A partir de 1º de agosto de 2025, todas as importações provenientes da Índia passarão a ser taxadas com uma tarifa de 25%, conforme anunciado por Donald Trump, presidente americano, em sua rede social.
A decisão, segundo estudo da PV Tech Market Research, levanta preocupações imediatas entre analistas e empresas da cadeia fotovoltaica dos Estados Unidos, em um momento em que o país tenta acelerar sua transição energética e reduzir sua dependência da China no fornecimento de componentes solares.
Nos últimos anos, a Índia consolidou sua posição como um fornecedor estratégico de células e módulos fotovoltaicos para o mercado norte-americano, em meio a uma reconfiguração das cadeias globais de suprimentos.
Impulsionado por investimentos robustos em infraestrutura industrial e incentivos governamentais locais, o país tem expandido sua capacidade de produção solar.
Fabricantes como Waaree, Vikram Solar e Premier Energies vêm ampliando sua presença no cenário internacional, tanto por meio do aumento das exportações quanto pela instalação de fábricas nos próprios Estados Unidos, com o objetivo de atender à crescente demanda do setor solar norte-americano.
Esse movimento ocorre em um contexto de endurecimento das regras comerciais impostas pelos EUA, sobretudo após a implementação das diretrizes da chamada FEOC (Entidade Estrangeira de Preocupação), parte do pacote legislativo da Inflation Reduction Act.
A norma impede que projetos de geração solar que utilizem componentes fabricados por empresas associadas a governos considerados adversários com destaque para a China, se qualifiquem para incentivos fiscais federais.
Dessa forma, a Índia passou a ser vista como uma alternativa viável e estratégica à liderança chinesa na cadeia fotovoltaica, uma vez que consegue oferecer escala, qualidade e, até então, condições comerciais competitivas para o fornecimento de equipamentos solares aos Estados Unidos.
Segundo dados do estudo, as exportações indianas de módulos solares para os EUA ultrapassaram 8 GW em 2024, impulsionadas por fabricantes como Waaree Energies, que também passou a operar unidades produtivas em solo americano.
No entanto, a nova tarifa deve reduzir a competitividade do produto indiano, encarecendo seu custo final para os integradores e desenvolvedores norte-americanos.
A medida ocorre em meio a um cenário já pressionado por políticas comerciais rigorosas. Produtos de países do sudeste asiático, utilizados como alternativa aos insumos chineses, estão sujeitos a tarifas AD/CVD (antidumping e compensatória).
O departamento de comércio norte-americano, anunciou também novas investigações sobre a possibilidade de aplicação de tarifas AD/CVD a importações de módulos vindos de Índia, Laos e Indonésia.
Caso as tarifas sejam implementadas, a Índia perderia ainda mais espaço como fornecedora estratégica para o mercado norte-americano.
Impacto no mercado
A combinação de barreiras comerciais pode representar um desafio adicional à expansão de energia solar nos Estados Unidos, elevando custos para instaladores e e limitando a disponibilidade de equipamentos no curto prazo.
Fabricantes como a Premier Energies já vinham alertando para a importância da Índia como peça-chave na reorganização das cadeias globais de fornecimento fotovoltaico.
O impacto da medida, segundo o estudo, será acompanhado de perto por desenvolvedores e integradores, especialmente os que dependem de suprimentos isentos de tarifas para garantir competitividade em projetos beneficiados pelos créditos da IRA (Inflation Reduction Act).
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