Geração compartilhada: ganho de escala passa pelo uso da tecnologia

Modelo de negócio está em expansão no Brasil, seja através da venda de assinatura de energia solar, seja pela constituição de cooperativas de GD
25-10-23-canal-solar-Geração compartilhada ganho de escala passa pelo uso da tecnologia
Painel de discussão sobre geração compartilhada aconteceu durante o primeiro dia do Canal Conecta. Foto: Canal Solar

Para quem não tem condições de investir em um sistema fotovoltaico (seja por falta de espaço, seja por falta de capital), a geração compartilhada é uma excelente alternativa para alcançar a sonhada economia na conta de luz.

Nos últimos anos, muitas empresas têm investido nessa modalidade. O modelo de negócio consiste na distribuição dos créditos de energia solar para um grande grupo de consumidores. No entanto, gerenciar centenas ou milhares de clientes é um grande desafio que só será superado com o uso de tecnologia.

Os desafios e oportunidades da geração compartilhada foi um dos temas do II Canal Conecta, congresso realizado nesta semana pelo Canal Solar, na sede do Crea-SP, em São Paulo (SP).

Einar Tribuci, sócio-fundador da Tribuci Advogados, lembrou que houve uma corrida muito grande no ano passado para aproveitar os benefícios da geração compartilhada antes da mudança da regulação. “Até o final do ano que vem vai ter muita usina para ser conectada, sem que tenham clientes para consumir toda essa energia. É onde entram os marketplaces para explorar a geração compartilhada”.

Os marketplace são empresas de tecnologia que fazem a conexão entre o gerador de energia e os consumidores finais, modelo conhecido como energia solar por assinatura.

Segundo Lincoin Romaro, diretor Executivo da WATTIO, um desafio que o empreendedor se depara quanto pensa em investir em geração compartilhada é saber quanto vale o crédito de energia. Isso vai depender da distribuidora onde a usina está localizada, quando a usina foi conectada (antes ou pós 14.300/22), entre outros fatores.

“Entender essa dinâmica é a primeira grande barreira e isso não é fácil. Para quem está atuando no mercado isso não é fácil, imagina para o consumidor que nunca comprou energia na vida dele”, disse Romaro.

A geração compartilhada foi regulamentada em 2015 (REN 687/15). Porém, esse mercado só deslanchou nos últimos anos, quando os empreendedores superaram a barreira do modelo de comercialização de energia.

De acordo com Roberto Corrêa, diretor geral da Congecon, no início o desafio foi construir o entendimento do que era uma cooperativa de geração distribuída compartilhada e de que forma distribuir essa energia para os cooperados.

Como a regulamentação não permitia uma comercialização de energia, mas sim uma compensação de créditos, a solução foi construir o modelo de arrendamento de usina, através de um contrato de performance.

O desafio seguinte do modelo de cooperativa foi saber como reduzir o risco de inadimplência, de tal forma que isso não afetasse as obrigações do contrato de locação nem os demais cooperados.

“A gente precisou estruturar uma operação de garantia. Na cooperativa você tem o degrau de garantia que securitiza a operação, para que de fato você traga esse ambiente da inadimplência para dentro da conta e você não corra o risco de trazer essa inadimplência para dentro do resultado da cooperativa. Com isso, você garante que o cooperado esteja assegurado que eventuais inadimplências de outros players não vão afetar ele”, explicou Corrêa.

Rodrigo Renó Gonzaga, presidente da RenovaEco, disse que criar uma cooperativa de GD envolve um compromisso muito grande com os cooperados. “A maior força nesse momento está na gente potencializar o arranjo cooperativo e utilizar a energia renovável como instrumento para alavancar esse modelo de negócio.”

“A gente tem que ter um olhar para as oportunidades que não estamos enxergando. Mas se a gente se organizar de forma conjunta, tenho certeza que essas oportunidades vão se aflorar ainda mais”, completou Gonzaga.

Imagem de Wagner Freire
Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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