Inovação, financiamento e regulação marcam os debates do Energy Summit 2025

Durante três dias, evento debateu modelos de negócios e avanços tecnológicos necessários para acelerar a descarbonização
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Canal Solar - Inovação, financiamento e regulação marcam os debates do Energy Summit 2025
Futuro da energia já começou, e passa necessariamente pela colaboração entre setores, pela inovação e pela construção de uma economia mais limpa, inclusiva e resiliente. Foto: Energy Summit/Reprodução

O Energy Summit 2025 reuniu, durante três dias na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, os principais líderes da energia, tecnologia, ciência, sustentabilidade e formulação de políticas públicas.

Reconhecido como o maior evento do MIT fora dos Estados Unidos, o encontro se consolidou como um fórum global estratégico para discutir os caminhos da transição energética no Brasil e no mundo.

Logo na abertura, Hudson Mendonça, CEO do evento, destacou que o Energy Summit é uma plataforma que conecta inovação, políticas públicas e sustentabilidade. Ao seu lado, referências internacionais como Lars Frølund, especialista do MIT em investimento em deep tech, e Travis Hunter, diretor do MIT REAP, defenderam que o sucesso da transição energética exige ecossistemas colaborativos que unam governos, empresas, academia e sociedade.

O papel estratégico do Brasil ficou evidente na participação de representantes do setor público, como Cássio Coelho, secretário de Energia e Economia do Mar do RJ, e Nicola Miccione, secretário da Casa Civil do Estado. Ambos reforçaram que políticas públicas integradas são fundamentais para acelerar uma economia verde no país.

Empresas como a Petrobras também marcaram presença. William Nozaki, gerente executivo da estatal, destacou que a companhia está comprometida em oferecer energia de forma responsável, investindo em combustíveis mais sustentáveis e na transição energética.

Destaques dos palcos: inovação, sustentabilidade e geopolítica da energia

Edison Stage: tecnologia, infraestrutura e descarbonização

O palco Edison reuniu especialistas para discutir desde o uso da bioenergia, passando pela descarbonização do setor marítimo, até o papel dos governos no desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.

No painel sobre infraestrutura, Renato Junqueira, da Adecoagro, trouxe insights sobre inovação na cadeia do etanol e possibilidades futuras como amônia verde e mineração sustentável.

Outro tema de peso foi a descarbonização do setor marítimo, que, segundo Sergio Chaves, da Secretaria de Energia do RJ, vai depender da criação de “corredores verdes” e da modernização da infraestrutura portuária, priorizando locais que ofereçam energia limpa.

No encerramento do dia, um debate sobre políticas públicas destacou que ações sustentáveis precisam ser projetos de Estado, e não de governos, para garantir continuidade e eficácia.

Nova Stage: onde nasce a inovação

O Nova Stage foi palco de discussões sobre investimento em inovação, venture capital e desenvolvimento de soluções escaláveis para a transição energética.

Lívia Brando, da Vox Capital, destacou que o capital de risco é essencial para destravar soluções energéticas inovadoras, principalmente diante da urgência climática. A executiva reforçou que é necessário aumentar investimentos em infraestrutura, pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Complementando a visão, Iggor Gomes Rocha, da Itaipu Binacional, explicou como as compras públicas podem ser uma alavanca para a inovação, conectando demandas sociais, sustentabilidade e eficiência energética.

O painel de encerramento trouxe a Repsol Sinopec Brasil, com Raquel Mattos Cavalcanti, que enfatizou que parcerias estratégicas e inovação aberta são fundamentais para acelerar a transição energética no Brasil e no mundo.

Masterclasses e experiências paralelas: energia, arte e ciência

As masterclasses proporcionaram debates de alto nível. Destaque para a apresentação de Navid Samandari, que discutiu os desafios e oportunidades da energia nuclear de nova geração, e para a aula conduzida por Luiz Felipe Pellegrini, da Copa Energia, sobre o trilema energético – como equilibrar segurança, sustentabilidade e acessibilidade.

O palco Science & Art promoveu uma experiência sensorial inédita, com artistas transformando geologia em arte, destacando que a transição energética também é uma transformação cultural.

Os eventos paralelos, como Electric Days e Women in Energy, trouxeram debates sobre o papel dos sistemas de armazenamento, a importância da diversidade na liderança energética e a necessidade de pensar modelos regenerativos, como a economia circular, para um futuro sustentável.

Terceiro dia: justiça climática, mineração e geopolítica da energia

O último dia do evento reforçou o protagonismo global do Brasil na discussão sobre energia. No palco Spark Stage, a diretora do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Cláudia Trevisan, destacou o papel da China como líder na transição energética global, investindo pesadamente em hidrogênio verde, solar e mobilidade elétrica.

No Edison Stage, o debate sobre mineração deixou claro que a transição energética depende diretamente de cadeias produtivas sustentáveis de minerais críticos, essenciais para baterias, turbinas e painéis solares.

O Nova Stage discutiu justiça climática, com o representante da CAFRAM, Theo Schunck, defendendo uma transição que respeite as realidades locais, especialmente no continente africano.

A ferramenta En-ROADS, apresentada pelo BNDES, permitiu aos participantes simular cenários energéticos e climáticos, destacando que as soluções estão disponíveis, mas demandam ação coordenada entre países e alinhamento de políticas públicas.

Encerramento com compromissos concretos

Na cerimônia de encerramento, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, anunciou dois decretos que reforçam o compromisso do estado com a transição energética:

  • Incentivo fiscal para usinas térmicas que utilizam gás natural, condicionadas a investimentos em eficiência e energia limpa;
  • Regulamentação do uso do biometano na malha de gás natural do estado, promovendo uma matriz energética mais limpa e sustentável.

“O estado do Rio precisa liderar essa transformação. É aqui que ainda se concentra a produção de petróleo, mas é também daqui que surgirão as soluções para o futuro da energia, afirmou Castro.

Energy Summit 2026 confirmado

O sucesso da edição 2025 garantiu a confirmação de uma nova edição em 2026, que promete reunir ainda mais especialistas, investidores e agentes do setor energético para dar continuidade às discussões que moldam o futuro do Brasil e do mundo.

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Foto de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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