“Houve uma importante aceleração do interesse dos consumidores livres em contratar energia renovável por meio dos PPA’s (Power Purchase Agreement – contrato de compra e venda de energia) ou autoproduzir a energia”. Esta é a análise de Márcio Takata, diretor da Greener, empresa de consultoria e pesquisa.
De acordo com ele, essa é uma forma bastante competitiva para diversificar o portfólio de geração com fontes renováveis e agregando previsibilidade de um contrato com prazos em geral de 15 a 20 anos.
Apesar dos reflexos da pandemia da Covid-19, grandes consumidores de energia no mercado livre anunciaram a contratação da fonte solar e eólica no primeiro semestre de 2020.
Como é o caso da Braskem, empresa brasileira que atua no setor químico e petroquímico, que fechou um PPA em março com a multinacional francesa Voltalia para a compra de energia solar por 20 anos.
Já em junho, foi concluído outro acordo, desta vez com a Canadian Solar. Também com prazo de 20 anos, o contrato permitirá à Braskem a construção de uma usina no norte de Minas Gerais com capacidade de 152 MW, que poderia atender o consumo mensal de uma cidade com 430 mil habitantes. As obras estão previstas para começar em 2021.
“Temos o compromisso e o empenho com uma atuação de baixo carbono, e a busca por matrizes energéticas limpas e sustentáveis faz parte dessa jornada. Nossos contratos nos permitem a compra de energia convencional, mas optamos por investir em modelos renováveis”, disse Gustavo Checcucci, diretor de energia da Braskem.
“Atualmente, as eólicas e solares são fontes mais competitivas, o que é confirmado pelo resultado dos últimos leilões de energia nova no ambiente regulado. Acreditamos que a energia renovável continuará sendo cada vez mais competitiva no Brasil, principalmente quando analisada sob a ótica dos contratos de longo prazo, que garantem estabilidade no fornecimento e viabilizam novos investimentos”, destacou Checcucci.
Para o executivo, a principal vantagem de atuar no mercado livre de energia é a possibilidade de gerenciar seu próprio portfólio. “Além disso, a possibilidade de negociar um acordo de compra de energia conforme sua necessidade específica traz competitividade, assim como os contratos de longo prazo garantem investimentos mais consistentes para viabilizar a construção das usinas, beneficiando todos os envolvidos”.
Maior PPA solar bilateral do Brasil
Em março deste ano, a Atlas Renewable Energy e a mineradora britânica Anglo American assinaram o maior contrato venda de energia solar naquele momento no Brasil.
O contrato de aquisição, de larga escala, prevê o fornecimento de 70 MW médios de energia solar para alimentar as operações da Anglo American no país.
A usina, que a empresa desenvolverá no estado de Minas Gerais, fornecerá cerca de 9 TWh durante a vigência do contrato, que terá 15 anos e começará em 2022. A planta terá capacidade instalada de 330 MW e mais de 800 mil módulos bifaciais.
A iniciativa conta com investimentos de R$ 881 milhões e aproxima a empresa de seu objetivo de adquirir 100% de energia elétrica a partir de fontes renováveis até 2022.
O acordo também ajudará o grupo Anglo American a reduzir 30% da emissão de CO2 até 2030, conforme especificado em seu Plano de Mineração Sustentável.
De acordo com Wilfred Bruijn, CEO da Anglo American no Brasil, tal iniciativa se alinha à estratégia da empresa de criar um mix energético inteligente que a aproxima de suas metas de carbono e energia para 2030, além de ajudar a concretizar a expectativa de operar minas neutras em carbono para o fornecimento de metais e minerais de forma mais sustentável.
Além desse contrato, a Atlas Renewable Energy e a multinacional americana Dow anunciaram a assinatura de um PPA na cidade de Juazeiro (BA).
O projeto prevê a instalação de uma usina fotovoltaica que vai gerar mais de 440 GWh por ano. A planta terá mais de 450 mil módulos bifaciais e capacidade instalada de 187 MWp. Segundo a Atlas, o contrato PPA será de 15 anos, iniciando o fornecimento no primeiro semestre do ano que vem.
Previsão
Segundo a Greener, o primeiro semestre trouxe outros importantes contratos de fornecimento de energia renovável. A expectativa para os próximos semestres é de aceleração do volume de novos PPA’s de geração renovável.