Durante o painel “De Integrador a Empresário: como escalar a sua empresa”, realizado na 5ª edição do Canal Conecta, profissionais de diferentes regiões do país compartilharam suas histórias de superação, aprendizado e transformação no mercado de energia solar.
O encontro destacou o amadurecimento do setor e trouxe reflexões sobre o papel do integrador que se torna empresário, mostrando que o crescimento sustentável depende de visão estratégica, disciplina e constante reinvenção.
Entre os participantes, empreendedores relataram desafios e conquistas que marcaram suas trajetórias — desde os primeiros projetos em pequena escala até a consolidação de empresas estruturadas, com atuação nacional.
As histórias revelaram um ponto em comum: a importância de unir propósito e gestão. Mais do que dominar a parte técnica, os líderes reforçaram que o sucesso está em construir equipes engajadas, processos sólidos e uma cultura voltada para resultados consistentes.
Da construção civil à energia solar
Diretora de Operações da Infrapartner, Cássia Pinhoh iniciou sua carreira no setor de construção de shopping centers, atuando como gerente de operações.
Em 2013, uma resolução que incentivava a substituição da iluminação convencional por LED despertou nela o olhar empreendedor. “Pensei: vou abrir uma empresa para prestar esse tipo de serviço para o grupo onde trabalhei desde os 16 anos”, relembrou.
Cássia iniciou sua jornada com a troca de sistemas de iluminação, mas em 2017, percebeu que o mercado de LED começava a se saturar e decidiu migrar para a energia solar — movimento que marcou uma nova fase da carreira.
Desde então, expandiu sua atuação, chegou a ter 250 colaboradores e executou projetos de grande porte, como o desenvolvido para a Gera, referência em qualidade. “Não foi fácil. Sempre quis estar envolvida em tudo — da gestão à inovação — buscando formas de crescer e engajar as pessoas”, contou.
Gestão e posicionamento: a escalada da Azzon Energia
Lucas Fernandes, gerente de vendas LATAM da Azzon Energia, conta que o segredo para escalar no setor para ele foi alinhar técnica e gestão. Formado em Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica, ele fundou a Azzon em 2019 com um propósito de oferecer um pós-venda diferenciado.
Mesmo enfrentando o início da pandemia no primeiro ano de operação, Lucas estruturou uma empresa que hoje soma quatro mil projetos, quatro unidades próprias, duas franquias e um centro de distribuição.
Em 2024, anunciou a fusão com uma empresa do Pará, ampliando o alcance e adicionando projetos de até 1 MW. Além dos sistemas híbridos, a Azzon passou a atuar também com armazenamento de energia (BESS), reforçando seu posicionamento em inovação e diversificação.
Fernandes destacou ainda que o crescimento sustentável exige método e análise. “Errar rápido, corrigir rápido e decidir com base em dados é o que nos permite crescer com solidez”, afirmou.
De João Pessoa ao Mercado Livre de Energia
Representando o Nordeste, Rafael Targino, diretor executivo da Reinova Energia Solar, relembrou o início desafiador da empresa em João Pessoa (PB), há dez anos. “O começo foi difícil, mas foi justamente nos tempos ruins que crescemos”, afirmou.
Hoje, a empresa é uma das marcas mais consolidadas da região, atuando em mais de mil cidades monitoradas e com presença em GD (geração distribuída) e no Mercado Livre de Energia, por meio da comercializadora Aqui Energia, fundada em 2022.
Com uma equipe interna motivada, a empresa mantém um market share de destaque na Paraíba, resultado de uma estratégia baseada em treinamento e formação de talentos.
Do lava-jato ao protagonismo solar
O baiano Augusto Rocha, fundador da Sublime Solar, emocionou o público ao contar sua trajetória de superação. Antes de chegar ao setor, trabalhava lavando carros em um lava-jato, com jornadas que começavam às seis da manhã e terminavam à noite.
“Eu lavava muitos carros por dia com o sonho de crescer”, contou ele, mencionando que a virada de chave de sua vida aconteceu em 2021, quando sua noiva, engenheira eletricista, o apresentou à energia solar.
Em pouco tempo, Augusto se destacou nas vendas, chegando a mil projetos comercializados em dois anos. Com o sucesso, fundou a Sublime Solar, que hoje soma 2,5 mil projetos realizados, estruturando-se como grupo empresarial, com as divisões Sublime Comercial e Sublime Serviços.
Gestão, propósito e inovação: a nova cara do integrador brasileiro
O painel mostrou que o futuro do setor solar está sendo construído por empreendedores que souberam transformar desafios em oportunidades e estão ajudando a profissionalizar e escalar o mercado de energia no Brasil.
As falas dos participantes deixaram evidente uma mudança de mentalidade no setor solar. Se no passado o sucesso estava em vender e instalar, hoje ele depende de gestão eficiente, inovação e visão estratégica de longo prazo.
De Cássia a Augusto, todos reforçaram que ser empresário vai além da técnica: é preciso entender de pessoas, processos, finanças e posicionamento. Como resumiu Fernandes, “empreender é um aprendizado diário — e quem se apoia em dados e propósito cresce com mais consistência”.