Quando Bernardo e Luana eram crianças, viam o pai, José Wanderley Marangon, sair cedo para trabalhar com energia elétrica. Hoje, mais de 30 anos depois, os dois não só seguiram os passos do pai, como compartilham com ele a mesma paixão: o setor de energia renovável.
Neste Dia dos Pais, a celebração será à distância — Luana vive nos Estados Unidos e Bernardo está em viagem de trabalho —, mas a conexão entre eles permanece firme, fortalecida por décadas de aprendizado, carinho e projetos em comum. “O papai”, como é chamado pelos filhos, se sente realizado por ver suas “crianças” construindo suas trajetórias profissionais inspiradas na dele.
Uma história de amor pela engenharia
José Wanderley é um nome reconhecido no setor elétrico brasileiro. Formado em Engenharia Elétrica em 1979, passou por instituições como Eletrobras, ANEEL e o Ministério de Minas e Energia. Em 1993, mudou-se para Itajubá (MG), onde passou a lecionar na Unifei — universidade em que mais tarde teria dois alunos muito especiais: os próprios filhos.
“Não sei se influenciei, mas eles acabaram escolhendo engenharia. Dei aula para os dois tanto na graduação quanto na pós”, relembra o professor.
A perda da esposa, em 2004, foi um momento desafiador para a família. Na época, Bernardo finalizava a graduação e Luana dava os primeiros passos profissionais. Foi o amor pela engenharia que os manteve unidos e motivados a seguir adiante.
“Nas nossas conversas, discutíamos os rumos da energia. O Bernardo sempre teve um olhar mais voltado ao financeiro, e a Luana, mais acadêmico, como eu. Ela até deu aulas na Unifei antes de se mudar para os Estados Unidos”, conta José Wanderley.
O trio colaborou por muitos anos em projetos de pesquisa e desenvolvimento, experiência que resultou na criação de uma consultoria familiar, hoje administrada por José Wanderley e Luana — com “pitacos”, como eles dizem, de Bernardo.
Laços que atravessam gerações e fronteiras
Luana é professora de Mestrado em Energia e Meio Ambiente na Duke University, na Carolina do Norte (EUA). “Ele sempre indicava especializações e falava do potencial do setor de renováveis. Muito do que sou hoje veio dele”, afirma.
Uma das lembranças mais marcantes da infância é o presente de aniversário de 16 anos. “Ele me deu uma calculadora HP e eu achei que era uma agenda eletrônica! Ele disse: ‘Nãooo, isso aqui é uma calculadora de engenheiro. Você precisa ver que legal que é isso!’”, conta ela, rindo.
Bernardo, por sua vez, sempre gostou da área financeira, mas seguiu o conselho do pai e fez engenharia para ter base sólida em matemática. “Uma vez, com 14 anos, viajei com ele para um curso em Chavantes (SP). Estava no meio de um monte de adultos, aprendendo sobre setor elétrico. Foi muito engraçado.”
Hoje, é diretor da Exata Energia e se orgulha da carreira que construiu. “Meu pai sempre foi minha maior influência. Ele me ensinou a nunca desistir, a estudar, a me aprofundar. Essa é a maior lição que carrego comigo.”
Entre distâncias, saudades e reencontros
Durante a pandemia do Covid-19, o trio precisou manter distância física, mesmo morando próximos. “A gente se viu muito pouco, porque procuramos nos proteger. Graças a Deus, ninguém da família pegou a doença”, conta Bernardo.
Em 2024, mais uma vez, o Dia dos Pais será celebrado de forma simbólica. “Vamos nos encontrar só pelo Zoom mesmo”, brinca Luana. Mas ela guarda uma surpresa: “Avisei que vou passar dezembro no Brasil. Esse é meu presente pra ele.”
José Wanderley encerra a conversa com um sorriso no rosto e o coração cheio de orgulho. “Não sei quanto tempo de vida ainda tenho, mas posso dizer que cumpri minha missão. Ver meus filhos felizes, com suas famílias e seus caminhos bem trilhados… isso me realiza. Tenho muito orgulho dos filhos que tenho.”