Divulgado ontem (27) à noite, o Plano de Investimentos da Petrobras prevê a destinação de US$13 bilhões para iniciativas envolvendo transição energética, valor que representa cerca de 11,9% do total dos US$109 bilhões que a companhia pretende investir no período de 2026 a 2030, em torno de 1,8% a menos do que estava programado no plano anterior, que somava US$111 bilhões, entre 2025 e 2029.
Em solar, eólica onshore e o que a Petrobras classifica como “outras”, as inversões devem chegar a US$ 1,78 bilhão no novo plano, embora na versão anterior o montante indicado a essas fontes chegaria a US$ 4,3 bilhões. A estimativa atual é implantar 1,7 GW em geração elétrica, seja por meio de parcerias ou por meio de fusões e aquisições (M&A).
Para produção de hidrogênio deverão ser dedicados US$ 400 milhões, enquanto US$ 900 milhões irão para CCUS (Captura, Uso e Armazenamento de Carbono, na sigla e em inglês), Corporate Venture Capital e “outros”.
Especificamente sobre hidrogênio de baixa emissão de carbono, há prioridade inicial em projetos piloto e plantas de menor escala. Um exemplo é a planta piloto no Rio Grande do Norte, com 2 MW de eletrólise e início previsto para 2026.
O plano aponta que o hidrogênio pode servir tanto para suprir demandas próprias de descarbonização quanto para futuras aplicações industriais e logísticas, conforme o mercado brasileiro evolua no campo regulatório e tecnológico.
Biocombustíveis e biorrefino
Na parte de descarbonização, envolvendo emissões operacionais, a empresa contabiliza US$ 4,3 bilhões, enquanto que em bioprodutos há projeção de aportes de US$ 2,2 bilhões para etanol, US$ 1,5 bilhão em biorrefino e mais US$ 1,1 bilhão para biodiesel e biometano.
Além destes montantes, ainda consta previsão de US$ 1,2 bilhão destinado à PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) envolvendo projetos de baixo carbono.
A estratégia da estatal inclui parcerias, adaptação de refinarias e implantação de unidades dedicadas à produção de combustíveis renováveis. No biodiesel e biometano, por exemplo, a companhia destaca sinergias com sua infraestrutura atual e a possibilidade de atender demandas crescentes da indústria e do transporte pesado, além da oportunidade de reduzir importações de gás natural ao ampliar a oferta do biometano .
O plano também aponta oportunidades no etanol, especialmente por causa do avanço do mandato de mistura e do potencial de produção nacional. A Petrobras projeta ganhos ao atuar por meio de participações minoritárias em empresas líderes, reduzindo riscos na entrada do segmento e acelerando o acesso ao mercado.
Além disso, considera o etanol como insumo estratégico para combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). Em paralelo, menciona modelos de negócios voltados à logística reversa, fornecimento direto e integração com tecnologias de captura de carbono.
A abordagem para biorrefino inclui tanto projetos de coprocessamento nas refinarias já existentes quanto a construção de plantas dedicadas. O plano lista unidades como RPBC e Boaventura, com entrada prevista a partir de 2029, destinadas à produção de bioquerosene de aviação e diesel renovável.
Transição gradual
A Petrobras afirma que a integração entre refinarias e biomassa permitirá oferecer produtos de menor pegada de carbono e ampliar sua atuação em segmentos ainda difíceis de eletrificar, como aviação e navegação.
A Petrobras justifica esse conjunto de iniciativas como parte de um movimento de adaptação gradual ao cenário de transição energética. Sem alterar sua posição de empresa integrada de óleo e gás, observa, a ideia é buscar ampliar presença em segmentos de energias renováveis, combustíveis de menor emissão e tecnologias de descarbonização, estruturando um portfólio mais diversificado para os próximos anos.
Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.