O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) iniciou um projeto de reorganização institucional e tecnológica voltado à criação e gestão autônoma dos modelos computacionais eletroenergéticos usados no planejamento e na operação do SIN (Sistema Interligado Nacional).
A iniciativa, denominada Projeto de Redesenho Organizacional para Independência Tecnológica dos Modelos Eletroenergéticos, é conduzida em parceria com a consultoria A&M (Alvarez & Marsal) e marca um novo passo na busca por maior independência, transparência e segurança operacional, aponta o Operador.
Os modelos que sustentam cálculos de otimização, despacho, segurança e estudos elétricos e energéticos são considerados ativos críticos para a estabilidade do sistema brasileiro.
Até hoje, grande parte dessas ferramentas foi desenvolvida por terceiros ou adaptada de soluções estrangeiras, o que, de certa forma, limita a autonomia técnica e a capacidade de inovação do ONS.
Armazenamento e recursos energéticos distribuídos estão entre as prioridades do ONS
O novo programa tem duração estimada de dez meses e prevê um redesenho organizacional completo, a implementação de novos mecanismos de governança e inovação tecnológica, e a elaboração de um plano estratégico de médio prazo (três a cinco anos) para consolidar a autossuficiência do operador na criação e evolução de seus próprios modelos.
Entre as etapas previstas, o ONS vai promover consultas e reuniões com agentes setoriais, instituições de pesquisa e reguladores, com o objetivo de mapear tendências e identificar oportunidades de colaboração.
A proposta é construir um ecossistema técnico capaz de combinar competências internas, inovação colaborativa e integração com a academia e a indústria. A justificativa para o projeto vai além da eficiência operacional.
Em meio a novos desafios estruturais do setor elétrico, como o avanço das fontes renováveis intermitentes e o aumento da GD (geração distribuída), o ONS tem sido pressionado a aprimorar suas ferramentas de simulação e controle.
Recentemente, o diretor de operação do operador, Cristiano Vieira, alertou que a expansão desordenada da GD tem reduzido a carga líquida do sistema, comprometendo a capacidade de resposta do despacho e elevando o risco de apagões em horários de alta geração solar.
A ideia é que a criação de modelos próprios permitirá ao ONS simular cenários complexos, incorporar novas variáveis — como armazenamento, geração distribuída e resposta da demanda — e aumentar a previsibilidade do comportamento elétrico do sistema.
Essa modernização também deve apoiar iniciativas paralelas, como o futuro leilão de baterias e a regulação de mecanismos de curtailment, temas em discussão entre Aneel, MME e o Congresso.
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