alysson Camilo, chefe de Vendas e Operações da SAJ no país, no que se refere à capacidade de crescimento da energia fotovoltaica.
Durante participação no podcast Papo Solar, o especialista enfatizou os benefícios desta tecnologia no processo de enfrentamento da crise hídrica, bem como a importância da adoção de VEs (veículos elétricos) e os principais desafios para alcançar uma transição energética mais sustentável.
“A quantidade de energia que o Brasil produz hoje é em torno de 175 GW – que é a soma de todas as fontes. No caso, a quantidade de oportunidades que a solar oferece é o equivalente a 160 vezes desse total. Ou seja, o governo não precisaria investir em outros tipos de eletricidade se quisesse explorar mais esse potencial”, apontou.
Para Camilo, a fonte fotovoltaica tem tudo para revolucionar, não só a matriz energética brasileira, que já está ocorrendo, como também a matriz no mundo, em função dos benefícios econômicos e ambientais que a mesma oferece.
Mobilidade elétrica
“O advento dos veículos elétricos é outro passo que temos que dar”. É o que também analisou o executivo. “O governo tem que incentivar de alguma forma a adoção dos carros eletrificados. Uma alternativa é tirar impostos, por exemplo, para que realmente se popularize. E antes disso, a solar vai estar avançando em paralelo e contribuindo para essa popularização”.
De acordo com ele, o próprio advento dos VEs “aciona” a tecnologia fotovoltaica. “Não vai existir mais aquele discurso que não teríamos eletricidade suficiente para carregar uma frota elétrica. Ambos andam de mãos dadas, um impulsionará a existência do outro”.
Além disso, o executivo acredita que os carros 100% elétricos ajudarão na expansão das usinas fotovoltaicas com baterias, tornando-as mais acessíveis.
Crise hídrica
Outro ponto destacado pelo especialista é que a energia solar é fundamental para combater a crise hídrica no Brasil, considerada a pior dos últimos 91 anos. O problema, inclusive, vem se alastrando desde outubro do ano passado, o que está levantando discussões sobre risco de um racionamento.
“Essa forma de eletricidade limpa e renovável pode contribuir com a escassez de água, em meio a essas energias alternativas que o governo usa como backup. No caso, as termelétricas, que são fontes extremamente poluidoras e caras”, comentou.
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“Ou seja, se temos essa necessidade de água, a solar está aí. E é isso que estamos tentando mostrar para os nossos governantes quando debatemos o PL 5829. Estamos mostrando uma saída rápida, que hoje está se popularizando”, enfatizou.
Principais obstáculos e desafios da solar no Brasil
Ao longo do podcast, o chefe de Vendas e Operações da SAJ discorreu ainda com relação aos entraves que o mercado fotovoltaico está enfrentando no Brasil, como as discussões referentes ao PL 5829, que visa a criação do marco legal da GD (geração distribuída).
“Vimos nas últimas semanas as associações fazendo corpo a corpo em Brasília para termos uma legislação mais clara, objetiva. O investidor, no caso, precisa ver segurança jurídica para que a solar seja impulsionada ainda mais”, disse.
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“Afinal, quem realizará aportes onde, eventualmente, não se vê clareza nas regras? E quando falamos de investidor, não estamos falando apenas de investidores internacionais que podem ter interesse em leilões de energia, estamos falando do consumidor local, com interesse em ter usinas no telhado e que querem entender se a regra vai mudar ou não”, acrescentou.
Portanto, na opinião de Camilo, o PL 5829 é fundamental para que o segmento fotovoltaico cresça exponencialmente. “Uma vez aprovado, ajudará a quantidade de projetos que pretendemos instalar nas próximas décadas”.
Já referente aos desafios que o país enfrenta, o executivo relatou a questão do custo do painel solar. “Embora haja uma queda, não esta sendo acessível a grande massa. Precisamos que mais instituições ofereçam financiamento com juros acessíveis, com prazos mais alongados e que os governos ajudem de alguma forma o mercado, incentivando-o, favorecendo-o e disseminando informação. Vemos esforços mais do setor privado que do público”.
“Sendo assim, é um conjunto de coisas que necessitamos evoluir para que todos remem com o mesmo objetivo: impulsionar essa tecnologia sustentável”, concluiu.