Um elemento crucial para direcionar o mundo na trajetória correta rumo às emissões líquidas zero até 2050 é triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, partindo de uma base referencial em 2022, atingindo aproximadamente 11 TW.
Essa é uma das conclusões do novo relatório da BNEF (BloombergNEF), intitulado “Triplicar energias renováveis no mundo até 2030: difícil, rápido e realizável”. Embora a solar possa contribuir significativamente para esse objetivo, confiar exclusivamente nela não seria suficiente para gerar a quantidade necessária de energia limpa.
De acordo com o estudo, a diversificação do portfólio de fontes renováveis revela-se mais eficaz para descarbonizar o mix energético global devido aos perfis de geração complementares entre essas fontes.
A meta de triplicar a capacidade renovável estará no centro das discussões da próxima conferência climática das Nações Unidas – COP 28, prevista para ser realizada entre 20 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Os líderes internacionais buscarão um acordo para atingir esse objetivo. O compromisso proposto corresponde ao que é necessário para alcançar o caminho das zero emissões líquidas de carbono (net-zero) até 2050 e está em linha com as avaliações da BloomblergNEF.
“Ao comparar esta meta com os cenários de longo prazo da BNEF, descobrimos que uma triplicação da capacidade das energias renováveis globais é consistente com um caminho para o zero líquido global até 2050, e que este aumento na energia renovável contribui com robustos 62% da redução total das emissões até 2030”, diz o relatório.
Triplicar a capacidade de renováveis exigirá uma aceleração significativa dos investimentos. Da última vez que esse feito foi alcançado demorou 12 anos (2010 a 2022) e a próxima triplicação verá demorar oito anos. O mundo tinha 3,6 TW de capacidade de energia renovável no final de 2022, incluindo energia eólica, solar, hidrelétrica de grande e pequena escala, geotérmica, biomassa e marinha/marés.
Para atingir essa meta, segundo a BENF, será necessário a duplicação da taxa de investimentos de energia renovável para uma média de US$ 1,17 trilhão por ano entre 2023 e 2030, contra US$ 564 bilhões em 2022.
Também exigirá que os investimentos na rede elétrica aumente para US$ 777 bilhões em 2030, três vezes mais do que foi gasto em redes em 2022. Além disso, será necessário que o mundo implante 720 GW de capacidade de armazenamento com baterias até 2030, o que representa 16,1 vezes o total implantando em 2022.
Outro aspecto importante destacado pelo relatório é que as contribuições serão diferentes para cada região. Para regiões como China, EUA e a Europa, triplicar é o objetivo certo. Outros mercados, especialmente aqueles com uma base renovável mais pequena e elevados níveis de crescimento, como o Sul e Sudeste Asiático, o Médio Oriente e África, necessitarão de mais do que triplicar a capacidade até 2030.
“Outros mercados, como o Brasil, já têm a maior parte da sua energia proveniente de fontes renováveis ou de baixo carbono. As suas contribuições para uma triplicação global podem ser menores, ao mesmo tempo que se concentram mais na descarbonização da indústria, dos edifícios, dos transportes e da agricultura, bem como nos últimos 10-30% das emissões do sector elétrico que ainda dependem da produção fóssil”, aponta o estudo.
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