O acionamento mais intenso de termelétricas a combustíveis fósseis em 2024 levou a um aumento relevante das emissões de GEE (gases de efeito estufa) no país. É o que aponta estudo divulgado nesta semana pelo IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente).
O levantamento analisou as emissões de 67 usinas conectadas ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Em 2024, essas unidades geraram 74,4 TWh, volume 17% superior ao registrado no ano anterior.
Cinco empreendimentos responderam por mais de 40% da geração termelétrica mapeada no estudo: Parnaíba I e Parnaíba V (MA), com 4,4 TWh (11,1%); Mauá 3 (AM), com 3,6 TWh (9,1%); Marlim Azul (RJ), com 2,9 TWh (7,4%); Termorio (RJ), com 2,7 TWh (6,7%); e Parnaíba II (MA), com 2,4 TWh (6,0%).
Sob a ótica ambiental, as usinas inventariadas emitiram 23,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO₂e), alta de 29% na comparação com 2023.
A UTE Pampa Sul (RS) foi a maior emissora do ano, concentrando 11% do total, com 2,5 milhões de tCO₂e. Na sequência, aparecem Jorge Lacerda IV (SC), Parnaíba I e V (MA), Candiota III (RS) e Mauá 3 (AM), evidenciando o peso das usinas a carvão e a gás no perfil emissor do parque térmico.
Em termos empresariais, cinco grupos concentraram cerca de 67% da geração inventariada: Eneva (21,7%), Petrobras (17,8%), Eletrobras (11,9%), Fram Capital (10%) e EDF (5,6%).
A geração termelétrica fóssil em 2024 esteve concentrada territorialmente em poucos estados. Rio de Janeiro, Maranhão, Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul responderam conjuntamente por 88% da geração fóssil nacional.
O Rio de Janeiro destacou-se como o maior emissor estadual, concentrando cerca de 23% das emissões inventariadas, o equivalente a 5,3 milhões de tCO₂e.
Solar lidera novas usinas, enquanto termelétricas concentram maior potência instalada no ano
Segundo Raissa Gomes, pesquisadora do IEMA e coordenadora do estudo, os dados reforçam o desafio estrutural do setor elétrico brasileiro.
“Os dados do inventário mostram que, mesmo em um contexto de forte expansão das renováveis, o despacho fóssil seguiu acionado. É fundamental construir caminhos que reduzam gradualmente a dependência dessas fontes fósseis de geração de energia, permitindo que o sistema renovável assuma um papel central, alinhado às metas de redução de emissões do país e à segurança do suprimento”, afirmou.
Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.