Saiba como os painéis solares se comportam nas baixas temperaturas

Entenda os efeitos da temperatura na produção de energia dos módulos fotovoltaicos
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02-08-21-canal-solar-Saiba como os painéis solares se comportam nas baixas temperaturas

A forte massa de ar polar que chegou ao Brasil causou uma queda histórica nas temperaturas de todas as regiões nos últimos dias. Na sexta-feira (30), por exemplo, a capital paulista registrou 4,3 °C, na Zona Norte, às 6 horas – considerada a menor dos últimos cinco anos.

Além disso, diversas cidades no Sul registraram até neve e chuva congelada, que é quando as gotículas de água se congelam ao deixar a nuvem mas se derretem ao tocarem o chão.

Em meio a este cenário, a dúvida que fica no setor solar é como os painéis se comportam quando tais fenômenos meteorológicos atingem o país. Fernando Castro, gerente nacional da JA Solar Brasil, comentou sobre o assunto e discorreu a respeito da resistência dos módulos fotovoltaicos às baixas temperaturas.

“Na folha de dados você pode descobrir que a temperatura de operação do painel é de -40 ℃ a +85 ℃. No nordeste da China, pode ocorrer até -30 ℃ ou menos no inverno, e ainda assim a placa pode funcionar muito bem”, destacou. 

Segundo Castro, com relação à carga máxima de neve, a mesma é de ​​5400 Pa na frente do módulo, e a carga máxima do vento é de 5400 Pa na frente e 2400 Pa na parte traseira. Já a carga mecânica dinâmica é de 1000 Pa com 1000 ciclos.

“Para baixas temperaturas, os painéis passam pelo teste TC200, com 200 ciclos térmicos de resfriamento e aquecimento (de -40 ℃ a 85 ℃). Ademais, passam também pelo teste HF10, com 10 ciclos de congelamento úmido (-40 ℃ a 85 ℃, com 85% de umidade)”, relatou.

“A propósito, se os clientes usarem módulos bifaciais no lugar do padrão, encontrarão um fenômeno interessante no dia de neve. Ela derreterá mais rápido na parte frontal do bifacial do que no convencional”, exemplificou. 

Isso porque, de acordo com o especialista, enquanto a frente da placa estiver coberta por neve, a parte traseira ainda receberá alguma luz e produzirá um pouco de calor, fazendo a neve derreter – o que pode ser uma vantagem extra.

Prós e contras do frio

Segundo Ricardo Rizzotto, proprietário da EOS Solar, a princípio, o frio acaba sendo algo benéfico para os sistemas fotovoltaicos, pois os módulos possuem um coeficiente de temperatura que proporciona aumento da potência de saída, além do melhor resfriamento dos inversores, que eleva sua vida útil.

Porém, para ele, a questão principal dessa massa de ar polar, principalmente para quem mora na região Sul, são as geadas, que acabam cobrindo as placas e os telhados com gelo. “Isso aumenta muito os riscos dos colaboradores em questão de deslizes, podendo ocasionar quedas, bem como atrasar o início das obras”.

Neve cobriu painéis solares no Sul do Brasil

“Trazendo a experiência de quem já trabalhou na instalação, posso dizer que o frio traz mais incômodo que o calor. O inverno é bem puxado para quem trabalha no telhado. Afeta bastante a rotina do pessoal, que necessita estar muito bem protegido”, disse. 

“Mesmo assim, é difícil proteger as extremidades, como pés e mãos, devido aos EPIs (equipamento de proteção individual), e ter firmeza e sensibilidade para fazer conexões elétricas, apertar parafusos e decapar fios”, acrescentou.

Outro ponto enfatizado por Rizzotto é que com o frio intenso as placas podem ganhar até 20% de tensão a mais e isso, consequentemente, pode desligar o sistema ou até danificar. “Normalmente cuidamos disso nos projetos, mas tem alguns que necessitam de strings maiores, que poderão apresentar este problema”.

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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