“Quando entrei no setor em 1997, eu não era engenheira nem homem, então tive uma dupla barreira a superar. Eu não entendia absolutamente nada de energia, não sabia o que era kW ou MW, e aprendi ao longo de quase 30 anos de carreira”, compartilha Silla Motta, CEO da Donna Lamparina.
“Hoje, vejo que basta ter vontade de aprender, consumir conteúdos de qualidade, investir no autodesenvolvimento e fazer cursos para aprimorar capacidades técnicas, desenvolver competências intelectuais e comportamentais”, afirma ela.
Durante o episódio #121 da quarta temporada do podcast Papo Solar, transmitido na terça-feira (11), Silla Motta e Raquel Zhou, gerente geral LATAM da Chint Power estiveram presentes para discutir a representatividade feminina e as oportunidades no mercado de energia.
No Brasil, apenas 7% dos cargos de alta liderança são ocupados por mulheres, apesar disso, o setor solar tem se destacado como um dos mais inclusivos para mulheres, com cerca de 40% de participação feminina, superando até mesmo outras energias renováveis como eólica e hidrelétricas.
Raquel Zhou, compartilhou sua experiência como mulher no setor de energia, tanto no Brasil quanto na China.
Segundo ela, a participação feminina no mercado de trabalho chinês tem crescido nas últimas duas décadas, com mais de 70% das mulheres empregadas. Apesar disso, a sociedade chinesa ainda mantém fortes raízes tradicionais quanto ao papel doméstico.
“Eu já fui recusada em alguns trabalhos justamente por ser uma mulher. O setor de energia tem alguns requisitos bem diferentes dos trabalhos mais locais porque é preciso mandar pessoas para fora da China e as pessoas acham que é mais perigoso para mulheres”, explica ela.
“Hoje, os melhores comerciais que estão fazendo trabalho aqui no Brasil, a maioria são mulheres. Então a gente está provando que conseguimos fazer o trabalho até melhor, em alguns sentidos, comparado com os homens”, afirma Raquel.
Já Silla, reforça que a jornada da mulher no setor energético ainda é desafiadora. Segundo ela, as mulheres ainda precisam provar suas competências mais do que os homens, enfrentando barreiras tanto externas quanto internas e sendo questionadas sobre sua capacidade.
Ela também destacou os desafios da maternidade, que ainda é vista como um impeditivo para oportunidades. “Quando eu estava grávida da Laís, eu estava prestes a assumir uma posição de liderança e a própria diretora de RH me noticiou que eu não seria mais promovida, porque estava grávida”.
Armazenamento de energia: a nova grande aposta do setor
Além do debate sobre a representatividade feminina, o episódio também abordou um dos temas mais discutidos atualmente no setor, o armazenamento de energia.
“Também precisamos olhar para as novas oportunidades no mercado, especialmente naquelas áreas com menos concorrência. O setor de BESS (armazenamento de energia) está apenas começando no Brasil, e este ano teremos o primeiro leilão”, afirma Raquel Zhou.
“Atualmente, muitos EPCistas, integradores e até concessionárias ainda não têm experiência com essa tecnologia. Ainda há uma grande necessidade de engenheiros capacitados, que conheçam os equipamentos, saibam dimensionar corretamente, instalar e fazer a manutenção dos sistemas. Além disso, o retorno financeiro para projetos com baterias é muito melhor do que sistemas solares tradicionais”, explica ela.
“A energia solar já foi cara, a eólica já foi cara. Tudo é questão de demanda. Com a escala de produção, as baterias vão se tornar cada vez mais viáveis”, acrescenta Silla.
Mercado Livre de Energia
Sila Motta, destacou que o mercado livre de energia no Brasil está em pleno crescimento e deve se tornar uma realidade para cada vez mais consumidores, pois há projetos e regulamentações sendo discutidos para expandir o mercado para o consumidor comum.
No mercado livre, os consumidores podem negociar preços e condições com fornecedores, garantindo tarifas mais vantajosas do que no mercado cativo. Além disso, há maior previsibilidade e controle dos custos de energia.
“Em países como Portugal, os consumidores podem escolher seus fornecedores de energia da mesma forma que trocam de operadora de celular. O regulador local até informa qual fonte de energia está mais competitiva no momento”, explica Silla.
Assista ao episódio completo
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