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Investimentos em tecnologia climática devem atingir € 600 bi anuais até 2030

Allianz Trade analisa os desafios da União Europeia para se manter na corrida por energia limpa

Autor: 5 de outubro de 2023Indicadores
5 minutos de leitura
Investimentos em tecnologia climática devem atingir € 600 bi anuais até 2030

Mundo precisa investir US$ 3,5 tri por ano em tecnologia climática para atingir net-zero. Foto: Jinko/Reprodução

Segundo relatório divulgado pela Allianz Trade, os próximos anos serão fundamentais para determinar o sucesso da transição global para o net-zero e definirão o cenário da futura economia verde.

O ClimateTech: the missing piece in the net zero puzzle, desenvolvido por economistas da empresa em parceria com a UVC Partners, Allianz X e UnternehmerTUM, apontou que a autonomia energética europeia e a meta de 55% de redução nas emissões de gases de efeito estufa até 2030 exigem um setor de tecnologia climática competitivo.

Os especialistas explicaram que isso criaria benefícios não apenas na mitigação das emissões, mas também para o crescimento econômico, já que o setor de tecnologias de energia limpa fabricadas em massa deverá atingir um valor anual de € 600 bilhões até 2030 – o triplo do seu valor atual.

No entanto, a pesquisa relatou que a posição da Europa nesse mercado emergente não pode ser considerada garantida – sem mais esforços, a Europa provavelmente perderá a corrida contra os EUA e a China.

Atualmente, a China já está liderando os investimentos em energia limpa, gastando quase € 500 bilhões em 2022, enquanto os EUA turbinaram seu financiamento em ClimateTech fornecendo centenas de bilhões de dólares para projetos relacionados a energia e clima.

Os economistas da Allianz pontuaram que o desencontro entre a realidade e as expectativas é alarmante. Para atingir suas próprias metas climáticas, a Europa precisa aumentar seus aportes anuais em tecnologia climática no valor de € 140 bilhões no setor público e € 560 bilhões no setor privado, em comparação com a última década.

O atual déficit de investimento apenas no setor energético europeu é de EUR 200 bilhões por ano, com EUR 40 bilhões e EUR 160 bilhões de financiamento público e privado, respectivamente.

“Além dos investimentos substanciais em tecnologias de energia limpa existentes e na infraestrutura geral de energia limpa, o aumento do apoio financeiro, tecnológico e regulatório para a inovação em ClimateTech ‘made in Europa’ é essencial se a União Europeia quiser manter o papel de líder climático”, disse Felipe Tanus, diretor de Crédito da Allianz Trade Brasil.

Lacunas tecnológicas

O relatório também enfatizou que o investimento não é a única coisa que está faltando, mas também tecnologias mais inovadoras. O gráfico revela que as tecnologias maduras de hoje contribuirão apenas com 25% da redução adicional de emissões de CO2 necessária, após a implementação de políticas declaradas para alcançar o cenário de desenvolvimento sustentável da IEA (Agência Internacional de Energia).

Gráfico: Allianz Trade

Gráfico: Allianz Trade

Consequentemente, mais de 75% da redução de emissões alcançável no longo prazo precisa de novas tecnologias inovadoras que estão atualmente em fases de protótipo, demonstração ou “adoção antecipada”.

A “adoção antecipada” refere-se a tecnologias para as quais alguns projetos já chegaram aos mercados. Exemplos são a energia eólica offshore, baterias de rede e bombas de calor industriais.

Exemplos de “demonstração” são a captura de carbono em fornos de cimento, amônia eletrolítica à base de hidrogênio, metanol e grandes navios elétricos a bateria de longa distância. Grandes “protótipos” incluem embarcações movidas a amônia, produção de aço à base de hidrogênio eletrolítico e captura direta de ar.

Call to Action: O que é necessário?

Conforme a Allianz Trade, embora o financiamento de start-ups e empresas de ClimateTech tenham possibilitado grandes avanços nos últimos anos, a construção de uma e, acima de tudo, indústria competitiva globalmente, o setor de ClimateTech requer ainda mais esforços, tanto do setor público e do setor privado na Europa.

Ainda que o dinheiro seja fundamental, os economistas acreditam que outras melhorias igualmente importantes devem ser postas em prática – desde a redução da burocracia até a atualização da regulamentação:

  • Agilização do financiamento (tornando-o mais fácil e menos burocrático). Solicitações demoradas, bem como extensa documentação depois que o mesmo é concedido para o desenvolvimento de start-ups;
  • Criação de uma plataforma comum da UE para acessar o financiamento público da UE e de fontes nacionais (navegação mais fácil pela infinidade de esquemas diferentes), incluindo a possibilidade de estender a cobertura para iniciativas de financiamento privado. A plataforma deve apresentar práticas recomendadas, diretrizes, troca mútua de experiências e consultoria para navegar no cenário de financiamento da UE. Por sua vez, essa plataforma reunirá percepções sobre as necessidades e os desafios das start-ups para embasar o desenvolvimento de políticas;
  • Melhorar o financiamento de longo prazo por meio de um financiamento semelhante ao que já é feito no caso do hidrogênio;
  • Obrigar a aquisição de novas soluções e serviços de ClimateTech e de serviços públicos, pois eles podem assumir riscos maiores e são os primeiros usuários dos primeiros sistemas do gênero. As licitações poderiam ser projetadas especificamente para atrair empresas de ClimateTech de última geração.
  • Os requisitos devem poder ser atendidos por startups/em escala: por exemplo, levando em conta a especialização e a novidade, além da estabilidade financeira e da experiência. As propostas também podem ser divididas em ações para permitir que empresas com menor capacidade possam participar. Elas poderiam permitir que sistemas que ainda estejam sendo testados ou em fase piloto;
  • Integrar mais start-ups e novas empresas de tecnologia no processo de formulação de políticas para moldar o ambiente regulatório e de financiamento.
Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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