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Importações de polissilício para a China caem 23% em 2022

Bernreuter Research aponta que houve queda de 114 mil TM (toneladas métricas) em 2021 para 88 mil TM no ano passado
23-02-23-canal-solar-Importações de polissilício para a China caem 23% em 2022
Participação da China na produção global ficou próxima a 90% em 2022. Foto: Reprodução

Segundo levantamento realizado pela consultoria global Bernreuter Research, com base nas estatísticas alfandegárias chinesas, após uma alta temporária em 2021, as importações de polissilício para a China caíram novamente em 2022.

Os dados apontaram que as importações de matéria-prima para células solares registraram queda de 23%, de 114.203 TM (toneladas métricas) em 2021 para 88.093 TM em 2022.

“Após a grave escassez de polissilício em 2021, o aumento de novas capacidades de produção na China já deixou sua marca nos volumes de importação em 2022”, disse Johannes Bernreuter, especialista em mercado de polissilício da Bernreuter Research.

Usando estimativas preliminares de produção, o analista colocou a participação do país na produção global de polissilício de grau solar em 88% no ano passado, acima dos 82% em 2021 e 55% em 2017.

De acordo com a companhia, em comparação com o pico de 158.918 TM em 2017, as importações anuais de polissilício na China caíram quase pela metade. “Estão agora perto do nível de 2012 quando atingiram 82.760 TM”.

Importações anuais de polissilício para a China caíram quase pela metade desde 2017. Fonte: estatísticas alfandegárias chinesas. Gráfico: Bernreuter Research
Importações anuais de polissilício para a China caíram quase pela metade desde 2017. Fonte: estatísticas alfandegárias chinesas. Gráfico: Bernreuter Research

Declínio resultante das importações japonesas

O relatório indicou ainda que o declínio acentuado em 2022 foi observado nas importações do Japão. Em 2021, a produtora japonesa de módulos solares Sharp descarregou grandes volumes de estoque de polissilício depois que o contrato de compra de longo prazo da empresa com a Hemlock Semiconductor expirou em 2020.

Isso elevou as importações do Japão para um recorde de 15.431 TM em 2021, preenchendo assim a lacuna de oferta na China. Em 2022, no entanto, as importações caíram 60% para 6.129 TM.

Um desenvolvimento semelhante ocorreu em Taiwan, onde ex-produtores de wafers solares ainda estão vendendo estoques de polissilício que possuem contratos de longo prazo para a China. As importações de Taiwan caíram 50% de 6.899 TM em 2021 para 3.480 TM.

Além disso, Bernreuter relatou que a subsidiária malaia de polissilício do grupo químico sul-coreano OCI exportou significativamente menos para a China – os volumes caíram 23% de 29.727 TM para 22.944 TM. Isso, porém, deveu-se principalmente a trabalhos de manutenção mais longos do que o esperado na fábrica da OCI na primavera.

Importações da Alemanha e EUA

Outro ponto enfatizado pela pesquisa é que as importações da Wacker, na Alemanha, o maior fornecedor estrangeiro de polissilício para a China, diminuíram 6,3% de 51.316 TM para 48.070 TM.

Já a norte-americana Hemlock Semiconductor, que é prejudicada pelas altas taxas antidumping chinesas, reduziu seus volumes de 4.811 TM para 2.785 TM.

“No caso de Wacker e Hemlock, o motivo do declínio deve ser buscado fora da China. Ambos os fabricantes de polissilício concluíram contratos de venda com a Jinko Solar. A fabricante iniciou uma nova fábrica de wafer com capacidade de produção anual de 7 GW no Vietnã no início de 2022”, relataram.

Segundo Bernreuter, a Trina Solar é a próxima grande produtora chinesa de módulos fotovoltaicos que abrirá uma fábrica de wafers no Vietnã.

“Com a Lei Uigur de Prevenção ao Trabalho Forçado que proíbe produtos de Xinjiang e a decisão anti-circunvenção contra módulos produzidos com wafers chineses no sudeste da Ásia, os EUA estão impulsionando a demanda por painéis feitos de polissilício e wafers não provenientes da China”, explicou Bernreuter.

“Ao mesmo tempo, as importações de polissilício para a China encolherão ainda mais devido à enorme expansão da capacidade doméstica. Consequentemente, o futuro da matéria-prima de polissilício não chinesa está fora do país”, destacou.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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