Fake Power também está afetando o mercado de inversores solares

Equipamentos novos, testados em laboratório, estão apresentando derating muito abaixo do especificado no manual
Fake Power também está afetando o mercado de inversores solares
Imagem: Divulgação/CanalSolar

O mercado de inversores fotovoltaicos também enfrenta o problema do “fake power”, já conhecido no setor de módulos fotovoltaicos, caracterizado pela condição em que o equipamento não entrega a potência indicada no datasheet.

“Realizamos testes em campo e em laboratório e identificamos inversores que entram em derating muito mais cedo do que deveriam”, afirma o professor Ricardo Bortolini, gerente de projetos do INRI/UFSM.

Bortolini participou do painel “Qualidade dos equipamentos fotovoltaicos: economia no Capex, prejuízo no Opex”, no IV Canal Conecta, realizado em São Paulo na última semana. O evento foi moderado por Bruno Kokimoto e contou com a presença de Roberto Zilles, professor titular da USP; Nadine Braz, coordenadora de Produtos para módulos fotovoltaicos na Canadian Solar; e Victor Curi Segado, head Latam na TSUNESS.

Bortolini explicou que o “derating” é a redução da potência de saída do inversor para evitar a queima do equipamento, ocorrendo quando a temperatura máxima da chave é atingida. Embora o derating possa ocorrer devido ao acúmulo de sujeira no dissipador, dificultando a troca térmica, muitos inversores testados em laboratório têm apresentado derating em condições de funcionamento abaixo do especificado no manual do equipamento. .

“Muitas vezes, o equipamento novo já não atinge a potência prometida pelos fabricantes, e, com o tempo e o acúmulo de sujeira, essa situação piora consideravelmente”, comentou Bortolini. 

“Embora o derating seja algo normal, é uma condição perigosa, pois indica que a chave atingiu sua temperatura máxima de operação e precisa reduzir a potência para evitar danos (ao equipamento). Um inversor que opera em derating diariamente terá uma vida útil significativamente reduzida em comparação a um que não sofre com isso”, concluiu Bortolini.

Ele ressalta a necessidade de uma metodologia que defina uma curva de derating padrão, similar ao Standard Test Condition (STC) dos módulos. “A portaria 140/22 do Inmetro agora determina que os inversores não devem reduzir a potência em temperaturas inferiores a 40 graus, um passo inicial na direção correta”, completou.

Atribuição de Responsabilidades

O professor Roberto Zilles alerta para a cautela ao atribuir responsabilidades no caso de fake power. O baixo desempenho de um sistema fotovoltaico pode ter origem no inversor, em falhas de instalação ou no transporte dos equipamentos.

Há diversos casos onde o baixo desempenho do sistema fotovoltaico está relacionado a má qualidade no processo de fabricação dos módulos fotovoltaicos  . “Devemos ter muito cuidado ao apontar culpados, pois temos produtos similares, às vezes do mesmo modelo, mas fabricados em locais distintos, com listas de materiais diferentes”, explicou Zilles.

Segundo ele, um módulo fotovoltaico bem protegido deve manter 80% de sua capacidade após 25 anos. Contudo, ele já encontrou casos em que, após quatro anos, o módulo apresentava uma degradação de 40%. “Foi um caso atípico. O mercado está bem controlado, com bons fabricantes que compreendem a importância da durabilidade.”

Para Zilles, não se trata de fake power, mas sim de módulos de qualidade inferior que afetam a performance do sistema desde o primeiro ano.

Na opinião de Nadine Braz, da Canadian Solar, é inaceitável que o mercado ofereça módulos com degradação fora dos padrões mencionados por Zilles. “Sobre o fake power, essa é uma realidade clara no mercado atual. Vemos inúmeros fabricantes e uma forte concorrência, o que torna difícil competir com fornecedores que atuam dessa forma”, afirmou ela.

Fake power é crime de estelionato e prejudica o mercado

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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