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Como amenizar o problema da inversão de fluxo em sistemas fotovoltaicos? 

Profissionais explicam que hoje já existem soluções que conseguem auxiliar no problema de várias formas

Autor: 24 de outubro de 2023Brasil
6 minutos de leitura
Como amenizar o problema da inversão de fluxo em sistemas fotovoltaicos? 

Painel de discussão sobre inversão de fluxo e instalações seguras de sistemas zero-grid com baterias. Foto: Canal Solar

Com colaboração de Mateus Badra

A inversão de fluxo na rede de distribuição de energia elétrica ocorre quando a quantidade de energia elétrica injetada, proveniente da geração distribuída, é maior do que a demanda dos consumidores conectados nessa mesma rede, podendo ocasionar superação dos limites operacionais da rede. Um dos problemas mais comuns é o nível elevado de tensão que pode aparecer em alguns pontos do sistema. 

Neste ano, distribuidoras de energia com atuação em estados como São Paulo e Minas Gerais, começaram a emitir o orçamento de conexão com imposição de limitação de injeção de energia, sob a alegação de essa prática seria necessária para contornar os problemas que podem ser ocasionados pela inversão de fluxo de potência.

A medida causou receio no setor de energia solar, que passou a contabilizar prejuízos por conta da não aprovação dos pedidos de conexão de seus clientes. 

Recentemente, associações e entidades ligadas ao setor solar reuniram com uma dessas concessionárias – a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) – para discutir um alinhamento técnico de modo a evitar que novas reprovações ocorram. 

Porém, até o momento não se chegou a uma solução e clientes ainda continuam recebendo orçamentos de conexão com negativas devido à inversão de fluxo, impedindo que os clientes possam gerar sua própria energia, visto que as opções apresentadas pelas concessionárias para contornar essa situação, na maioria das vezes, não são viáveis. 

Para mitigar esse problema, profissionais do setor solar explicaram no primeiro painel de discussão desta edição do Canal Conecta, que a instalação de sistema de armazenamento (baterias) surge como uma solução para contornar as reprovações de projetos de geração distribuída.

Carlos Brandão, supervisor de pesquisa e desenvolvido da Sengi, explica que a energia solar com baterias, por exemplo, consegue auxiliar no problema de várias formas possíveis. 

“Na microgeração, onde o solar e o armazenamento vão atuar com a função de grid-zero, é possível aumentar a capacidade de geração de energia num sistema fotovoltaico, absorver a energia excedente na bateria e garantir, com a própria função do sistemas híbrido, a não exportação de energia para a rede. Dessa forma, não se tem o problema de reversão de fluxo num sistema de energia solar com bateria”, explicou ele. 

“Falando de minigeração, a gente consegue enxergar a aplicação do BESS (Battery Energy Storage System) também como uma solução, porque o BESS tem a capacidade de auxiliar tanto no controle de fluxo da própria concessionária como fazer serviços ancilares, desde o controle de tensão, de frequência e de potência ativa e reativa”, ressaltou. 

Edmar Moreira, engenheiro de projetos da Hitachi Energy, destacou também durante o evento que já existem tecnologias sendo estudadas para resolver a questão do fluxo de potência. 

“A Austrália tem pesquisado sobre a possibilidade de se colocar TAPs de controle automático nas redes de distribuição, porque o grande problema da inversão do fluxo de potência é o perfil de tensão ser elevado. Então, dentro do contexto australiano estão sendo feitas pesquisas para ver se economicamente isso se pagaria. Do ponto de vista de controle isso é uma solução bem interessante para que o consumidor siga tendo acesso on grid sem depender da bateria”, destacou.  

Panorama atual

Hewerton Martins, presidente do MSL (Movimento Solar Livre), entre outras questões, trouxe para o evento um panorama geral sobre quais regiões do Brasil a inversão de fluxo tem sido utilizada pelas distribuidoras como uma justificativa para negar projetos de geração distribuída. 

Segundo o executivo, além de problemas registrados na área de concessão da Cemig, em Minas Gerais, existem hoje concessionárias atuando como esse modos operantes em São Paulo, Maranhão e Rio Grande do Sul. 

“Nós tivemos na CPFL, em São Paulo, uma situação que a princípio melhorou um pouco, mas ainda temos reprovações. Acreditamos que seja apenas algo temporário. No Maranhão está muito complicado, na região da Equatorial, e na RGE, no Rio Grande do Sul.

Melhorias necessárias

Paulo Freire, proprietário da Paiol Energia, disse, por sua vez, que o Brasil ainda tem muitas questões regulatórias a serem resolvidas e que vão muito além das distribuidoras negarem os pedidos de conexão. 

Para ele, é preciso discutir questões mais relevantes e que afetam diretamente a redistribuição de energia, como melhorias nas redes de transmissão. “As subestações ligadas e em operação, precisam ter linhas de transmissão para escoar a energia gerada. Temos que preparar melhor a infraestrutura de distribuição do país para que essa energia chegue a mais consumidores”, disse ele. 

Soluções para o mercado

Adriano Pereira, engenheiro eletricista na PHB Solar, também esteve presente no evento abordando as aplicações que podem ser realizadas no Brasil. “De acordo com os problemas que estamos tendo com reprovação de projetos e a condição da inversão de fluxo, apresentamos três produtos que fazem controle de geração com relação à carga. Então, consigo fazer um grid zero com tais equipamentos”, pontuou. 

Segue, abaixo, as soluções apresentadas por Pereira em sua palestra:

  • CT-90 (transformador de corrente) – atua nos inversores monofásicos;
  • PHB120T (limitador de potência) – atua nos inversores trifásicos de até 60 kW;
  • SEC1000 (controlador de energia inteligente) – atua na gama inteira de inversores trifásicos.

Recomendações para instalações zero grid

Durante o discurso, Pereira ainda deu algumas recomendações para instalações zero grid aos profissionais do setor que estavam presentes. “Recomendamos que seja realizado o projeto junto à concessionária e que mencione os produtos (CT-90, 120T e SEC1000) no projeto junto à concessionária”. 

“Além disso, que façam o estudo para que tenham alta simultaneidade local (geração fotovoltaica/carga) e peçam a memória de massa do medidor de energia para validação da solução”, finalizou. 

Henrique Hein

Henrique Hein

Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

Um comentário

  • Geraldo Pereira Filho disse:

    Trabalhei em uma empresa de energia elétrica em MG. Na rede de distribuição haviam pequenas cgh’s que, dependendo do horário injetavam potência na subestações. Nesse momento os relés de proteção detectavam fluxo inverso e o ajuste de proteção era mudado automaticamente.
    Quanto ao fato de dizerem que os micro geradores elevam a tensão não faz sentido. Os inversores são projetados para acompanhar a variação de frequência e tensão da concessionária.

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