Os conectores do tipo MC4 foram desenvolvidos pela empresa suíça Multi Contact, atualmente parte do grupo Stäubli, e logo ganharam a preferência do mercado. Vieram em substituição aos seus antecessores MC3.
Não cheguei a conhecer, mas no mercado internacional existiu também – nos meados dos anos 2000 – o Radox, muito parecido com o MC3. Ambos tinham como ponto fraco o risco de desconexão acidental.
Encontravam-se no mercado muitos tipos de conectores e não havia um padrão. Em alguns países passou a ser exigido o travamento dos conectores, impossibilitando a desconexão acidental, o que abriu espaço para o Tyco Solar Lock (hoje extinto) e o MC4, que dominaram o mercado.
Por volta de 2010, ainda era comum encontrar módulos fotovoltaicos fabricados com o Tyco Solar Lock, que durante algum tempo competiu frente a frente com o MC4. Os dois conectores eram completamente incompatíveis. Enquanto o Tyco dominou o mercado norte-americano por algum tempo, o MC4 tornou-se comum e cresceu no mercado Europeu – e posteriormente ganhou o mundo.
Embora o design original do MC4 tenha sido desenvolvido pela Stäubli Multi-Contact, grandes fabricantes desenvolveram conectores compatíveis, incluindo a própria Tyco. Com a popularidade mundial o padrão MC4 tornou-se o “bombril” do mercado fotovoltaico. Atualmente existem incontáveis fabricantes de conectores genéricos “compatíveis” com o MC4.
Os conectores MC4, genericamente falando, são empregados nos terminais positivo e negativo dos módulos fotovoltaicos. São também usados nos cabos que fazem a conexão das strings às stringboxes e dessas para os inversores.
Muitos inversores já possuem conexões elétricas no padrão MC4. A melhor prática recomenda sempre utilizar na instalação fotovoltaica conectores de mesma fabricação, mas a realidade do mercado torna isso muito difícil.
Projetistas e instaladores mais cautelosos poderiam buscar no mercado conectores da mesma marca daqueles empregados nos módulos fotovoltaicos, mas até isso tem se tornado complicado. Fabricantes de módulos que antes empregavam conectores de marcas conhecidas (como Stäubli, Tyco e Amphenol) passaram a utilizar conectores genéricos.
Em compras de grande volume ainda é possível exigir que o fabricante do módulo empregue uma marca de conector específica. Entretanto, em geral isso é muito difícil. Embora alguns fabricantes de módulos, inversores e outros equipamentos ainda possam utilizar conectores de marcas conhecidas, essa não é a regra, o que torna praticamente impossível a padronização nos projetos.
Na impossibilidade de padronizar marcas, uma alternativa seria a substituição dos conectores originais dos módulos fotovoltaicos. Além de ser onerosa, essa prática aumenta a possibilidade de falhas nos projetos devido à realização de crimpagens manuais.
Além disso, essa prática dependeria da anuência do fabricante do módulo para evitar a perda da garantia. Ainda assim, mesmo que do lado dos módulos a padronização seja efetuada, ainda existem os conectores dos outros componentes (inversores, microinversores etc), o que torna inviável a padronização.
Com a variedade de fabricantes de módulos, stringboxes, inversores, microinversores e otimizadores de potência no mercado, além dos infinitos fabricantes de conectores, é difícil garantir que todos os componentes de uma instalação empreguem a mesma marca de conector. Mas será que isso é necessário, já que os conectores são supostamente compatíveis?
Embora os conectores de diferentes fabricantes sejam aparentemente compatíveis e tenham o mesmo tipo de encaixe, podendo ser combinados de forma indiscriminada, a confiabilidade do contato elétrico não pode ser garantida.
Além do contato elétrico precário entre diferentes marcas de conectores (ou entre conectores de uma mesma marca, o que não é de se duvidar quando a qualidade é ruim) existem diferenças nos materiais empregados.
O termoplástico do conector genérico mostrado na Figura 4, por exemplo, é o polipropileno. Conectores de marcas mais conceituadas (como Stäubli e outras) empregam uma mistura de policarbonato e nylon, muito mais resistente a intempéries e de longa durabilidade.
Qual é a solução para o problema? A recomendação é procurar saber quais são os fornecedores de módulos, inversores e componentes com os quais o seu distribuidor trabalha. Procure também saber quais são os conectores usados pelos fabricantes de módulos e inversores que você vai usar no seu projeto.
Embora não seja fácil garantir a padronização, qualquer esforço nessa direção é válido. Se identificar fabricantes de módulos e inversores que notadamente empregam conectores de marcas confiáveis, considere a possibilidade de adotá-los como padrão nos seus projetos.
É um tanto estranho definir a marca do inversor ou do módulo a partir do conector que ele emprega, já que o conector é geralmente o componente mais barato e trivial presente nos equipamentos e também das instalações.
Entretanto, os melhores fabricantes certamente empregam conexões de boa qualidade (mesmo se não forem de marcas conhecidas). Finalmente, a melhor recomendação, que não é difícil seguir: fuja, a qualquer custo, dos conectores genéricos que são despejados no mercado, disponíveis em pequenos distribuidores e até nos sites de compras pela internet.
Há excelentes marcas de conectores disponíveis no mercado brasileiro e não é difícil encontrá-las nos melhores distribuidores de materiais fotovoltaicos. Se não se pode garantir a padronização, ao menos devem ser empregados conectores de marcas confiáveis, conhecidas por sua qualidade.
Uma resposta
Bom dia, parabéns excelente artigo