A ANEEL(Agência Nacional de Energia Elétrica) e a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) concluíram nesta quinta-feira (30) o Leilão de Energia Nova A-5. O destaque ficou por conta do aumento na contratação das renováveis, como a fonte solar.
De acordo com a Agência, foram arrematadas 20 novas usinas fotovoltaicas, totalizando 236,40 MW de potência e novos investimentos privados de mais de R$ 901 milhões até 2026.
Os projetos solares contratados estão localizados nas regiões Nordeste e Sudeste, nos estados do Ceará (96,24 MW), Piauí (60 MW) e São Paulo (80,16 MW).
Em média, 47% da energia elétrica das plantas foi destinada às distribuidoras, no ACR (Ambiente de Contratação Regulado). O restante será vendido no ACL (Ambiente de Contratação Livre).
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Leilão atrai R$ 3,067 bilhões
O certame atraiu investimentos da ordem de R$ 3,067 bilhões. Os recursos viabilizarão obras de 40 usinas, que somam 860,796 MW de potência. Além da fonte solar, foram negociados contratos de geração hídrica, eólica e de térmicas que utilizam como combustível biomassa e resíduos sólidos.
Com um deságio de 12,63% em relação ao preço inicial de R$ 191,00/MWh, a fonte solar atingiu um preço médio de venda de energia elétrica de R$ 166,89/MWh (equivalente a US$ 30,90/MWh). Os preços médios da eólica foram de R$ 160,36/MWh, da biomassa, R$ 271,26/MWh, e de resíduos sólidos, R$ 549,35/MWh.
Este foi o terceiro leilão de energia nova organizado em 2021. No lado comprador, cinco distribuidoras apresentaram demanda para adquirir a energia oferecida pelas usinas participantes: CELPA, CEMAR, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light.
Com os acordos firmados, elas serão abastecidas pelos empreendimentos contratados por até 25 anos, a depender do tipo de fonte. Segundo a ANEEL, uma vez que os contratos foram fechados por preço abaixo do valor nominal, a economia obtida foi de R$ 1.269 bilhão.
“Consideramos que o leilão foi muito bem-sucedido, haja vista a contratação de toda a demanda declarada pelas distribuidoras”, destacou André Patrus, gerente executivo da Secretaria Executiva de Leilões da ANEEL.
“O cadastramento dos empreendimentos pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostrou o interesse dos empreendedores em participar do certame e o nível de competição. Essa oferta provavelmente se refletirá em boa competição e bons deságios também nos futuros leilões”, concluiu.
Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE, avaliou o bom desempenho do certame. “Especificamente na contratação de térmicas, nós conseguimos um deságio de 25,68%, com a comercialização de energia de usinas a biomassa. O resultado vai ao encontro do nosso objetivo de modernizar o parque brasileiro e substituir plantas mais caras por empreendimentos mais baratos”.
Mais análises
De acordo com Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), os resultados do certame reforçam a competitividade da solar, bem como sinalizam um norte de planejamento com este aumento da participação nos montantes negociados pela fonte.
“O volume contratado foi, contudo, muito baixo em comparação com o número elevadíssimo de projetos participantes do leilão. Isso ocasionou uma alta competição entre os empreendedores, produzindo preços-médios abaixo da referência para a fonte fotovoltaica no Brasil, o que demonstra uma alta capacidade competitiva da mesma, mesmo em momentos de turbulência macroeconômica”, comentou.
“O setor solar ofertou mais de 800 projetos, porém o volume muito pequeno contratado da fonte frente a essa oferta desapontou o mercado e os investidores. Perde-se a oportunidade de dar um final claro à sociedade de expansão das renováveis no país, especialmente da energia fotovoltaica, uma das mais competitivas”, acrescentou Sauaia.
Para Anderson Concon, vice-presidente de geração centralizada da ABSOLAR, a escassez hídrica reforça ainda mais o papel estratégico da solar como parte da solução para diversificar e fortalecer o suprimento de eletricidade do país, fundamental para a retomada do crescimento econômico nacional.