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Compra corporativa de energia limpa supera marca de 30 GW em 2021

Amazon foi a maior compradora, anunciando 44 PPAs externos em 9 países, totalizando 6,2 GW

Autor: 1 de fevereiro de 2022Mundo
5 minutos de leitura
Compra corporativa de energia limpa supera marca de 30 GW em 2021

Os PPAs foram anunciados publicamente por mais de 137 corporações. Foto: Envato Elements

As corporações compraram um recorde de 31,1 GW de energia limpa por meio de PPAs (Power Purchase Agreement – contratos de compra de energia) em 2021, um aumento de quase 24% em relação a 2020 de 25,1 GW, de acordo com a BNEF (BloombergNEF).

O relatório 1H 2021 Corporate Energy Market Outlook apontou que mais de dois terços dessas compras (65%) ocorreram nos Estados Unidos. No entanto, também sustentando o forte crescimento, está um aumento na atividade das maiores empresas de tecnologia, que assinaram coletivamente mais da metade dos negócios.

Os PPAs foram anunciados publicamente por mais de 137 corporações em 32 países diferentes no ano passado. “Os volumes totais assinados foram equivalentes a mais de 10% de toda a capacidade renovável adicionada globalmente no ano passado, mostrando o impacto que as promessas de sustentabilidade corporativa estão tendo na construção de eletricidade limpa”, afirmou a pesquisa.

Kyle Harrison, chefe de pesquisa de sustentabilidade da BNEF, comentou que não é mais uma questão de se a aquisição corporativa de energia limpa crescerá a cada ano, é uma questão de quanto.

“Mais corporações estão assumindo novos compromissos de sustentabilidade, os custos das renováveis ​​estão caindo e os reguladores em todo o mundo estão lentamente percebendo o fato de que a energia limpa pode ser uma bala de prata na descarbonização do setor privado”, destacou.

Destaque entre continentes

De acordo com o estudo, as Américas responderam por dois terços da atividade, com 20,3 GW de PPAs anunciados, liderados pelos EUA, com 17 GW. O PPA virtual, que funciona de forma semelhante a um hedge financeiro, continua dominando o mercado norte-americano, com 12 GW de negócios, mas as tarifas verdes com concessionárias reguladas também tiveram um ano recorde, com 3,2 GW.

A Europa viu um recorde de 8,7 GW de negócios anunciados, com destaque para Espanha e os países nórdicos. Em toda a Ásia, apenas 2 GW de PPAs foram anunciados, mas houve vários outros desenvolvimentos.
Por exemplo, a legislação para um modelo de PPA corporativo na Coreia do Sul foi introduzida em outubro de 2021, enquanto a China e o Japão registraram emissões recordes de certificados de energia limpa.

Empresas de tecnologia

As empresas de tecnologia mais uma vez foram as maiores compradoras corporativas de energia limpa em 2021. Pelo segundo ano consecutivo, a Amazon foi a maior compradora, anunciando 44 PPAs externos em nove países, totalizando 6,2 GW. Isso eleva sua capacidade total para 13,9 GW, tornando seu portfólio o 12º maior globalmente entre todos os tipos de companhias, logo à frente da EDF.

Microsoft e Meta têm o segundo maior entre as corporações, com 8,9 GW e 8 GW, respectivamente. Anteriormente, o Google detinha a coroa corporativa de eletricidade limpa, mas voltou sua atenção mais para o fornecimento de energia livre de carbono por meio de métodos fora dos PPAs.

“Os portfólios de energia renovável das grandes empresas de tecnologia agora rivalizam com os das maiores companhias de serviços públicos do mundo. As gigantes tecnológicas enfrentam uma pressão crescente dos investidores para descarbonizar e isso se reflete no aumento acentuado dos volumes de eletricidade limpa adquiridos. Os PPAs assinados em anos anteriores são insignificantes em comparação com os portfólios anunciados em 2021”, comentou Helen Dewhurst, associada sênior da BNEF.

Do outro lado da equação, a AES vendeu mais energia limpa para corporações do que qualquer outro desenvolvedor globalmente, com pouco menos de 3 GW. Dois terços disso aconteceram nos EUA, mas a carteira de negócios da AES também se estendeu ao Brasil, Panamá e Chile.

A Engie assinou mais de 2,1 GW de PPAs, incluindo um de 350 MW com a Amazon para o Parque Eólico Dundee Offshore no Reino Unido. Isso fez com que Orsted (1,3 GW), Vattenfall (0,8 GW) e NextEra (0,7 GW) também tivessem destaque em 2021.

Compromisso 100% sustentável

Os compromissos corporativos de sustentabilidade ainda são uma força motriz por trás das compras recordes de energia limpa. Cerca de 67 empresas estabeleceram uma meta RE100 em 2021, comprometendo-se a compensar 100% de sua demanda de eletricidade com renováveis, levando a campanha a 355 membros em 25 países.

Essas companhias consomem coletivamente 363 TWh de eletricidade anualmente com base em seus últimos registros – excedendo toda a geração de energia do Reino Unido no mesmo ano, segundo a BNEF.

A BloombergNEF estima que essas 355 empresas RE100 precisarão comprar 246 TWh adicionais de eletricidade limpa em 2030 para cumprir suas metas. Isso é menor que a previsão anterior – em grande parte devido à atividade dos membros titulares do RE100, que compraram um recorde de 21 TWh por meio de PPAs apenas no segundo semestre do ano passado.

Caso esse déficit seja atendido com PPAs externos, o relatório concluiu que catalisaram um adicional de 94 GW de novas construções solares e eólicas globalmente. Isso se soma aos 47 GW de PPAs já assinados pelos membros do RE100.

Leia mais: Energia solar será 40% mais barata em 2050, aponta BloombergNEF

Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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