O Ceará vem sendo um dos estados brasileiros com maior procura de empresas para construção de usinas de hidrogênio verde.
Até o momento, ao menos 17 companhias já foram atrás da região nordestina buscando acordos para instalação dos projetos que, somados, poderão capitalizar mais de R$ 100 bilhões em 20 anos.
No início do mês, o governo cearense saiu na frente dos outros estados ao publicar a primeira resolução para licenciamento ambiental de usinas de hidrogênio verde do país.
Um grupo de trabalho, inclusive, foi montado para aprimorar a resolução, de modo a definir critérios e parâmetros para obtenção das autorizações pelos investidores.
Ao Canal Solar, Artur Bruno, Secretário de Meio Ambiente do Ceará, explica que o Estado busca, com o fomento dessa nova tecnologia, reduzir pela metade a emissão de gases do efeito estufa em 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050.
“Estamos priorizando as energias limpas e, para isso, num primeiro momento, aumentamos os investimentos em usinas eólicas e solares. Agora, a nossa total prioridade está no fomento do hidrogênio verde. Já são 17 empresas e a maioria delas são multinacionais”, esclarece.
O secretário destaca ainda que o acordo com as empresas permitirá que as companhias invistam recursos na produção e na comercialização da fonte, utilizando a energia solar para sua fabricação.
“Temos o complexo portuário de Pecém, temos o atrativo de uma zona de processamento de exportação, além da resolução que trata do licenciamento e dos investimentos do hidrogênio verde no Estado. Com certeza, muitos investimentos ainda virão pela frente”, ressalta.
Investidores
No começo deste mês, as empresas brasileiras BI Energia, Cactus Energia Verde e Uruquê Energias Renováveis assinaram memorandos de entendimento para desenvolver projetos relacionados à produção de hidrogênio verde no Ceará.
Ao todo, estão previstos mais de R$ 26 bilhões para construção de três projetos: um complexo de geração de energia solar fotovoltaica, um parque um eólico offshore é uma planta de eletrólise no futuro hub de hidrogênio verde na ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do Porto do Pecém.
Nesta segunda-feira (21), foi a vez da Qair – uma produtora francesa de energia – também mostrar interesse. A multinacional informou ao Valor Econômico que estuda ampliar a sua carteira de projetos de parques eólicos e solares para produção de energia, visando ao abastecimento de duas unidades de hidrogênio verde que avalia construir, sendo uma delas nos arredores do Porto do Pecém (CE).
Atuando no Brasil desde 2017, a Qair foi uma das primeiras empresas a iniciar estudos para produção de hidrogênio verde no país, em maio do ano passado, em Pernambuco e Ceará.
Energia solar
A Qair também pretende construir um parque solar de 440 MW, no município de Icó (CE). A companhia quer começar as obras ainda em 2022 e iniciar a operação comercial do empreendimento no final de 2023.
A maior parte da energia gerada pela unidade será destinada à comercialização no mercado livre. O investimento estimado para construção do espaço é de cerca de R$ 1,9 bilhão, com recursos que virão de bancos nacionais.
Desde de sua chegada ao território nacional, a Qair já investiu cerca de R$ 2,7 bilhões em quatro projetos de energia eólica e solar, com 600 MW no total, nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Com o novo investimento, a empresa ultrapassará a capacidade de 1 GW no país.