O Ministro de Minas e Energia anunciou nova usina nuclear no Brasil até 2031 como alternativa de geração energética sem emissão de gases poluentes. Mas o projeto gera debates sobre novos investimentos em energias mais limpas, como a solar fotovoltaica.
Esta usina pode se tornar a quarta nuclear no Brasil, que já possui a Angra 1, Angra 2 e Angra 3 – que está em construção e deve ser entregue em até seis anos.
“Além da conclusão de Angra 3, em 2026 ou 2027, está prevista no plano uma nova usina nuclear no Brasil. Para isso, o Ministério de Minas e Energia, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) já deram início a estudos complementares para novos sítios nucleares no Brasil”, disse o ministro Bento de Albuquerque, em vídeo, na abertura da reunião anual da Abdan (Associação Brasileira para Atividades Nucleares).
Albuquerque já havia determinado a inclusão de mais 8 a 10 GW de energia nuclear no Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050), mas o prazo de 30 anos causava apreensão em agentes do setor. “O PNE 2050 é um indicador, mas, para investidores, 50 anos é um prazo longo demais. Já o PDE 2031 é um plano para a obra entrar em execução, é uma ordem do governo para que aconteça”, disse o presidente da Abdan, Celso Cunha.
O governo estuda as possibilidades de regiões para a instalação da nova usina. Entre os prováveis locais está a cidade de Itacuruba (PE), indicada pela Eletronuclear, em 2011, como o melhor lugar para a finalidade. Isso por causa da baixa densidade populacional e da proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores.
Luiz Piauhylino Filho, CEO da Sunlution e especialista em geração de energia solar flutuante, questiona o projeto e sua possível localização. “Acho que devemos explorar os potenciais das energias renováveis do Nordeste ao invés de instalar uma usina nuclear em Pernambuco, que vai demandar mais água do Rio São Francisco”.
De acordo com Piauhylino, existem outras alternativas. “Usando apenas 1% do reservatório de Sobradinho, podemos instalar 3 GWp de geração solar flutuante. E se usarmos 10% de todos os reservatórios das hidrelétricas da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), podemos instalar 54 GW de geração solar flutuante.
José Wanderley Marangon, doutor em Engenharia Elétrica pela UFRJ e ex-integrante do grupo que elaborou o Novo Modelo Elétrico Brasileiro no MME (Ministério de Minas e Energia), lembra ainda das outras adversidades em torno da produção nuclear.
“O problema é que a energia nuclear traz o inconveniente do lixo atômico. Ou seja, muita energia nuclear você tem aí que é o custo de armazenar esse lixo. Fora o receio que paira sobre a insegurança com o risco de contaminação”.
Ao mesmo tempo, no entanto, Marangon declara que a atual situação de crise climática impõe decisões custosas. “Na velocidade que se quer uma transição energética para acabar com o carvão e os combustíveis fósseis, temos que ter a energia nuclear, ou vamos ter problemas”. Ele explica que, ainda que as fontes de energias renováveis sejam melhores, elas não serão o suficiente para para atender toda a demanda energética do planeta.
O engenheiro cita a urgência da transição exposta pela COP26, que prevê sérias consequências ambientais e sociais caso a temperatura do planeta suba acima de 1,5ºC até 2100. “Estamos em uma encruzilhada, mas se queremos chegar a 2100 com esse limite, não podemos prescindir dessa energia”, pondera Marangon.
Uma resposta
Essa aposta em mais uma Usina de Fissão Nuclear é o que tem de mais atrasado e perigoso. O Brasil deveria sim desenvolver estudos e parcerias acadêmicas e tecnológicas para desenvolver Usinas de Fusão Nuclear que são muito mais limpas e menos perigosas. Os ingleses tem um projeto bem avançado. https://www.tecmundo.com.br/ciencia/207724-reino-unido-construir-1-usina-fusao-nuclear-mundo.htm