Durante sua participação na 5ª edição do Canal Conecta, Stella Fuão, diretora C-level da EDP Smart, afirmou que o Brasil vive um momento histórico no setor elétrico, com a futura abertura do Mercado Livre de Energia para consumidores do Grupo B.
“Estamos vivendo um momento incrível no Brasil. Nunca mais na história, após a liberalização, teremos uma oportunidade igual a essa. Precisamos nos preparar muito para essa abertura — e ela não é só para alta tensão, mas também para o B2B e o B2C na baixa tensão”, afirmou.
Atualmente, apenas consumidores do Grupo A — empresas conectadas em média e alta tensão — têm acesso ao Mercado Livre de Energia, podendo escolher seu fornecedor e negociar preços e condições de contrato.
Já os consumidores do Grupo B, conectados em baixa tensão (como comércios, residências e pequenos empreendimentos), ainda estão vinculados às distribuidoras locais.
A expectativa é que essa realidade mude com a abertura gradual prevista para os próximos anos, ampliando a concorrência e transformando o relacionamento entre agentes, consumidores e reguladores.
Segundo Stella, essa transição representa uma oportunidade única que exigirá preparação, simplificação e novas formas de relacionamento com o cliente, garantindo um pós-venda sólido e confiável.
“Não adianta vender se você não consegue faturar, receber ou dar um pós-venda à altura do que o cliente vai querer. É preciso simplificar processos e entender esse novo cliente”, explicou.
Ela também reforçou que a EDP tem investido em tecnologia, parcerias e atendimento humanizado como diferenciais estratégicos, destacando que a empresa está preparada para atender uma nova base potencial de 30 milhões de consumidores.
“A EDP acredita muito nas parcerias. Estamos focados, preparados e vamos participar ativamente desse movimento. Temos 2,9 GW de geração própria entre solar, eólica e hídrica — o que nos permite oferecer energia com segurança e solidez”, completou.
Stella concluiu dizendo que o momento exige cooperação entre empresas e reguladores. “Há muita coisa ainda para ser ajustada, mas é um momento brilhante. Me sinto privilegiada por estar vivendo essa transição e empolgada para construir o futuro da energia no Brasil.”
Regulação e segurança jurídica
Durante o mesmo painel, Cláudio Junqueira, coordenador técnico-regulatório da Casa dos Ventos, destacou que a abertura do mercado livre só poderá avançar com um comando legal claro e uma política pública estruturada.
“A aprovação é importante, mas precisa vir a reboque da política pública. Os empreendedores já estão preparados há algum tempo para essa abertura — o que falta agora é um comando legal que estabeleça diretrizes e cronogramas”, pontuou.
Segundo ele, o setor já vem se estruturando tecnicamente e tem condições de acompanhar a evolução regulatória. “As empresas estão prontas. O que precisamos é dessa sinalização para que o processo ganhe ritmo. Temos dialogado com a CCEE e outros órgãos para garantir uma transição segura”, explicou.
Cláudio concluiu reforçando o otimismo com o cenário nacional. “O Brasil tem uma enorme capacidade de prospecção e está preparado para dar esse passo. Com o marco legal, o mercado encontrará seu ritmo natural de crescimento.”
Concorrência justa e relacionamento com o cliente
A discussão sobre a competição entre comercializadoras e distribuidoras também ganhou destaque. Alexandre Gomes, diretor executivo da Matriz Energia. reforçou que a competição deve acontecer “dentro das quatro linhas”, respeitando as regras do jogo.
O executivo também comparou o momento atual à abertura do mercado de telecomunicações, destacando que há espaço para empresas de diferentes portes se destacarem com excelência operacional e paixão pelo que fazem.
“O desafio é gigantesco, mas quem entregar um bom serviço e tiver excelência na entrega vai achar seu espaço. Quer competir com quem já está no jogo? Tem que ser melhor”, concluiu.
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