Cerca de 15 companhias marítimas interromperam a navegação pela rota do Mar Vermelho por conta de ataques da milícia houthi que, em apoio ao grupo terrorista Hamas, tem impedido o trânsito de navios na região que supostamente tenham como destino Israel.
Companhias como Hapag-Lloyd, Maresk, Evergreen Line, Mediterranean Shipping Company (MSC) e CMA CGM estão entre as empresas.
Os ataques no Mar Vermelho atribuídos aos houthi, um grupo rebelde do Iêmen, têm sido uma preocupação significativa na região. Os houthi são conhecidos por realizar ataques contra navios, incluindo petroleiros, utilizando táticas como o uso de drones e mísseis.
Esses ataques no Mar Vermelho têm impacto direto nas rotas marítimas vitais para o comércio global devido à sua localização estratégica, conectando o Oceano Índico ao Mar Mediterrâneo. Além disso, a escalada de hostilidades no Mar Vermelho aumenta as tensões geopolíticas na região.
No Mar Vermelho navegam cargueiros a caminhos do Golfo do Áden e do Canal de Suez, que liga os mercados da Ásia e da Europa sem a necessidade de contornar a África. Cerca de 10% a 15% do comércio mundial passam pelo Mar Vermelho.
Uma operação mundial liderada pelos Estados Unidos e aliados busca estabelecer a segurança na região, chamada de Operação Prosperity Guardian. A gigante Maersk, inclusive, havia anunciado a retomada das atividades no Mar Vermelho após ter suspendido as operações.
No último dia 31 de dezembro, o exército dos EUA afirmou que afundou três barcos de rebeldes houthis e matou dez deles em resposta aos ataques contra um navio de uma transportadora dinamarquesa.
A marinha americana respondeu a um pedido de assistência de um cargueiro que pertence à Dinamarca que foi atacado duas vezes em 24 horas enquanto navegava no Mar Vermelho.
Após esses novos ataques, a própria dinamarquesa Maersk informou na última terça-feira (2) que decidiu novamente interromper o transporte marítimo pelo Mar Vermelho por tempo indeterminado.
Os houthis são rebeldes que controlam parte do Iêmen. Há dois meses eles vêm atacando diversos navios com foguetes e drones. Os houthis apoiam o Hamas na guerra contra Israel. Segundo os EUA, esses ataques são totalmente viabilizados pelo Irã.
Mas como tudo isso pode afetar o setor fotovoltaico no Brasil?
O Canal Solar conversou com Vinicio Jesus, do departamento comercial da Blu Logistics Brasil, para saber a resposta para essa pergunta. Segundo o especialista, haverá impacto no frete e no prazo de entrega das mercadorias.
O custo do frete no final de novembro era de US$ 2 mil a US$ 2,2 mil na rota Ásia-Brasil e está subindo para US$ 2,9 mil a US$ 3,2 mil.
Apesar dos grandes fabricantes de painéis solares utilizarem a rota direta Ásia-Brasil, que normalmente tem um transit time de 34 a 38 dias, distribuidores e importadores menores acabam optando pela rota via Europa, que tem um transit time mais longo (45-60 dias), mas um custo mais baixo.
Porém, essa diferença de custo entre as rotas tem diminuído por conta da interrupção da passagem no Canal de Suez. Sem conseguir passar pelo Canal de Suez, os navios precisam fazer a volta no Sul da África, o que aumenta o transit time em 15 a 20 dias.
O setor de solar trabalha com planejamento e uma mudança no tempo de chegada da mercadoria e nos custos do frete podem impactar os preços dos equipamentos e os prazos de grandes projetos de energia solar.
Alguns fabricantes estão optando por adiar os embarques na expectativa que as condições de navegação no Mar Vermelho se normalizem. Contudo, Jesus alerta que quem não carregar em janeiro só vai conseguir fazer o embarque em março, já que em fevereiro tem o feriado chinês.
“Como na pandemia, de julho para agosto de 2020, a gente viu uma virada de mercado. Agora a gente está vendo outra virada de mercado”, disse.
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