Geração distribuída pode ultrapassar 70 GW em dez anos, aponta EPE

Capacidade instalada mais que dobraria em relação aos atuais 30 GW caso projeção se confirme
Geração distribuída pode atingir 70 GW no Brasil até 2034, afirma EPE
Energia solar manterá hegemonia em relação às demais tecnologias de geração. Foto: Plugin Energia/Reprodução

O Brasil possui, num cenário regulatório otimista, condições de ultrapassar a marca de 70 GW de potência instalada em GD (geração distribuída) até o fim de 2034, segundo previsão da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25), no caderno de micro e minigeração distribuída do PDE (Plano Decenal de Energia) 2034 – documento que ainda está em elaboração e que serve para orientar políticas públicas e operação do sistema elétrico nacional.

Pela projeção, a capacidade instalada pelos sistemas de GD mais do que dobraria em relação aos atuais 30 GW, podendo chegar a mais de 8,6 milhões consumidores e R$ 162 bilhões em investimentos acumulados. 

Este, no entanto, não é o cenário de referência da EPE, tendo em vista as incertezas regulatórias que ainda precisam ser definidas pelo Governo Federal. 

Por esse motivo, a entidade acredita que a modalidade deverá atingir 58,8 GW até 2034 numa realidade estável e, no mínimo, cerca de 46,9 GW no pior cenário regulatório possível, conforme mostra a imagem abaixo:

Fonte:  EPE

O cenário de referência usado como base considera somente a cobrança de 100% da TUSD Distribuição a partir de 2029, onde que cerca de 50% dos custos (encargos, transmissão, perdas, entre outros), seriam descontados através dos benefícios.

Já o cenário superior simula uma compensação igual a TE Energia + 100% dos custos (como era a compensação original de um para um), enquanto que o cenário inferior trabalha com uma compensação somente da parcela TE Energia a partir de 2029.

Outros destaques do estudo 

O estudo da EPE também trouxe outros projeções e destaques com relação ao futuro do segmento de micro e minigeração distribuída no Brasil dentro do cenário de referência.

Entre as classes de consumo da GD, o levantamento aponta que o segmento residencial continuará sendo o de maior destaque, com quase 25 GW de capacidade instalada até 2034 – um crescimento de quase 80% em relação aos atuais 14 GW. 

Nos próximos dez anos, São Paulo deverá não só seguir sendo o estado com maior volume de potência instalada, com 10,9 GW em 2034, como também ampliar sua participação em relação às demais localidades, como Minas Gerais (5,7 GW) e Rio de Janeiro (4,9 GW). 

Fonte: EPE

Por sua vez, em relação à participação das fontes na modalidade de geração distribuída, o cenário de referência do PDE 2034 projeta que a energia solar manterá sua hegemonia em relação às demais tecnologias de geração. 

“A micro e minigeração distribuída está se tornando protagonista da expansão da capacidade instalada no Brasil. Em 2023, pelo terceiro ano seguido, a fonte solar distribuída superou a expansão de todas as demais fontes, em termos de capacidade instalada”, destaca o estudo da EPE. 

Fonte: EPE

Incertezas regulatórias

De acordo com a EPE, a publicação da Lei n° 14.300/2022, que criou o marco regulatório da GD no Brasil, ajudou a trazer mais segurança jurídica e uma luz sobre o provável cenário regulatório da modalidade. 

“No entanto, apesar das diretrizes para valoração dos custos e benefícios da geração distribuída terem sido estabelecidas por meio da Resolução CNPE n° 2/2024, ainda há incertezas relacionadas com a remuneração da energia injetada na rede a partir de 2029, decorrentes da metodologia de cálculo de benefícios da GD para o setor elétrico”, destaca a EPE. 

Segundo a entidade, essa indefinição decorre do fato que a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) ter de definir os pontos dessa metodologia, algo que ainda não foi elaborado, feito e muito menos publicado. 

“Mesmo afetando a remuneração somente a partir de 2029, sua definição deve influenciar os investimentos ao longo da década pois afeta o fluxo de caixa desses empreendimentos”, pontuou a EPE.

Fonte: EPE

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Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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