Renováveis atingem 3,1 TW de capacidade instalada em 2021

Estudo alerta, no entanto, que o setor precisa de mais estímulos para atingir o net zero até 2050
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Renováveis ​​geraram 28,3% da eletricidade global em 2021. Foto: Reprodução

Apesar das interrupções na cadeia de suprimentos, atrasos no envio e aumento dos preços para componentes de energia eólica e solar, as renováveis cresceram 17% em 2021. É o que apontou o Renewables 2022 Global Status Report (GSR), realizado pela REN21.

Foram 314 GW de capacidade adicional no ano passado – totalizando 3,1 TW. “Entretanto, isso está longe da implantação necessária para manter o mundo no caminho certo para atingir zero emissões líquidas até 2050”, alertou o estudo.

Durante 2021, a China se tornou o primeiro país a superar 1 TW – registrando acréscimo de 136 GW, o que corresponde a cerca de 43% das adições globais. No final do ano, pelo menos 22 países tinham mais de 10 GW de capacidade renovável não hidrelétrica, acima de nove países em 2011.

Ademais, as renováveis ​​geraram 28,3% da eletricidade global em 2021, similar para os níveis de 2020 (28,5%) e acima de 20,4% em 2011. Mesmo com o progresso das fontes limpas ​, o aumento da demanda de energia foi atendida principalmente com combustível fóssil.

De acordo com o relatório, tal fator resultou no maior aumento nas emissões de dióxido de carbono na história – mais de 2 bilhões de toneladas em todo o mundo.

“Embora muitos outros governos tenham se comprometido a zero emissões líquidas de gases de efeito estufa em 2021, a realidade é que, em resposta à crise energética, a maioria dos países voltou a buscar novas fontes de combustíveis fósseis e a queimar ainda mais carvão, petróleo e gás natural”, disse Rana Adib, diretor-executivo da REN21.

“No entanto, a resposta à crise e os objetivos climáticos não devem estar em conflito. As renováveis ​​são as mais acessíveis e a melhor solução para enfrentar as flutuações dos preços da energia”, destacou.

Para Adib, é preciso aumentar a quota de energias renováveis ​​e torná-las uma prioridade da política econômica e industrial. “Não podemos combater um incêndio com mais fogo. Elas ​​oferecem a oportunidade de maior justiça e autonomia energética”.

O GSR documentou ainda que as ameaças russas de interromper as exportações críticas de gás natural e petróleo, principalmente para a Europa, destacaram a urgência da transição para as energias renováveis.

“Apesar dos compromissos renovados com a ação climática, os governos ainda optaram por fornecer subsídios para a produção de combustíveis fósseis e usá-los como primeira escolha para mitigar os efeitos da crise energética”, relataram.

Entre 2018 e 2020, os governos gastaram US$ 18 trilhões – 7% do PIB global em 2020 – em subsídios a combustíveis fósseis, em alguns casos reduzindo o apoio a renováveis ​​(como na Índia).

Esta tendência, na visão do especialista, revela uma lacuna preocupante entre ambição e ação. Também ignora as muitas oportunidades e benefícios da transição para uma economia e sociedade de base renovável.

“Em vez de colocar as energias renováveis ​​em segundo plano e depender de subsídios aos combustíveis fósseis para reduzir as contas de energia, os governos devem financiar diretamente a instalação de fontes limpas. No final, o caminho das renováveis ​​sairá mais barato, apesar do investimento inicial”, comentou.

Arthouros Zervos, presidente da REN21, pede metas e planos de curto e longo prazo para mudar para energia renovável, juntamente com prazos finais para combustíveis fósseis.

Já Teresa Ribera, vice-presidente da Espanha e ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, enfatizou que “a transição energética é a nossa salvação”.

Segundo ela, as renováveis permitirão modelos de negócios inovadores, transformam cadeias de valor, redistribuem o poder econômico e moldam a governança de maneiras novas e mais centradas nas pessoas.

“Com os investimentos certos em tecnologia, as energias renováveis ​​são as únicas fontes de energia que oferecem a todos os países do mundo uma chance de maior
autonomia energética e segurança”, concluiu.

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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