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Geração remota compartilhada ajuda comerciantes a terem energia solar

Rafael Vignoli, CEO da Lemon Energia, explica mais detalhes sobre o funcionamento da modalidade no Brasil

Autor: 19 de janeiro de 2023Entrevistas
7 minutos de leitura
Geração remota compartilhada ajuda comerciantes a terem energia solar

Geração compartilhada é a única maneira de ter energia solar sem precisar fazer investimentos. Foto: Reprodução / Galt Energia

Com o impulso da Lei 14.300, a GD (geração distribuída) respondeu por mais de 70% do aumento da potência instalada da energia solar em 2022, passando a ser a segunda maior fonte em capacidade dentro da matriz energética, ultrapassando a eólica e ficando atrás apenas das usinas de geração hídrica.

A GD é uma geração descentralizada, focada em usinas de menor porte e perto do local de consumo. É um modelo que prioriza pequenas usinas solares ou outras fontes sustentáveis e que permite, por exemplo, que pessoas físicas e empresas instalem placas solares em seus telhados.

Além disso, a GD tem uma outra possibilidade ainda pouco familiarizada pelos consumidores brasileiros: a geração remota compartilhada, na qual pessoas físicas e empresas se unem em cooperativas ou consórcios para “alugar” uma usina de energia renovável com o objetivo de gerar parte ou a totalidade da energia que consomem.

Isso permite que, com poucos recursos econômicos, seja possível ter acesso, por exemplo, a fonte solar sem os custos de aquisição, instalação e manutenção de painéis fotovoltaicos.

Para quem está no mercado cativo (todos os consumidores que não são grandes indústrias ou varejistas), a geração compartilhada é a única maneira de acessar energia limpa sem precisar fazer qualquer investimento.

Vale a ressalva que esses consumidores não estão comprando a própria energia. O que acontece é a geração de créditos por essas usinas “alugadas”, que depois são abatidos da conta de luz.

No Brasil, uma das empresas que vem apostando alto nessa modalidade é a Lemon Energia, que atua no setor fazendo a ponte entre essas usinas fotovoltaicas e os pequenos e médios negócios em cinco estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

A convite do Canal Solar, Rafael Vignoli, CEO da empresa, explicou mais detalhes sobre o funcionamento da modalidade e falou sobre suas perspectivas com relação ao futuro da geração remota compartilhada no país.

Confira abaixo os principais trechos da conversa: 

Rafael Vignoli, CEO da Lemon Energia. Foto: Divulgação

Canal Solar: Quais são as perspectivas da Lemon para o setor de energia solar em 2023?

Rafael Vignoli: Vivemos em um momento onde passamos por um marco regulatório importante (Lei 14.300), que trouxe uma segurança jurídica e institucional para a GD que nos últimos anos não tinha.

Durante anos, houve essa ansiedade de que pudéssemos avançar nessa pauta para que pudéssemos investir cada vez mais no setor. 

Esse marco foi um dos pontos importantes para que conseguíssemos captar recursos da ordem de R$ 60 milhões no ano passado junto a Lowercarbon, um fundo especializado em startups de impacto ambiental.

Agora, com a empresa mais capitalizada e tendo esse marco regulatório mais estabelecido, a nossa perspectiva para 2023 é de crescimento, com a abertura de novas praças e a fidelização de novos clientes. 

Nosso objetivo será investir em tecnologia para expandir ainda mais a nossa plataforma no Brasil. No primeiro semestre, vamos para uma nova praça (Goiás) e procuraremos usinas para expandir a atuação no Rio de Janeiro (Light) e São Paulo (nas regiões atendidas pela CPFL Paulista e Elektro).

Também estamos buscando parceiros para inaugurar novas operações no Rio Grande do Sul e no Ceará. 

Na sua avaliação, o que podemos esperar deste modelo de negócio? Quem é o seu público-alvo? 

Vemos um potencial enorme, justamente porque o cliente não precisa fazer nenhum investimento (compra e instalação dos equipamentos).

Com exceção à Minas Gerais, o Brasil ainda não conhece esse modelo de negócio, tendo em vista que a penetração é relativamente baixa quando você olha para outras regiões, como São Paulo, por exemplo.

Hoje, todo mundo sabe alguma coisa sobre energia solar. Que tem que instalar no telhado e que para isso precisa necessariamente fazer o investimento, seja à vista ou com financiamento.

No caso, então dos empreendimentos comerciais de pequeno porte, é muito difícil um dono de uma padaria ou restaurante, por exemplo, querer fazer a aquisição de um sistema se o local não for de sua propriedade, porque ele não sabe como será o futuro da empresa daqui alguns anos. 

Por esse motivo, enxergamos um espaço muito bom de crescimento desse modelo de geração compartilhada, que permite ao cliente ter uma primeira alternativa de redução na conta de luz com sustentabilidade e tranquilidade.

Entendemos que é um modelo ideal para o pequeno comerciante, que acha que o seu papel no setor elétrico se resume apenas a ser um pagador de conta de luz.

Como um consumidor pode aderir a esse modelo de negócio junto a empresas como a Lemon, por exemplo?

Para aderir à Lemon, o cliente precisa estar em um dos nossos estados de cobertura e gastar ao menos R$ 500 por mês na conta de luz. Se ele se enquadrar nestes moldes, só fazer o cadastro em nosso site e esperar a aprovação.

Se tudo estiver ok, o pequeno negócio entra para o marketplace e passa a receber, num prazo de até 60 dias, a energia limpa e barata de uma usina sustentável.

O desconto fica entre 10% e 20% e não é preciso fazer nenhuma obra nem alterar a instalação. Também não há cobrança pelo serviço nem nenhum tipo de taxa. O cliente continua recebendo a conta da distribuidora, mas só com as taxas e encargos.

Atualmente, a Lemon conta com quais parcerias para viabilizar as suas atuações no mercado?

Além da Lowercarbon, também são nossos investidores os fundos Kaszek, Canary, Big Bets e Capitale. No ano passado, também fortalecemos a parceria com a Ambev, que é investidora da Lemon desde 2020. 

Temos uma meta conjunta de levar energia sustentável para 250 mil pontos de venda da fabricante de bebidas (25% do total de pontos de vendas da Ambev) até 2025.

Outra grande parceria que fechamos em 2022 foi com a Tereos, empresa do ramo sucroenergético que passou a fornecer energia sustentável para clientes da Lemon na região atendida pela CPFL Paulista.

A energia é produzida a partir do biogás de vinhaça de cana pela unidade industrial de Cruz Alta, em Olímpia (SP). A planta produz o equivalente ao consumo de 85 pequenos comércios, com potencial de duplicar o volume no médio prazo.

Toda a produção atual já está contratada com o intermédio da Lemon Energia. A startup vai cuidar da administração dos clientes, que são pequenos e médios comércios, fazendo a gestão dos créditos de energia que são gerados. 

Além da parceria com a Tereos na região da CPFL Paulista, a Lemon já atua em geração distribuída no Rio de Janeiro (Light), Minas Gerais (Cemig), Distrito Federal (Neoenergia), Mato Grosso do Sul (Elektro) e São Paulo (além da CPFL Paulista, também Elektro).

Além das parcerias com as empresas acima, a Lemon tem espaço para diálogo com integradores?

O que temos enxergado bastante em algumas regiões do Brasil são integradores que estavam com o foco maior em pessoas físicas, indo para a linha de microgeração e até mesmo virando gerador – do ponto de vista de terem as próprias usinas ou prestarem serviços de construção de usinas de pequeno porte. 

Então, temos visto, cada vez mais, esse perfil de integradores. Por isso, conversamos com diferentes perfis de clientes, sejam eles geradores ou empresas que tenham um braço na integração ou na geração de energia limpa. 

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

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