A capacidade de sistemas de armazenamento de energia por baterias (BESS, na sigla em inglês) na Europa deve crescer seis vezes nos próximos cinco anos, alcançando 400 GWh até 2029. A projeção é da Solar Power Europe, em relatório divulgado nesta semana.
Apesar do avanço, o número está longe do necessário para garantir a flexibilidade de uma rede elétrica movida majoritariamente por fontes renováveis. Segundo especialistas, para viabilizar plenamente a transição energética, seria preciso atingir 780 GWh de capacidade até 2030.
Em 2024, o crescimento do BESS desacelerou, com expansão de apenas 15% — o equivalente a 22 GWh —, elevando o total instalado no continente para 61 GWh. Embora um terço de toda a capacidade tenha sido implantada em um único ano, o ritmo foi significativamente inferior ao registrado entre 2020 e 2023, quando as taxas anuais variaram entre 84% e 145%.
De acordo com a Solar Power Europe, a desaceleração já era esperada, devido à queda nos preços da energia e à redução de subsídios, o que afetou diretamente a instalação de sistemas solares residenciais e o armazenamento associado.
Mesmo com uma retração de 11% na demanda por baterias residenciais de pequeno porte, esse segmento ainda lidera o mercado europeu, representando 50% da capacidade instalada. No entanto, o destaque de 2024 foi o crescimento dos sistemas de grande escala, que agora somam 40% do total e compensaram a queda no setor residencial.
A expectativa é que, já neste ano, os sistemas de armazenamento em larga escala ultrapassem os residenciais, consolidando uma mudança de liderança que deve se manter nos próximos anos.
O estudo também aponta forte concentração geográfica: Alemanha, Itália e Reino Unido respondem por mais de dois terços da demanda registrada em 2024. Para destravar o potencial do armazenamento por baterias e acelerar a adoção de renováveis, será essencial ampliar essa adesão a outros países europeus.
Sem isso, a tecnologia continuará subaproveitada e poderá comprometer os objetivos climáticos da região.
Para reverter esse cenário, o relatório traz cinco recomendações prioritárias:
- Adoção de um plano de ação europeu de armazenamento de energia, com remoção de barreiras regulatórias e integração do BESS às estratégias nacionais;
- Reforma nos procedimentos de conexão à rede e na estrutura de preços, com foco em sistemas híbridos e alocação justa de custos;
- Garantia de acesso total aos mercados de eletricidade, com fluxos de receita previsíveis;
- Tornar os mercados de equilíbrio plenamente acessíveis e competitivos para sistemas de armazenamento;
- Aprimorar os padrões de medição inteligente e comunicação de dados, permitindo uma gestão eficiente da energia em tempo real.
A previsão é que sejam implantados 29,7 GWh de BESS em 2025, recuperando o ritmo com um crescimento anual de 36%. O mercado de larga escala deverá quase dobrar na Europa neste ano, compensando a estagnação do segmento atrás do medidor.
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