Geração solar levará qualidade de vida à Ilha do Mel

Projeto da Copel atenderá aspiração de comunidade que tem na pesca artesanal um dos seus principais meios de sustento
Geração solar levará qualidade de vida à Ilha do Mel
Projeto fotovoltaico foi apresentado aos moradores da região. Foto: Leonardo Tadra Pruner

Destino certo para quem aprecia ecoturismo, a Ilha do Mel desponta como um santuário natural quase intocado no litoral paranaense.

Vinculado ao município de Paranaguá, esse território, de 27,6 km² – comparável em tamanho a bairros como Campo Limpo, em São Paulo (SP), ou Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro (RJ).

O local é conhecido por oferecer uma experiência sensorial completa, com paisagens preservadas e imensa diversidade de fauna e flora num dos territórios mais protegidos do Brasil.

Por lá, só se chega por mar e o uso de veículos motorizados é restrito uma vez que boa parte das vias disponíveis são trilhas.

Para se ter uma ideia dos cuidados, não são permitidas visitas sem autorização prévia à Estação Ecológica da Ilha, que ocupa mais de 80% da ilha. Cerca de pouco mais de 1 mil habitantes permanentes vivem nesse paraíso, distribuídos por vilarejos.

Acesso desafiador

Apesar de parte do território da ilha já contar com luz elétrica, garantida por um cabo submarino, a realidade para comunidades como a da Ponta Oeste sempre foi um desafio peculiar.

Esta área fica cercada justamente pela Estação Ecológica, que é uma unidade de conservação de proteção integral.
A particularidade ambiental impedia a extensão da rede elétrica convencional, deixando seus moradores sem o acesso básico à energia. Essa lacuna histórica, contudo, deve ser resolvida em breve.

A Copel, em parceria com o Ministério Público do Estado do Paraná e o IAT (Instituto Água e Terra), reuniu-se com os moradores da Ponta Oeste para apresentar um projeto que prevê o fornecimento de energia elétrica por meio de fonte solar.

A iniciativa é considerada um exemplo de colaboração, uma vez que a companhia buscou ouvir as necessidades e propostas da comunidade para definir, em conjunto, as condições para a implantação de sistemas fotovoltaicos.

Garantia de fornecimento

A Copel propôs a instalação de equipamentos de uso individual para cada unidade consumidora, utilizando estruturas montadas em fibra de vidro ou alumínio, materiais ideais para as condições litorâneas.

Os sistemas são projetados para garantir um consumo mínimo de 80 kWh/mês, podendo atingir até 128 kWh/mês durante o verão, com potência garantida de 1.250W e tensão de 127V.

Um dos destaques é a autonomia das baterias, que asseguram 48 horas de funcionamento mesmo em caso de ausência de radiação solar, uma duração que supera o que é estabelecido pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

As estruturas serão instaladas o mais próximo possível das residências, com uma faixa de segurança de três metros no entorno, que deve ser livre de edificações ou vegetação alta para permitir o acesso dos técnicos para vistorias e manutenções.

Estão previstos cerca de 20 pontos de instalação para as residências, com a possibilidade de atender também ambientes comunitários, se necessário.

A segurança foi um ponto importante abordado na reunião com os moradores, com orientações claras sobre os cuidados com a eletricidade, a proibição de compartilhar a ligação de energia com outras moradias e a exclusividade da Copel para realizar serviços de vistoria e manutenção.

A concessionária se compromete a garantir a energia no porte estabelecido, realizar a manutenção preventiva e atender emergências.

Em contrapartida, os consumidores deverão manter o livre acesso às instalações, zelar pelas estruturas, não interferir no sistema, utilizar a energia dentro do limite estabelecido, manter o cadastro atualizado e comunicar ocorrências emergenciais à companhia.

Confiança

A relação com a comunidade e autoridades tem sido avaliada como bastante positiva. Dirceia Gomes Pereira de Souza, presidente da ANAPPOIM (Associação dos Nativos e Pescadores da Ponta Oeste da Ilha do Mel), classifica como “excelente”. Ressalta que “a luz faz muita falta” e que há esperança de que a energia beneficie tanto os nativos quanto os turistas.

O promotor Olympio de Sá Sotto Maior Neto, do Ministério Público do Paraná, afirmou que a realização do encontro “começa a atender à expectativa da comunidade”, observando a evolução dos sistemas fotovoltaicos com “baterias e placas melhores”.

Altamir Hacke, chefe regional do Instituto Água e Terra – Litoral, também avaliou positivamente a apresentação técnica da Copel, confirmando o entendimento do órgão ambiental sobre como apoiar a agilidade na implantação do sistema.

Os próximos passos para a concretização do projeto incluem mais duas reuniões de negociação com a comunidade em agosto, seguidas pela formalização dos acordos.

Posteriormente, serão necessários os licenciamentos ambientais, com o IAT indicando a possibilidade de conceder a liberação antes do prazo legal se a documentação estiver correta.

A obtenção de autorização da SEEC (Secretaria de Estado da Cultura) também é essencial, já que a Ilha do Mel é tombada pelo patrimônio cultural.

Após essa fase burocrática, a contratação da obra e a aquisição de materiais devem levar de três a cinco meses, com a execução dos serviços e a efetiva energização das unidades consumidoras estimadas entre três e nove meses, prazos que podem variar devido a fatores externos e condições climáticas.

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Foto de Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil é jornalista formado pela FMU/FIAM. Atuou como repórter pela Brasil Energia, além de serviços prestados para Agência Estado, Exame e Canal Energia. Trabalhou em assessorias de comunicação da CPFL Energia, CESP e AES Tietê. Cobre setor elétrico desde 2000. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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