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Como saber se um módulo fotovoltaico é verdadeiro?

A maior parte dos consumidores nunca vai perceber que instalou módulos “falsificados” no seu telhado

Autor: 9 de novembro de 2023dezembro 21st, 2023Artigos técnicos
3 minutos de leitura
Como saber se um módulo fotovoltaico é verdadeiro?

Grandes consumidores já estão fazendo testes em campo ou em laboratório para ter certeza do que estão comprando. Foto: PVEL

Artigo publicado na 16ª edição da Revista Canal Solar

Têm circulado no mercado notícias de módulos fotovoltaicos falsificados. Independentemente da veracidade dessas notícias, é um fato que existem no mercado módulos sendo comercializados com potência inferior à especificada na etiqueta.

Ou seja, os módulos são verdadeiros, mas as etiquetas apresentam informações falsas. Talvez seja esta a grande falsificação presente no mercado. Isso é mais comum do que se imagina, mas somente agora o público consumidor e os distribuidores começaram a se aperceber desse problema.

Em nosso laboratório na Unicamp frequentemente recebemos módulos fotovoltaicos de distribuidores interessados em confirmar as características dos seus produtos importados. Felizmente, muitas vezes nós confirmamos que os produtos são bons.

Por outro lado, infelizmente, já detectamos diversas amostras de produtos com especificações inferiores às mostradas nas etiquetas. Para falar em linguagem simples, por exemplo: o produto é comercializado com uma etiqueta de 550 W, mas na verdade é um módulo de 500 W.

As empresas nos pedem sigilo sobre os resultados e, além disso, não podemos divulgar os resultados pois sempre que um fabricante tem a sua qualidade confrontada, a primeira coisa que faz é questionar a qualidade dos testes feitos no Brasil, sugerindo que nossos equipamentos estão descalibrados.

A maior parte dos consumidores nunca vai perceber que instalou módulos “falsificados” no seu telhado. Entretanto, grandes consumidores já estão fazendo testes em campo ou em laboratório para ter certeza do que estão comprando.

Construtores ou proprietários de usinas de geração distribuída ou centralizada podem realizar testes de módulos fotovoltaicos por amostragem, tanto em laboratório como em campo.

Testes em campo

Dois testes podem ser realizados no próprio local da instalação, onde os módulos são descarregados: o teste de curva I-V e o teste de eletroluminescência.

Os integradores de sistemas fotovoltaicos em geral não possuem traçadores de curva I-V, devido ao alto custo do equipamento. O equipamento para teste de eletroluminescência é ainda mais caro e esse procedimento é inviável nos sistemas de micro e minigeração.

Mesmo quando um traçador de curva I-V está disponível, o teste da curva I-V é sempre feito nas strings e nunca nos módulos individualmente. Ou seja: é muito difícil, seja por falta de equipamento ou pela dificuldade operacional, averiguar todos os módulos de uma instalação.

Normalmente, quando se deseja testar módulos individualmente (e não dentro de strings) esse tipo de teste é feito em um pequeno número de amostras de um mesmo lote, o que já pode ser suficiente para detectar anomalias.

O teste de curva I-V possui melhor precisão quando realizado em laboratório, mas sua realização em campo é recomendável, sempre que possível. Esse teste é realizado com um traçador portátil, como o mostrado na Figura 1.

Figura 1: Traçador de curva I-V portátil. Fonte: LESF/UNICAMP

O segundo teste que podemos fazer em campo é o de eletroluminescência (EL). Este é mais difícil, pois precisa ser feito à noite e requer que o módulo fotovoltaico seja energizado, o que traz um certo desafio técnico, pois um gerador de energia elétrica precisa estar disponível no local do teste.


As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Marcelo Villalva

Marcelo Villalva

Especialista em sistemas fotovoltaicos. Docente e pesquisador da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da UNICAMP. Coordenador do LESF - Laboratório de Energia e Sistemas Fotovoltaicos da UNICAMP. Autor do livro "Energia Solar Fotovoltaica - Conceitos e Aplicações".

7 comentários

  • Helcio Caiafa Rachid disse:

    Professor Marcelo.
    Tenho uma usina de 75 Kw são 250 placas de 445Wp , com 112,14Kwp de potência, estão elas todas com a cor azulada em pontos específicos e/ou nela toda.
    Fiz um grande investimento e estou muito preocupado com a situação.
    Tenho outra usina de 37 Kw com placas de 550 Kw elas as placas não apresentaram nada, o fabricante é a Amerisolar.
    Se possível gostaria de trocar algumas ideias a respeito, tenho garantia mas o representante aqui em Belo Horizonte me deu 2 anos de garantia das placas mas está conversando com a Amerisolar na China.

  • Edilson Elias disse:

    Primeiramente dizer que apreciei muito a matéria, o conteúdo é bem interessante e útil para os que trabalham no ramo como para os que não.
    acredito que essa explanação sobre os possíveis testes será bem útil para mim como para os demais. resido fora do Brazil e a falsificação de dispositivos elétricos e eletrônicos é algo “normalizado” no meu país desta feita saber como averiguar a originalidade dos Painéis fotovoltaicos será uma prática muito boa para mim.

  • Francisco filho disse:

    com certeza tudo tem que ser feito com clareza e veracidade pra todos..
    precisamos acabar com tantas fraudes e enganos , chega de sermos lesados dioturnamente..

  • Flávio Nunes disse:

    A chamada da notícia é interessante, mas na prática não auxilia, pois é descrito que os testes possuem um grande grau de dificuldade para serem realizados.

  • Laercio disse:

    a UNICAMP por ser pública, não podebse dar aonluxi de orestar este desperdiço e deixar de divulgar uma fraude que prejudica o consumidor , isso no mínimo é criminoso.

  • Danilo Araujo disse:

    Alguns inversores já tem incorporadora a função de curva I-V, facilitando a análise!

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