A capacidade global de armazenamento de energia pode crescer a uma taxa anual de 31%, registrando 741 GWh de capacidade cumulativa até 2030. É o que apontou um relatório da consultoria Wood Mackenzie.
Segundo a empresa, a modalidade FTM (Front of the Meter – frente do medidor) continuará a dominar as implantações anuais e será responsável por até 70% das adições de capacidade total anual até o final da década.
“São aplicações, seja na geração de energia ou no sistema de transmissão e distribuição, que permitem uma melhor qualidade e estabilidade da rede elétrica, ajudando as distribuidoras a se equilibrarem melhor”, disse o engenheiro eletricista Márcio Takata, CEO da Greener, empresa de consultoria e pesquisa.
De acordo com Takata, o armazenamento de energia, sem dúvida, tem que estar na pauta do empreendedor que atua não só no mercado de renováveis, como também no segmento de energia como um todo.
Para Bruno Kikumoto, diretor-executivo do Canal Solar, o armazenamento cura uma das maiores dores das renováveis, sobretudo a solar e eólica, na questão da despachabilidade de energia.
“A solar gera energia quanto tem sol. A noite não gera nada. A eólica é a mesma coisa, gera quando tem vento. Portanto, o armazenamento vem para impulsionar as renováveis. A questão de imprevisibilidade, de não controlar essas fontes de energia, com as baterias é possível. Consegue-se modular e entregar energia a partir de uma fonte renovável para o consumidor”, destacou Kikumoto.
A Wood Mackenzie também ressaltou que o armazenamento é a chave para o forte crescimento das energias renováveis. Contudo, a questão é se é possível capturar fluxos de receita estáveis de longo prazo.
O relatório concluiu que a modalidade de baixo custo e de longa duração pode competir cada vez mais com carvão, gás e hidrelétricas, permitindo níveis mais altos de penetração solar e eólica.
No entanto, a maioria dos sistemas de armazenamento de energia de íon-lítio economicamente atinge o máximo de 4 a 6 horas, deixando uma lacuna no mercado.
Perspectiva de crescimento
O levantamento da Wood Mackenzie mostrou uma redução de 17% nas implantações em 2020, 2 GWh a menos do que perspectiva pré-coronavírus.
A expectativa é de um crescimento oscilante no início da década, mas provavelmente acelerará no final desse período para permitir o aumento da penetração de renováveis variáveis e a transição do mercado de energia.
A consultoria avalia que as decisões de investimento provavelmente serão adiadas em alguns casos, mas a trajetória geral da transição do mercado de energia e a necessidade de armazenamento de energia para permitir isso não mudou.
De acordo com a consultoria, os governos podem ter um papel importante nesse processo ao passo que incentivem a recuperação da economia de forma mais sustentável do que no passado, com vantagens para a indústria de armazenamento de energia.
EUA e China lideram expansão
Os Estados Unidos continuam à frente e representarão mais de 49%, ou 365 GWh, da capacidade global cumulativa até 2030. É esperado que esse mercado cresça até 2021 devido a recursos significativos de curto prazo planejados, antes de desacelerar ligeiramente até 2025.
A China vem em segundo lugar e também verá sua capacidade de armazenamento acumulada crescer exponencialmente. A estimativa é de 21%, ou 153 GWh, da capacidade cumulativa global até o final da década. O setor de serviços auxiliares é visto como o principal fluxo de receita para o mercado.