Entrevista: vídeo sobre a Cemig reacende debate sobre transparência das concessionárias, diz senador

Ao Canal Solar, Cleitinho Azevedo afirma que governo precisa garantir que mineiros possam investir no setor solar sem medo de mudanças repentinas nas regras do jogo
Vídeo sobre a Cemig reacende debate sobre transparência das concessionárias, diz senador
Senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). Foto: Pedro França/Agência Senado

Nos últimos dias, um vídeo publicado por um influenciador digital com criticas à Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e que foi compartilhado por figuras públicas, como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), gerou grande repercussão nas redes sociais.

No conteúdo, foi afirmado que a concessionária estaria impedindo os consumidores de gerar a própria energia com sistemas fotovoltaicos em Minas Gerais, o que foi o suficiente para retomar um intenso debate sobre os casos de inversão de fluxo de potência que já perdura há mais de um ano no Estado. 

No entanto, momentos após o vídeo se tornar viral, profissionais e veículos especializados no setor elétrico explicaram que as informações apresentadas não traziam nenhum fato novo em relação ao que já acontece na área de concessão da Cemig. 

Energia solar proibida? Entenda a verdade por trás do vídeo que viralizou

Diante da repercussão, o Canal Solar conversou com o senador para entender melhor sua visão sobre a energia solar, sua trajetória política e as razões que o levaram a divulgar o vídeo. 

Durante a conversa, Cleitinho criticou o que considera ser uma “falta de transparência das distribuidoras” e afirmou que seguirá cobrando medidas para garantir o crescimento do setor em Minas Gerais, um dos estados que lidera a geração distribuída solar no Brasil.

O senador também falou que a GD (geração distribuída) deve ser incentivada por meio de políticas públicas claras e estáveis, e que a mesma precisa urgentemente contar com o apoio da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). 

Confira abaixo a entrevista completa com o senador Cleitinho Azevedo: 

Foto: Cemig/Divulgação

Sobre sua trajetória política e envolvimento com a energia solar. Como começou o seu interesse pelo setor?

Meu interesse pela energia solar começou quando percebi que o brasileiro, principalmente o mineiro, paga uma das contas de luz mais caras do país. 

Eu sempre lutei por justiça e transparência, e vi na energia solar uma alternativa para reduzir essa dependência das grandes concessionárias. 

Além disso, Minas Gerais tem um enorme potencial para a geração distribuída, e nada mais justo do que dar ao povo o direito de gerar a própria energia sem burocracia e sem abusos das distribuidoras.

Minas Gerais é um dos estados líderes em geração distribuída no Brasil. O que o senhor acredita que pode ser feito para manter esse protagonismo? 

Para manter Minas Gerais na liderança da geração distribuída, precisamos de políticas públicas que incentivem cada vez mais o uso da energia solar. 

Isso significa desburocratizar processos, garantir um ambiente regulatório estável e combater qualquer tentativa de dificultar a expansão da geração própria. 

O governo precisa estar do lado do povo, garantindo que os mineiros possam investir no setor sem medo de mudanças repentinas nas regras do jogo.

Nesta semana, o senhor compartilhou um vídeo afirmando que a Cemig estaria impedindo consumidores de gerar a própria energia com sistemas fotovoltaicos. O que o levou a divulgar esse conteúdo?

O vídeo que compartilhei foi motivado por denúncias que recebi de cidadãos que estavam sendo impedidos de conectar seus sistemas fotovoltaicos pela Cemig. Eu sempre trabalho ouvindo a população e, quando vejo injustiça, não fico calado.

Meu papel como senador é cobrar explicações e transparência, porque o povo mineiro tem o direito de gerar sua própria energia sem entraves criados pelas concessionárias.

Após a repercussão do vídeo, surgiram esclarecimentos técnicos indicando que a informação não era totalmente precisa. Sua posição sobre o tema mudou de alguma forma?

A minha posição continua sendo a mesma: eu defendo o direito do cidadão de gerar a própria energia sem ser prejudicado por burocracias desnecessárias. 

Se houve algum detalhe técnico no vídeo que precisasse ser ajustado, o importante é que a denúncia levantou um debate essencial sobre a transparência das concessionárias. 

O foco continua sendo garantir que a população tenha o direito de produzir sua própria energia sem ser prejudicada.

Em relação a inversão de fluxo de potência, mencionada no vídeo, como o senhor vê o papel das distribuidoras e do Governo nesse processo? 

A inversão de fluxo de potência é uma questão técnica, mas o que me preocupa é que as distribuidoras estejam usando isso como desculpa para dificultar a geração distribuída. 

O governo e a Aneel precisam garantir que qualquer problema técnico seja resolvido sem impedir os consumidores de acessarem a energia solar. Se houver necessidade de investimentos na rede elétrica, isso deve ser feito sem prejudicar quem já investiu em energia limpa.

O senhor considera que há uma falta de transparência por parte das concessionárias em relação às limitações técnicas para geração distribuída? 

Sim, há uma clara falta de transparência por parte das concessionárias. Muitas vezes, elas alegam limitações técnicas sem fornecer informações detalhadas ou soluções alternativas. 

O consumidor não pode ficar refém da boa vontade das empresas, que, em muitos casos, veem a energia solar como uma ameaça ao monopólio delas. Transparência e diálogo são fundamentais para evitar abusos.

Com relação a ANEEL, como tem visto a atuação do órgão regulador nas questões envolvendo inversão de fluxo?

A ANEEL deveria atuar de forma mais rigorosa para garantir que as distribuidoras não criem barreiras desnecessárias para a geração distribuída. 

Infelizmente, em muitos casos, o órgão acaba adotando uma postura que favorece mais as concessionárias do que os consumidores. O papel da Aneel deve ser equilibrado, garantindo um ambiente justo para todos os envolvidos no setor elétrico.

Há alguma medida que o senhor pretende tomar, seja no âmbito legislativo ou em articulação com órgãos reguladores, para garantir que o crescimento da energia solar não seja prejudicado em Minas Gerais?

Sim, estou trabalhando em iniciativas para garantir que a energia solar continue crescendo em Minas e no Brasil. Vou continuar cobrando transparência das concessionárias e pressionando a Aneel para que proteja o direito do consumidor. 

Além disso, estamos estudando medidas legislativas para evitar que barreiras burocráticas impeçam o avanço da geração distribuída. O meu compromisso é com o povo, e não com os interesses das grandes empresas de energia.

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Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

Uma resposta

  1. Avisem ao Senador que a CEMIG também investe em fazendas de energia solar, logo não interessa a ela a concorrência dos clientes menores. Falta interesse da empresa em investir em ações que reduzam o problema alegado de excesso de oferta de energia. Esse tipo de aberração só acontece aqui no Brasil. Era só uma questão de tempo os grandes capitalistas fazerem de tudo para monopolizar até mesmo a geração energética solar, impedindo os cidadãos de gerarem a própria eletricidade, ao construírem grandes fazendas de captação de energia do sol para revenderem para a população.
    Qual será o próximo passo dos ricos e milionários acionistas dessas empresas nacionais e/ou multinacionais? Capitalizar e monopolizar o ar que respiramos ?

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