Apostar em energia limpa e sustentável e assumir o compromisso em reduzir as emissões de CO2. Estes estão sendo os objetivos de muitas empresas pelo mundo, que estão investindo cada vez mais em fontes renováveis.
Grandes multinacionais petrolíferas europeias, como Shell, BP e Equinor, por exemplo, já possuem ativos e realizaram aportes em pesquisa de tecnologias limpas no Brasil.
A gigante tecnológica Tesla é outra empresa que investiu no segmento de energia solar, para ajudar a fomentar o mercado de veículos elétricos.
Quem também não ficou de fora foi o Google, multinacional de serviços online e softwares, que pretende, até 2030, operar só com fontes renováveis.
Além dele, a Amazon também está investindo em energias renováveis. A empresa tem como meta operar com 80% de fonte renovável até 2024, bem como atingir um ponto de “zero líquido” de emissões de dióxido de carbono até 2040.
A partir deste cenário, o Canal Solar lista a seguir os respectivos investimentos destas empresas que estão em busca da eficiência energética.
Shell
A Shell está investindo no mercado brasileiro de energia solar, principalmente em Minas Gerais. Em abril deste ano, a petroleira registrou um pedido de outorga à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para implantar três usinas fotovoltaicas no município de Brasilândia de Minas (MG), localizado a 500 km de Belo Horizonte, batizadas de Aquarii I, II e III.
Em setembro, a Shell registrou 511 MW em novos pedidos de outorga para instalação de mais plantas solares em Minas. Com isso, a empresa soma 24 pedidos que representam 1,1 GW de potência no estado mineiro. Todas são para produção independente.
Segundo Maria Gabriela da Rocha, gerente de desenvolvimento de negócios em energia solar da Shell na América Latina, o Brasil tem um enorme potencial para negociações de contratos privados com renováveis, dado o porte do mercado livre de eletricidade local na comparação com outros países. “Lá fora as pessoas não têm o entendimento do tamanho que tem o mercado brasileiro. Já é um setor muito significativo e com muito potencial”.
Já em outubro, a petrolífera divulgou que terá uma nova estrutura para comercializar e gerar energia elétrica. A medida visa criar um modelo integrado em energia elétrica no país.
De acordo com a empresa, a estrutura já está em operação. Ela será responsável por atender a geração e o armazenamento de energias renováveis e gás natural, além de realizar a comercialização e a otimização das vendas a consumidores finais de soluções integradas de energia com a marca Shell.
BP
Em agosto deste ano, a BP anunciou que pretende reduzir 40% sua produção de petróleo e gás natural até 2030. Além disso, quer multiplicar por dez seus investimentos em baixo carbono. Para alcançar esse objetivo, a petrolífera deve expandir seus negócios em renováveis.
No mercado fotovoltaico, a atuação da BP começou há mais de três décadas. Mesmo assim, a companhia ainda busca um modelo mais adequado de se consolidar como um grande player do setor. Desde o final de 2016, quando adquiriu uma parcela da start-up Lightsource (que agora se chama Lightsource BP), os investimentos em energia solar passaram a ser realizados por essa joint-venture.
Segundo a empresa, em 2019, os investimentos da BP em baixo carbono totalizaram US$ 500 milhões. A meta para 2025 é alcançar algo entre US$ 3 e 4 bilhões e, para 2030, US$ 5 bilhões. Com esse aumento, a petrolífera almeja aumentar sua capacidade de geração de energia renovável dos atuais 2,5 GW para 50 GW em 2030.
Ainda de acordo com a BP, grande parte dessa capacidade adicional de energia gerada deve vir da Lightsource BP. Em setembro de 2019, a start-up anunciou que deve gastar US$ 8 bilhões para gerar 10 GW de energia solar já em 2023.
Equinor
Além de atuar nos setores de petróleo e gás, a norueguesa Equinor decidiu investir no segmento de fontes limpas de eletricidade como nova estratégia global, com operações de energia fotovoltaica e eólica. Como parte deste novo plano, inauguraram em 2019, no Brasil, o primeiro projeto solar da organização no mundo: a usina de Apodi, localizada na cidade de Quixeré (CE).
A petrolífera pretende investir, até 2030, cerca de US$ 15 bilhões no território brasileiro. De acordo com a organização internacional CDP, que orienta empresários e governantes em ações para redução de emissões, a Equinor está no topo do ranking das empresas de petróleo e gás mais preparadas para um futuro de baixo carbono.
A companhia, por exemplo, tem como meta para a totalidade do portfólio estar abaixo de 8 kg de CO2 por barril produzido, um número muito abaixo da média da indústria, que é de 17 kg de CO2/barril.
Os investimentos estão em expansão em energias renováveis, principalmente em projetos eólicos offshore (alto-mar) e solares. Até 2030, aportes de recursos da Equinor em novas soluções energéticas serão responsáveis por cerca de 15 a 20% do total anual de investimentos da empresa.
Tesla
Quando se fala em Tesla, logo vem à mente novidades, inovações tecnológicas, carros elétricos, mas o fato é que a empresa também tem uma divisão de produtos para desenvolvimento de energia sustentável.
Introduzido em 2016, a divisão propõe uma forma simples de instalar painéis solares ao combinar os dispositivos com telhas ou materiais de revestimento em um mesmo objeto.
Em fevereiro deste ano, Elon Musk, CEO da Tesla, anunciou a produção de painéis solares 17% mais barato e com um aumento de 10% na conversão de energia. De acordo com ele, a tecnologia também oferece um visual mais sofisticado em comparação com os geradores fotovoltaicos convencionais. O produto deve chegar finalmente ao mercado global neste ano.
Além deste produto, a Tesla revelou uma bateria para residências em que, segundo Musk, vai ajudar a mudar a infraestrutura energética de todo o mundo.
A Tesla Powerwall, de acordo com o executivo, pode armazenar energia a partir de painéis solares, da rede elétrica à noite – quando é mais econômica – e proporciona um backup seguro em caso de uma queda de energia.
“O objetivo é completar a transformação da infraestrutura de energia do mundo inteiro para conseguirmos o ‘carbono zero’ sustentável”, destacou Musk.
Segundo Sundar Pichai, CEO do Google, a empresa pretende abastecer seus data centers e escritórios usando exclusivamente eletricidade com emissão de carbono zero até 2030.
A energia solar, eólica e outras fontes renováveis foram responsáveis, por exemplo, por 61% do uso global de eletricidade por hora do Google no ano passado.
A proporção variou por local, com fontes livres de carbono atendendo a 96% das necessidades de energia por hora no data center da empresa em Oklahoma (EUA), em comparação com 3% em sua operação dependente de gás em Cingapura.
Amazon
A Amazon anunciou um novo programa de investimento que canalizará US$ 2 bilhões para startups que desenvolvem tecnologias sustentáveis em vários setores. Denominada de Climate Pledge Fund, a iniciativa irá permitir que a companhia concretize a meta de neutralizar emissões de carbono até 2040.
“O Climate Pledge Fund procurará investir nos empreendedores e inovadores visionários que estão construindo produtos e serviços para ajudar as empresas a reduzir seu impacto no carbono e operar de forma mais sustentável”, afirmou Jeff Bezos, CEO da Amazon, em comunicado à imprensa.
Além disso, já anunciou cinco novos projetos renováveis na China, Austrália e Estados Unidos. Quando concluídos, totalizando 615 MW de capacidade instalada, os projetos fornecerão cerca de 1,2 milhão de MWh de energia adicional à rede de atendimento da empresa e aos data centers da AWS (Amazon Web Services), que abastecem a Amazon e milhões de clientes em todo o mundo.
Renovável supera petróleo em valor de mercado
Pela primeira uma empresa de energia renovável superou o valor de mercado de uma companhia de petróleo. Isso ocorreu quando a empresa americana NextEra, maior geradora de energia solar e eólica no mundo, chegou a valer US$ 138,6 bilhões, superando a companhia americana de petróleo Exxon Mobil que no mesmo momento valia US$ 137,9 bilhões.
Brasil pode atingir mais de 90% de energia limpa até 2035
Para Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), devido os recursos renováveis competitivos que o Brasil possui, o país pode atingir mais de 90% de energia limpa até 2035.
Segundo ele, o país já possui atualmente uma matriz elétrica com cerca de 80% renovável e não pode estagnar nesta faixa. “Estamos bem posicionados para liderar este movimento e ser uma das potências renováveis do século XXI”, destacou.