O setor energético, historicamente dominado por homens, tem visto uma crescente participação feminina nos últimos anos. No entanto, apesar dos avanços, as mulheres ainda representam uma parcela menor da força de trabalho no setor.
De acordo com um relatório da IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), apenas 22% dos empregos em energia convencional são ocupados por mulheres, enquanto nas energias renováveis esse número sobe para 32%.
No Brasil, essa realidade se reflete de maneira semelhante, com desafios estruturais e culturais que ainda precisam ser superados.
Cenário global e comparação com o Brasil
A pesquisa “Renewable Energy: A Gender Perspective” da IRENA aponta que, globalmente, a participação feminina no setor de energia renovável está acima da média do setor energético como um todo.
Empresas que priorizam a diversidade de gênero tendem a ter melhores desempenhos financeiros, inovação e satisfação dos funcionários, como destacado pela consultoria McKinsey em seu estudo “Diversity Wins”.
No Brasil, dados da PwC indicam que as mulheres representam cerca de 20% da força de trabalho no setor elétrico, com maior presença em áreas administrativas e regulatórias, enquanto a participação técnica e operacional ainda é reduzida.
A comparação com mercados internacionais revela que países europeus e os Estados Unidos possuem políticas mais estruturadas para a inclusão de mulheres no setor energético, com incentivos governamentais, metas de diversidade e programas específicos para a formação de lideranças femininas.
No Brasil, embora existam iniciativas nesse sentido, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar níveis semelhantes.
Setores de maior presença feminina
A participação feminina no setor energético varia conforme o segmento. Os setores que mais se destacam em inclusão são:
- Energias Renováveis: Com um ambiente mais novo e inovador, há maior presença feminina, especialmente em cargos de gestão e pesquisa.
- Distribuição de Energia: Empresas desse setor têm implementado programas de inclusão, elevando a participação de mulheres.
- Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): Há um crescimento na atuação feminina em inovação e transição energética, com destaque para áreas como hidrogênio verde e armazenamento de energia.
- Sustentabilidade e ESG: O compromisso das empresas com critérios ambientais, sociais e de governança impulsiona a presença feminina nesses departamentos.
Empresas que mais empregam mulheres no setor energético
Algumas empresas no Brasil se destacam por suas iniciativas voltadas à inclusão feminina:
- ExxonMobil: 49% dos cargos de liderança ocupados por mulheres. (Fonte)
- Eletrobras: 25% das lideranças são femininas. (Fonte)
- Neoenergia: Programa de formação de eletricistas capacitou mais de 1.000 mulheres. (Fonte)
- ENGIE: Implementa o programa “Mulheres em Campo” para aumentar a participação feminina. (Fonte)
- Statkraft: 57% da diretoria é composta por mulheres. (Fonte)
Lideranças Femininas no Setor Energético
Algumas mulheres têm desempenhado papéis fundamentais na transformação do setor energético:
- Damilola Ogunbiyi (SEforALL): Líder global na promoção do acesso universal à energia.
- Ana Amélia Campos Toni, Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Foi Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade – iCS e é Sócia-fundadora do Gestão de Interesse Público (GIP).
- Clarissa Sadock (Comerc Energia): Assumiu a presidência da Comerc Energia em janeiro de 2025, trazendo sua experiência anterior como CEO da AES Brasil.
- Rachel Maia (Grupo Mulheres do Brasil, Pacto Global): Liderança em ESG e diversidade empresarial no setor.
Iniciativas para a inclusão feminina no setor de energia
Diversas iniciativas têm surgido para apoiar a inserção e o crescimento das mulheres no setor energético:
- “Sim, Elas Existem”: Movimento que dá visibilidade às mulheres do setor e promove mentorias e networking.
- “Rede Mulheres do ACL”: Comunidade que apoia a participação feminina no Mercado Livre de Energia.
- “Mulheres do Biogás”: Incentiva a presença feminina no setor de biogás e biometano.
- “Rede Mulheres do Sol”: Atua no empoderamento feminino no setor de energia solar fotovoltaica.
- “Damas da Energia”: Grupo que promove discussões e eventos voltados para o fortalecimento da presença feminina no setor.
Desafios e perspectivas futuras
Embora avanços significativos tenham sido feitos, ainda há desafios estruturais a serem enfrentados:
- Baixa Representatividade em Cargos Técnicos e Executivos: A presença feminina ainda é menor em posições de engenharia e alta gestão.
- Falta de Políticas de Inclusão Sistêmicas: Apesar de iniciativas empresariais, o setor carece de políticas públicas mais robustas.
- Cultura Organizacional: Empresas ainda enfrentam desafios para criar ambientes mais inclusivos e equitativos.
O futuro da energia passa, inevitavelmente, pela diversidade e inclusão. A participação feminina no setor não é apenas uma questão de equidade, mas também de eficiência e inovação.
O caminho ainda é longo, mas as iniciativas e as lideranças que vêm se destacando mostram que a mudança já está em curso.
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