Assaí terá todas as lojas com energia renovável até o fim de 2025

Ao Canal Solar, Lucas Attademo, gerente de projetos da rede atacadista, detalhou as principais iniciativas sustentáveis da empresa
Assaí terá todas as lojas abastecidas com energia renovável até o fim de 2025
Lucas Attademo, gerente de projetos do Assaí. Foto: Divulgação

O Assaí Atacadista é uma das empresas do setor de varejo que tem intensificado seus esforços para reduzir sua pegada de carbono e avançar na transição energética de suas operações. 

Com um planejamento ambicioso, o Assaí busca atingir a marca de 100% de consumo de energia renovável até o final deste ano, priorizando fontes como solar, eólica e biomassa. 

Além da migração de suas lojas para o Mercado Livre de Energia, a companhia também investe em geração distribuída e modernização de seus sistemas de refrigeração, adotando tecnologias mais eficientes para mitigar os impactos ambientais.

Em entrevista ao Canal Solar, o gerente de projetos da companhia, Lucas Attademo, detalhou as principais iniciativas sustentáveis da empresa, que já resultaram em uma redução de 10% nas emissões de gases de efeito estufa nos escopos 1 e 2. 

Para entender a relevância desse avanço, é importante destacar que as emissões de carbono são classificadas em três categorias pelo GHG Protocol (Protocolo de Gases de Efeito Estufa), um padrão internacionalmente reconhecido para mensuração do impacto ambiental de empresas e instituições:

  • Escopo 1: emissões diretas geradas pelas operações da própria empresa, como o uso de combustíveis fósseis em frotas e processos industriais.
  • Escopo 2: emissões indiretas provenientes do consumo de energia elétrica, térmica ou vapor adquiridos de terceiros.
  • Escopo 3: emissões indiretas ao longo da cadeia de valor da organização, incluindo transporte de insumos, descarte de produtos e impacto ambiental de fornecedores e clientes.

A categorização dessas emissões permite que empresas identifiquem suas principais fontes de poluição e adotem estratégias mais eficazes para mitigá-las. 

Na entrevista, o executivo do Assaí também comentou sobre os desafios da descarbonização, os benefícios das soluções sustentáveis e os planos da rede para engajar fornecedores e parceiros na adoção de práticas ambientais responsáveis. 

Confira a entrevista completa abaixo:

Foto: Assaí Atacadista/Site/Reprodução

O Assaí reduziu em 10% as emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2. Quando a empresa decidiu intensificar seus esforços para diminuir sua pegada de carbono e quais fatores motivaram essa iniciativa?

A atuação da companhia em mudanças climáticas vem de longa data e, desde 2016, o Assaí incorpora métricas de mudanças climáticas à remuneração variável de toda sua liderança.

Assim como os demais temas na companhia, essa agenda tem evoluído. E em 2021, quando se tornou uma empresa independente, o Assaí fortaleceu sua estratégia de combate às mudanças climáticas, aprimorando suas políticas ESG. 

Ainda naquele ano, a companhia estabeleceu a meta de reduzir em 38% suas emissões de carbono até 2030, tomando como base os níveis de 2015. 

Na época, o Assaí operava cerca de um terço do número atual de lojas (hoje são 302), o que evidencia o compromisso da empresa com a redução das emissões de gases de efeito estufa, mesmo em meio à sua expansão.

Em 2024, a empresa lançou um novo posicionamento de sustentabilidade, ampliando suas diretrizes com o objetivo de impulsionar a prosperidade para todas as pessoas, que é, também, o propósito da Cia e permeia de maneira transversal toda a sua operação. 

No campo ESG, a estratégia reforça a responsabilidade e a transparência nas operações, além da busca por menor impacto ambiental, tanto internamente quanto em sua cadeia de valor.

Todas as ações na frente de ESG são estruturadas em três pilares: Operações Eficientes, Desenvolvimento de Pessoas e Comunidades e Gestão Ética e Transparente.

Quais foram as principais ações implementadas pelo Assaí até o momento para alcançar essa redução das emissões de carbono? Há alguma iniciativa que se destacou nesse processo? E quais são os próximos passos da empresa para acelerar a sua trajetória de descarbonização? Isso inclui investimentos em energia solar ou outras fontes renováveis?

Entre as iniciativas, no escopo 1, que abrange as emissões diretas da operação, 85% das emissões estão relacionadas aos gases refrigerantes utilizados na refrigeração dos balcões e climatização das lojas. 

Para mitigar esse impacto, a companhia investe continuamente na modernização de seus sistemas de refrigeração, substituindo equipamentos antigos por tecnologias que utilizam gases naturais com menor potencial de aquecimento global (GWP – Global Warming Potential). 

Atualmente, as lojas operam com sistemas refrigerantes mais eficientes, reduzindo significativamente as emissões de GEE e otimizando o consumo energético das unidades.

Já no escopo 2, que se refere ao consumo de eletricidade adquirida, o Assaí vem ampliando o uso de energia limpa em suas operações. 

Em 2016 inauguramos nossa primeira usina solar instalada no telhado de uma de nossas lojas, expandindo esse modelo para outras regiões. 

Já em 2019, iniciamos a migração para o Mercado Livre de Energia, em que priorizamos fontes renováveis, como energia eólica, solar, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Hoje, 97% das lojas já operam sob esse modelo, e a meta é atingir 100% ainda em 2025. 

Já em relação ao escopo 3, que são baseadas nas operações que não são de propriedade ou controladas diretamente pela organização, o Assaí tem um trabalho contínuo sensibilização de seus fornecedores. 

Um dos exemplos é o Prêmio Log, direcionado para os fornecedores do Assaí e suas operações de logística, que conta com uma categoria de Sustentabilidade desde 2023, e premia as operações mais eficientes e que conseguem, continuamente, reduzir o seu impacto ambiental. Na última edição do Prêmio, 80% entre os maiores fornecedores da companhia demonstraram compromisso de evolução nessa agenda.

Além da atuação no Mercado Livre de Energia, o Assaí tem planos para expandir o uso de geração distribuída ou outras soluções energéticas dentro de suas operações?

Estamos comprometidos com soluções sustentáveis e inovadoras em energia renovável, tanto para nossas operações quanto para os clientes. Atualmente, contamos com parcerias estratégicas, como a que temos com a Raízen, Flora Energia (empresa da Auren) e a Fit (empresa do Grupo Santander) para geração distribuída (GD), oferecendo energia renovável e economia na fatura de energia para os nossos clientes.

Além disso, temos estudado projetos em outras modalidades, alinhados ao nosso compromisso de consumir 100% de energia renovável em todas as lojas até o fim do ano através de modelos de autoprodução. Estamos atentos às tendências do mercado, incluindo mudanças regulatórias, infraestrutura de rede e a ampliação do acesso à energia renovável.

Seguimos investindo em parcerias e selecionando fornecedores que compartilhem dos mesmos critérios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental que norteiam nossos negócios. Nosso objetivo é não apenas atender às demandas atuais, mas também contribuir para um mercado mais eficiente e sustentável no futuro.

O uso da energia renovável é um pilar estratégico para o Assaí, e trabalhamos para garantir que todos os nossos projetos atendam aos mais altos critérios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Além do uso de energia renovável, o Assaí adota outras estratégias para reduzir sua pegada de carbono, como otimização logística ou combate ao desperdício?

Sim. Na frente de logística, por exemplo, atuamos com o incentivo à logística eficiente, considerando o cuidado com a emissão de poluentes, sobretudo os de escopo 3, isto é, de parceiros e fornecedores do Assaí. 

Também temos iniciativas para engajar nossos fornecedores a fim de estabelecer um relacionamento que contribua para a redução de emissões dos gases de efeito estufa, aprofundando-se nos resultados obtidos para elaborar diagnósticos de redução de poluentes em toda a cadeia logística.

Já na frente de combate ao desperdício, destaco nosso programa Destino Certo, o qual seleciona frutas, legumes e verduras sem valor comercial, mas em perfeito estado para consumo, doando para centenas de organizações sociais em todo o país que atendem populações vulneráveis. 

Atualmente, o programa já está presente em 94% das lojas, totalizando mais de 1.975 toneladas de resíduos orgânicos desviados de aterros via doações para instituições sociais, evitando 1.331,68 tCO2e de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O Assaí tem iniciativas para engajar fornecedores e parceiros em práticas que contribuam com o meio ambiente? Há programas voltados para incentivar cadeias produtivas mais sustentáveis?

Entre as nossas iniciativas temos o Prêmio Log, que reconhece os fornecedores com melhor desempenho logístico ao longo do ano, em diversos critérios de avaliação incluindo sustentabilidade, o qual valoriza práticas voltadas à redução de emissões de carbono na cadeia logística. 

As empresas participantes nessa categoria são avaliadas com base em critérios como o uso de combustíveis alternativos, implementação de tecnologias de otimização de rotas e condução eficiente, além da elaboração de inventários de emissões de gases de efeito estufa em um cálculo final das notas.

Além da cadeia logística, também atuamos em cadeias que oferecem maior risco de desmatamento, o que contribui para emissões de gases de efeito estufa. Desde 2016, implementamos a Política de Compra Socioambiental de Carne Bovina, que engaja nossos fornecedores no compromisso de desmatamento zero.

A rede busca certificações ou selos ambientais para validar suas práticas de sustentabilidade e consumo de energia renovável? Há novas certificações em vista?

Estamos, por três anos consecutivos, no ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial, e ainda também estamos classificados entre as empresas que têm compromisso com a gestão climática e a transparência na divulgação de emissões de carbono, intitulado Índice Carbono Eficiente (CO2 B3).  

Além disso, a companhia recebeu a classificação B no CDP (Disclosure Insight Action), um dos principais programas de medição e divulgação para gestão eficiente de riscos relacionados a emissões de carbono e mudanças climáticas pela robustez da nossa agenda.

E ainda contamos com Selo Ouro no Registro Público de Emissões do Programa Brasileiro GHG Protocol que é o mais alto nível de reconhecimento às empresas que demonstram o atendimento de todos os critérios de transparência na publicação de seus dados auditados por terceira parte. 

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Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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