Nos últimos dias, um vídeo divulgado por um influenciador digital circulou amplamente nas redes sociais, afirmando que consumidores com sistemas fotovoltaicos estariam proibidos de gerar a própria energia e que a fonte solar só poderia ser utilizada entre 19h e 5h na área de concessão da Cemig.
O conteúdo gerou grande repercussão e foi compartilhado por diversas pessoas, incluindo o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos).
O tema abordado no vídeo foi a inversão de fluxo de potência, um desafio técnico relevante para o setor e tem sido motivo de debate nos últimos anos.
No entanto, as informações apresentadas não trazem nenhum fato novo em relação ao que já acontece na área de concessão da Cemig.
O Canal Solar, no seu papel de defesa da informação precisa e de qualidade, produziu essa reportagem após ter recebido uma série de relatos de consumidores que estavam dispostos a gerar a sua própria energia em Minas Gerais, mas que depois de verem o vídeo desistiram dessa decisão.
O que acontece de verdade?
Desde 2022, as concessionárias de energia tem em algumas regiões específicas limitado a possibilidade do consumidor injetar a energia gerada por seus sistemas fotovoltaicos na rede de distribuição.
Essas companhias, entre elas a Cemig, alegam que a limitação por inversão de fluxo de potência estaria ocorrendo por causa de uma sobrecarga na rede entre o período das 6h às 18h, justamente no período de geração de energia solar.
Contudo, isso não significa que os consumidores de energia solar no segmento de geração distribuída não possam mais gerar a sua própria energia.
Isso porque, a própria ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) regulamentou que as negativas por inversão de fluxo só podem ocorrer se a concessionária de energia apresentar estudos técnicos detalhados que comprovem tal violação.
Além disso, a Agência também regulamenta três situações em que a análise de inversão de fluxo pelas concessionárias de energia deve ser dispensada, por meio da Resolução Normativa nº 1.098/2024.
A primeira delas é para instalações grid zero (com ou sem baterias), a segunda para quando o sistema de microgeração distribuída se enquadrar nos critérios de gratuidade (observada a simultaneidade), e a terceira em casos de sistemas com potência inferior a 7,5 kW, os chamados fast track, conforme explica a reportagem abaixo:
O que diz a Cemig?
Procurada pela reportagem do Canal Solar, a Cemig se pronunciou sobre o tema. Confira abaixo, na íntegra, o que disse a concessionária de energia elétrica:
“A Cemig esclarece que a produção de energia via geração distribuída no modelo solar se dá no período do dia, com incidência do sol. A Cemig faz, após o pedido de conexão, uma análise se a rede local comporta a ligação de um novo ponto de geração. Nos casos em que a rede não suportar, há risco de inversão de fluxo, que é uma geração maior do que o consumo demandado.
Nessas situações, o solicitante pode armazenar a energia gerada, e utilizar no período noturno. Dessa forma, tendo em vista a segurança do sistema elétrico, a Cemig segue a determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso posto, não existe geração de ‘energia lunar’.
Entre as consequências da inversão de fluxo, destacam-se a sobrecarga nos transformadores das subestações, interrupção no fornecimento de energia, sobretensão nas redes de distribuição, redução da vida útil e danos nos equipamentos da rede elétrica, comprometendo seriamente a qualidade de fornecimento aos clientes.
Importante reforçar que a Cemig, que é líder nacional em conexões de geração solar, ligou aproximadamente 308 mil instalações à sua rede elétrica, com potência instalada de cerca de 4,3 GW. Esse número mostra o esforço da companhia, que é a responsável por conectar toda essa energia ao sistema e distribuir aos consumidores”.
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Respostas de 4
O custo e as restrições não são apenas para solar, mas para GDMM em geral, todas as formas que tenham paralelismo com a rede, ou que usem a rede. Na Alemanha, o uso das redes para solar é subsidiado 100% pelo ESTADO, quem gera em casa não paga nada, na China, Canadá e em muitos países também, aqui a opção foi privatizar, e as privadas querem LUCRAR, no Canada, a base do sistema é 100% ESTATAL, hidrogeração, termogeração, redes, e a energia deles custa muito menos, sem levar em conta impostos, (com impostos a diferença seria ainda maior), o resultado é, com aplicação da mesma tecnologia, energia para indústria custando a metade, para residencia 1/5, e esta diferença aumenta mais ainda dependendo da bandeira tarifária, no Canadá a energia é custo + taxa de remuneração para mantenimento e ampliação + P&D, aqui não, aqui investem menos que la e defendem o LUCRO da privada, o LUCRO dos acionistas, os usuários apenas pagam, e se inviabilizar que mudem a fabricação para o Canadá ou outro país, em prol da privada colhemos desinsdustrialização. E agora a solução serão as baterias, que geram enormes passivos ambientais, e que quem fabrica e vende não participará da conta da logística reversa, que baterá à porta em menos de 10 anos, (é possível até que algumas privadas passem a vender baterias, um grande negócio para quem vende). No país que é a maior potência multi energética do planeta falta sabedoria na base de competitividade nacional, para se preservar o LUCRO da privada.
É lamentável que mais uma vez a voz dada a “influencers” da Internet se sobreponha de forma negativa ao bom senso tão necessário em nosso dia a dia.
Neste caso a situação é pior, pois a informação indevida e distorcida que repercutiu foi fornecida por um profissional da área. Desejo desenfreado por clicks na Internet + irresponsabilidade, só poderia dá nisso.
Não nos esqueçamos da famigerada “Taxação do Sol”, que provocou uma enorme perda de oportunidades no setor de energia fotovoltaica, quando de forma irresponsável foi utilizada por pessoas e profissionais sem conhecimento do que falava.
É lamentável que isso continue ocorrendo.
Perfeito. A grande maioria das residências está abaixo dessa linha de corte de 7,5kWp.
Prezados, quando eu li, percebi que se tratava de uma fake news. Lamentavelmente a internet permiti a criação dessa figuras estranhas chamadas influencers. Basta que se coloque um melancia no pescoço e saia fazendo uma dança esquisita para logo em seguida aparecer um milhão de seguidores. Mas, se há uma notícia que um cientista descobriu ao algo espetacular em prol de toda a sociedade, meia dúzia de pessoas curtem ou/e compartilham. É a famosa inversão de valores. Esses programas de auditório da TV é um dos maiores propagadores.