Cuidados com usinas FV em solo próximas às áreas de queimadas

Conheça os principais cuidados necessários para evitar que uma usina fotovoltaica seja destruída por queimadas

Tempo seco, baixa umidade do ar, pouco volume de chuva e vegetação seca são fatores que impactam diretamente no aumento de registros de queimadas no país. Estes tipos de ocorrências provocam danos e geram prejuízos aos consumidores, afetando, por exemplo, a geração e o fornecimento de energia elétrica.

Só nos meses de agosto e setembro, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 120.023 focos de incêndios em todo território brasileiro. Para evitar que queimadas danifiquem usinas fotovoltaicas em solo e provoquem impactos financeiros aos consumidores e investidores é preciso que alguns cuidados sejam tomados. É o que afirmam especialistas do setor solar.

“É importante ter na usina, uma caixa d’água de grande volume, de 15 mil a 20 mil litros, com motobomba e estruturas contra incêndio, para que, em uma anomalia dessas os operadores e responsáveis pela manutenção estejam preparados”, recomenda José Diniz Neto, gerente de projetos e engenheiro de comissionamento na Enersolar.

Além do risco de incêndio nos módulos, Diniz ainda destaca que, ao projetar uma usina próxima aos locais de mata, existe o risco de animais ameaçados pelas queimadas danificarem os equipamentos. “É possível que nesses locais, a fauna migre para a região de dentro da usina, já que a movimentação desses animais é afetada. Neste caso, os animais podem comer cabos e causar um processo de erosão nas estruturas”. 

Luiz Antony, diretor da ADX Energia do Brasil, afirma que os danos causados pelos incêndios podem ser incalculáveis. “Quando a queimada atinge uma fileira de string da usina, ela pode danificar as placas, os inversores, os cabos e a string box de forma irrecuperável. Se esse fogo não for combatido a tempo, pode até atingir locais como a guarita, a cerca patrimonial e até os transformadores”, alerta. 

Ainda segundo Antony, no Nordeste e em São Paulo, onde a cultura da cana de açúcar é forte, e nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde é comum a prática de queimadas para a renovação de pastos, é importante que os empreendedores e operadores de usinas fotovoltaicas adotem certos cuidados para tentar evitar que o fogo atinja a área do empreendimento. 

“É necessário revestir a área da usina com brita, que no caso de uso de painéis bifaciais, ajuda a potencializar a produção energética. Além disso, é preciso fazer periodicamente a capina da vegetação no interior da área da usina, mantendo sempre ela rente ao solo”, aconselha.

“O empreendedor também deve fazer aceiros durante o período de estiagem, que consiste em raspar a área da vegetação de forma que fique uma área de isolamento entre as vegetações e os limites da área da usina solar, evitando que o fogo avance para o interior da área do empreendimento. Neste caso, as distâncias variam de acordo com a altura da vegetação que se quer separar da área do empreendimento. Normalmente, se obedece à proporção de quatro vezes a altura da vegetação”, acrescenta Antony.

Sujeiras nos painéis solares

A proximidade das usinas fotovoltaicas com regiões de queimadas pode acarretar em sujeira nos módulos, por conta da fuligem liberada pelo fogo. Essa sujeira pode impactar negativamente a produtividade da planta. 

Felipe Santos, engenheiro de materiais e gerente de vendas na fabricante de módulos fotovoltaicos JA Solar, recomenda uma manutenção periódica com atenção à limpeza dos equipamentos.

“Não existe uma frequência pré-determinada para limpar os módulos, isso depende das condições climáticas da região. O indicado é realizar um monitoramento constante e preventivo”, aconselha.

“Se a usina está instalada em uma localidade em que o solo é arenoso, descoberto, com alta intensidade de ventos e até mesmo fuligem, certamente demandará menores intervalos. Essa frequência também pode ser afetada pela ocorrência de chuvas que podem substituir limpezas programadas no plano”, acrescenta Santos.

O especialista ainda recomenda que o projetista monte um plano de O&M (Operação e Manutenção) robusto, baseado em dados que visam evitar desperdício de recursos, além de otimizar os custos de operação da usina e elevar a produção. 

Imagem de Redação do Canal Solar
Redação do Canal Solar
Texto produzido pelos jornalistas do Canal Solar.

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