O Brasil é o segundo país com o maior percentual de capacidade instalada em energia renovável da América do Sul, com 78% de sua eletricidade sendo gerada por fontes com baixa ou nenhuma emissão de carbono, como solar e eólica.
O país fica à frente de nações como Uruguai (70%) e Colômbia (68%), mas fica atrás do Paraguai, que já tem 100% de sua energia produzida por fontes limpas, segundo dados do estudo “Transição Energética na América do Sul”, divulgado pela KPMG.
Nos demais países do continente, como Equador, Chile, Peru e Argentina, a participação das renováveis (embora apresente crescimento significativo no último triênio) ainda não ultrapassou os 60% da capacidade total de geração.
No caso do Paraguai, o bom desempenho ocorre devido à existência de três usinas hidrelétricas (Itaipu, Yacyretá e Acaray), responsáveis por quase a totalidade do consumo no país.
A pesquisa, que se baseia em dados de 2010 a 2022 do Instituto de Energia, destaca também que a geração de energia limpa na América do Sul registrou taxas médias de crescimento 4%, 6%, e 9% nos anos de 2020, 2021 e 2022, respectivamente.
De acordo com o levantamento, a ascensão das fontes renováveis na região foi impulsionada, principalmente, pelas políticas governamentais voltadas à diversificação da matriz energética.
As energias solar e eólica têm sido as protagonistas desse movimento, embora algumas fontes menos exploradas, como a geotérmica e a biomassa, também estejam ganhando espaço.
Entre 2010 e 2019, a capacidade de geração de energia renovável na América do Sul, incluindo a hidrelétrica, cresceu de 147 milhões de kW para 220 milhões de kW, revelam os dados da pesquisa.
Desafios
Apesar dos avanços promissores, a América do Sul enfrenta desafios importantes para acelerar ainda mais a transição energética visando atingir os objetivos do Acordo de Paris. Entre eles, a necessidade de:
- Aprimorar políticas e regulamentações para fazer um direcionamento mais claro dos mercados na direção das energias renováveis;
- Facilitar o acesso ao capital necessário para financiar projetos de energias renováveis, enfrentando questões macroeconômicas, como taxas de juros elevadas e inflação;
- Acelerar a implementação de projetos de energia renovável;
- Investir em soluções de armazenamento de energia, de modo a garantir o fornecimento contínuo de eletricidade oriunda de fontes intermitentes, como solar e eólica;
- Mitigar os impactos das energias renováveis sobre a biodiversidade;
- Facilitar a obtenção de licença social para operar, evitando assim potenciais conflitos com as comunidades locais.
“Para aproveitar plenamente esse potencial (renovável), é crucial superar as barreiras atuais e aprimorar a infraestrutura, garantir a estabilidade financeira e lidar com as questões socioeconômicas”, disse Manuel Fernandes, sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG na América do Sul.